O Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza) também manifestou preocupação em relação ao superendividamento de consumidores com o aumento da margem do crédito consignado. Dados de janeiro a junho deste ano, apontam aumento de 370% nesta modalidade de crédito ante igual período de 2021.
Segundo a diretora do Procon Fortaleza, Eneylândia Rabelo, a preocupação é que haja uma oferta demasiadamente agressiva de crédito, possibilitando um risco altíssimo de superendividamento das famílias.
"Há poucos meses, houve uma elevação da margem do crédito consignado, de 35% para 40% e, paralelo a isto, vimos as reclamações aumentarem no Procon Fortaleza", alertou.
Eneylândia diz que o consumidor tem o direito de pedir a revisão da dívida, caso avalie que esteja sendo vítima de juros abusivos. Sobre o perfil do consumidor do crédito consignado comenta ser impressionante a quantidade de consumidores idosos aposentados que procuram a entidade.
"Pedindo ajuda, pois comprometeram toda sua renda com o consignado, muitas vezes para atender necessidades financeiras de familiares e passando, inclusive, por situação de fome após contraírem empréstimos de crédito consignado".
A diretora ainda alerta para suspeita de que muitos aposentados estão sendo vítimas de golpes e transferências de crédito consignados sem autorização. "O Código de Defesa do Consumidor proíbe qualquer portabilidade de crédito sem anuência do contratante. Também queremos saber dos bancos quais medidas estão sendo tomadas para evitar essa prática abusiva", explicou.
Elizabethe Souza Paiva, 67, está vivendo um problema desse, pois não contratou e fizeram o consignado em sua conta. Natural do Amazonas, está residindo em Fortaleza há dois anos.
"Sou sozinha, sem filhos ou marido, era MEI, mas com a pandemia não pude mais trabalhar na minha lojinha vendendo confecção. Solicitei minha aposentadoria em 2021 e consegui. Quando foi esse ano vi que tinha um dinheiro a mais na minha conta, só tinha pedido a portabilidade entre bancos e fizeram o empréstimo", relata.
Ela continua informando que tem todos os comprovantes da devolução feita, porém continuam cobrando o valor integral da dívida. Ela está recebendo cartas e ligações constantes de escritórios de cobrança, está com advogado e acionou o Procon. "Estou só aguardando o prazo da resposta para poder voltar para o Amazonas."