A partir de segunda-feira, 5, pelo menos 15% dos bairros de Fortaleza terão sinal de internet móvel mais veloz, a partir do início da cobertura 5G. A informação foi confirmada pela Vivo, empresa com maior número de clientes no mercado de telecom cearense (45,4% de market share).
Ontem pela manhã a informação sobre a chegada do 5G a Fortaleza, Recife e Natal já havia sido antecipada pelo diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Moisés Moreira, que preside o grupo técnico responsável por aprovar a ativação do serviço, o Gaispi. Procurada, a Anatel informou que a decisão deve ser oficializada após reunião do grupo técnico prevista para hoje.
A Vivo já confirmou a presença inicial em 18 bairros. Mas, para acesso à tecnologia 5G SA (o 5G "puro") é necessário a troca de chip, disponível nas lojas da Vivo pelo País. Já a Tim não confirma a quantidade inicial, mas que será "acima do mínimo exigido pela Anatel, com alcance nos principais pontos da Cidade, e ampliação conforme demanda". A Claro não confirmou o tamanho da cobertura inicial.
Moacyr Regis, professor do Departamento de Telemática e coordenador do programa Academia Huawei no Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE), destaca que o 5G deve proporcionar uma velocidade de navegação na internet móvel cerca de 100 vezes mais veloz que o 4G, além de outros dois fatores principais.
"O primeiro, mais prático, é a menor latência, que diminui para 1 milissegundo, o que possibilita o uso de dispositivos de realidade virtual direto do celular na rua, por exemplo. O segundo ponto é a quantidade de dispositivos por km². De 4G para o 5G a capacidade aumenta em 100 vezes. Dentro de espaços em que haja uma população muito grande, como em estádios de futebol, o uso será garantido", completa.
Algumas operadoras fazem propagandas sobre o 5G desde 2020, quando ainda não se tratava do “5G puro" e sim do 5G DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro), uma espécie de transição entre a quarta e a quinta geração da rede. Essa tecnologia usa as mesmas frequências do 4G mas oferece uma velocidade maior, ainda que não chegue ao máximo do 5G.
Entre os questionamentos mais comuns do público está o relacionado à capacidade do aparelho receber o sinal e o preço dos planos. A diminuição da latência e aumento da velocidade de conexão em 100 vezes são pontos positivos enfatizados pelas operadoras.
Com relação aos planos das operadoras, a Claro informa que a adoção do 5G+ não vai exigir nenhuma alteração de contrato. Portanto, qualquer cliente da empresa com aparelho compatível e em área com cobertura pela tecnologia pode ter acesso ao 5G+ sem necessidade de mudar de plano ou de chip. E, para o cliente que quiser ampliar a franquia de dados, a Claro também lançou recentemente seu novo portfólio de planos pós-pago, a novidade conta com mais internet para navegar no 5G+.
"Hoje, a Claro já possui cerca de 50 aparelhos com acesso do 5G em seu portfólio e estimula preços mais acessíveis para o consumidor. O cliente pode ainda adquirir um smartphone nos planos pós-pagos e com opção de parcelamento a longo prazo."
O diretor de Vendas da Tim Nordeste, Bruno Talento, informa que cerca de 70% dos modelos disponíveis no portfólio das lojas Tim já suportam a rede 5G. Segundo a companhia, não será necessário trocar de chip, "basta ter um smartphone compatível com a nova tecnologia e estar numa área coberta."
"Para quem deseja experimentar a tecnologia standalone, a Tim disponibilizará um pacote para o segmento pós-pago que vai turbinar os planos com mais 50GB de internet, a partir do lançamento da tecnologia. Quem aderir à oferta em até três meses após a ativação do sinal 5G, terá gratuidade no uso do pacote por um ano", promete a Tim.
A diretora Regional da Vivo, Karina Tenório, enfatiza que a empresa vem "há anos preparando sua infraestrutura de rede, com bilhões em investimentos". A Vivo desenvolveu sua arquitetura de rede 5G junto de mais de dez parceiros globais.
Sobre os planos, a Vivo esclarece que não será necessário trocar de plano. Mas, recentemente, a empresa ampliou as franquias de internet dos planos Pós-Pagos, para "tornar a experiência com 5G mais completa".
No início do mês, durante o lançamento do 5G em São Paulo, as três principais operadoras de telefonia móvel, Claro, Tim e Vivo, somadas, tinham 8 milhões de assinantes com terminais 5G. Eram 3 milhões da Vivo, 2,6 milhões da Claro e outros 2,4 milhões da Tim. (Colaborou Beatriz Cavalcante)
No documento Mobile Economy Report 2022, emitido anualmente pela GSMA, a expectativa é de que o número de dispositivos conectados à rede 5G no mundo alcance um volume total de 1 bilhão ainda neste ano.
Marcio Fabbris, vice-presidente de marketing e vendas da Vivo, já disse que o 5G iniciará a era "pós-smartphones" por conta de sua baixa latência, confiabilidade e conexão de múltiplos dispositivos. Por isso, a empresa já olha para novos modelos de negócio, incluindo o setor de educação, saúde e financeiro, por exemplo, indo além de telecom, mas sendo um "hub de soluções digitais".
"Talvez outros dispositivos possam integrar a nossa realidade à informação que chega via 5G”, afirmou ele durante evento sobre o 5G realizado pelo Ministério das Comunicações neste mês.
De acordo com estudo da Nokia em parceria com a Omdia, o ganho de produtividade com o 5G será de até US$ 1,2 trilhão -- estimativa equivalente a 1% no PIB brasileiro por ano daqui para frente. Os setores mais positivamente impactados serão: Tecnologia, Informação e Comunicação (US 241 bilhões), Governo (US 189 bilhões), Manufatura (US 181 bilhões), Serviços (US 152 bilhões), Varejo (US 88 bilhões), Agricultura (US 77 bilhões) e Mineração (US 48,6 bilhões).
Nessa transição de tecnologias, assim como aconteceu na época da evolução do 3G para o 4G, os smartphones precisam vir com um receptor pronto para o novo sinal de fábrica, o que significa que o seu aparelho atual pode não ser compatível com a rede.
Apple, Samsung, Motorola, Xiaomi, Realme, TCL, Infinix e ASUS possuem aparelhos compatíveis com preços que vão de R$ 1.333 (Samsung A23 5G) a R$ 12.599 (Galaxy Z Fold 2 5G), de acordo com preços cotados em agosto de 2022.
CELULARES COMPATÍVEIS
É possível para o usuário acompanhar as atualizações da lista de aparelhos com tecnologia compatível com o sinal 5G no site da Anatel. Basta acessar: https://informacoes.anatel.gov.br/paineis/certificacao-de-produtos/celulares-em-5g
MUDANÇAS
O chamado 5G puro vai permitir velocidade móvel de até 1 giga por segundo (para efeito comparativo, a velocidade 4G varia entre 20 Mbps e 40 Mbps, em média). Isso significa que assistir a filmes, fazer downloads e mesmo jogar online pelo smartphone vai ser uma experiência tão cômoda quanto usar a rede wi-fi de casa, sem travamentos ou demora no carregamento.
REDE PRIVADA
Em 2021, o Governo Federal incluiu no leilão do 5G a exigência da implantação de uma rede de uso exclusivo, ou seja, haveria duas redes 5G: uma para a população, e a outra privativa da união, com maior segurança, e restrita ao Distrito Federal.
Uma rede 5G privada tem conectividade unificada, serviços otimizados e meio de comunicação seguro, permitindo parâmetros de qualidade em relação à cobertura, confiabilidade e privacidade.
Bate-Pronto: As possibilidades que se abrem ao mercado com o 5G
*Darlan Cavalcante Moreira, Lászlon Rodrigues da Costa, Roberto Pinto Antonioli, analistas de sistemas do Instituto Atlântico
O POVO - Como analisa a chegada do 5G em Fortaleza e quais as possibilidades gerais que isso gera?
Darlan, Lászlon e Roberto - O 5G representa uma disruptura tecnológica nas comunicações móveis, possibilitando velocidades de internet até 100 vezes maiores que o 4G e com uma baixa latência (tempo de resposta entre o envio e recebimento de dados). Essas novas capacidades permitem o uso da rede móvel em aplicações que até então não seriam possíveis, como por exemplo aplicações que precisem de resposta em tempo real (ex: telemedicina, carros autônomos controlados remotamente, etc.).
No entanto, novas aplicações como estas devem surgir a partir do estudo e desenvolvimento feito pela indústria de diversas áreas que possam tirar proveito das novas capacidades das redes móveis. Para o cidadão comum, o 5G se traduzirá em uma velocidade maior para enviar arquivos, assistir vídeos, etc., além de uma experiência superior em serviços sensíveis ao atraso, como chamadas de vídeo. Mas é na indústria onde o 5G pode trazer as maiores mudanças em um curto prazo. Em resumo, a chegada do sinal 5G abre portas para novas soluções inovadoras que devem surgir nos próximos anos que devem chegar primeiro na indústria e depois no cidadão comum.
OP - Quanto ao mercado, quais as possibilidades para o Ceará?
Darlan, Lászlon e Roberto - As redes 5G habilitam uma ampla gama de novas possibilidades de aplicações e casos de uso. Entre elas, podem mencionar o uso das redes 5G em aplicações de saúde, como no monitoramento remoto de sinais vitais e telemedicina. No setor de agronegócios, existem possíveis aplicações para realizar o sensoriamento e telecomando de dispositivos e veículos para a agricultura, além do melhoramento do transporte e garantia da qualidade de alimentos. Existem também possibilidades de aplicações para cidades inteligentes, como o uso de redes elétricas inteligentes e para segurança pública, e para o promover maior eficiências nos processos em indústrias (por exemplo, em indústrias no porto do PECÉM). Num futuro bem próximo, o próprio Instituto Atlântico irá começar a desenvolver provas de conceito de aplicações das redes 5G.
Vale destacar aqui também a entrada no mercado de um novo “player” vindo da nossa região, que é a Brisanet, uma empresa que nasceu no interior do Ceará. O que é surpreendente, pois o mercado de comunicações móveis é usualmente dominado por grandes companhias e agora temos um caso de uma que surgiu aqui no nosso quintal.
OP - É possível avançar no desenvolvimento do Estado como polo de inovação na Região e no País?
Darlan, Lászlon e Roberto - Com a ampla gama de possibilidades que o 5G traz, também temos uma diversidade de possíveis inovações empregando essa tecnologia. Por exemplo, a baixa latência e altas taxas oferecidos pelo 5G é um ponto-chave na indústria 4.0 e possibilita aplicações de automação industrial que antes não eram possíveis. Ou seja, o 5G age como um habilitador de robotização móvel, realidade aumentada, e orquestração na indústria. Outro ponto-chave é a capacidade do 5G de suportar um massivo número de conexões, abrindo por exemplo a possibilidade de IoT (internet das coisas) via 5G e com isso novos usos para IoT.
No nosso estado já temos polos de inovação, como a Universidade Federal do Ceará, com pesquisas na área de telecomunicações a mais de duas décadas, inclusive tendo feito patentes na área, o Instituto Federal do Ceará, com presença forte na área de redes, e o Instituto Atlântico, com projetos em diversas áreas que podem se beneficiar do 5G. Nós do Instituto Atlântico também fazemos parte desse ecossistema de inovação no estado do Ceará com um grupo de pesquisa com foco em novas aplicações para redes 5G.
5G: o que sabemos e queremos
*Hamilton Nogueira
O 5G vem aí, você sabe. Bate à porta das cidades trazendo consigo uma torrente de mudanças tecnológicas, mercadológicas e comportamentais. Estabilidade, velocidade, disponibilidade, baixa latência e outros encantamentos.
Para deixar claro o que as características acima podem proporcionar, alguns exemplos práticos: cirurgia à distância por meio da qual um especialista opera um paciente mesmo estando em outro país. É um ganho? Em muitas ocasiões sim, não só pela cirurgia em si, mas pela força de todo um mercado de braços robóticos, softwares, vídeos e salas especiais que estão contidas na dinâmica natural da mudança.
Outra situação clara, que não demanda explicação é o carro autônomo, cuja capacidade de pergunta e resposta ao entorno, é potencializada pelo imediatismo da decisão que certamente estará dividida em vários processadores, inclusive fora do carro, a exemplo do diálogo com os semáforos, as faixas de pedestres ou os redutores de velocidade.
Ainda tem o IoT (internet das coisas). Esse conceito que já não nos é estranho, abre infinitas conversas. Entre carros que iriam colidir, entre aviões e prédios e entre sua pressão arterial, seu smart watch e a atendente do seu cardiologista. Mas, isso você também já sabe.
O que nós não sabemos é sobre a preparação dos homens e mulheres para as consequências da inevitável e ainda maior disponibilidade de informação. Estão as pessoas preparadas para as seduções proporcionadas pelo 5G? Além da maior demanda por gente qualificada para trabalhar com os inúmeros aplicativos que virão, qual o nível de preparo para decodificar tudo que nos chegará? A nova tecnologia será um sucesso apenas se comprarmos mais?
Não me parece aceitável que usuários 5G sejam vistos apenas como consumidores super conectados. Portanto, o 5G ideal precisa provocar baixa latência na percepção de mundo, estabilidade social, velocidade de transformação educacional e disponibilidade de inteligência coletiva. Esse é o 5G que eu quero, e eu sei que você sabe.
*Hamilton Nogueira, jornalista, colunista de Tecnologia do O POVO
Bate-pronto: Hostweb e o 5G em Fortaleza
O POVO - Qual a importância para empresas e pessoas físicas?
Sérgio Uchoa - A tecnologia 5G irá possibilitar uma experiência cada vez mais fluída para as aplicações com uso intensivo de banda. Além de melhorar a experiência atual, o 5G irá possibilitar o surgimento de todo um novo universo de aplicações, como IoT ( Internet das Coisas) por exemplo, que vão trazer mais mudanças no nosso dia a dia. Aplicações que envolvem sensores, que hoje são de difícil implementação tornam-se viáveis. As impressões iniciais do uso do 5G nas primeiras capitais no Brasil, mesmo que passando por algumas instabilidades inerentes ao início do uso, são bastante promissoras.
OP - Como funciona essa adaptação de aparelhos, chips?
Sérgio - A liberação do sinal 5G vem acontecendo nas capitais por etapas. Desta forma devemos de início ter áreas com um sinal melhor, normalmente de maior interesse comercial, e outras com alguma instabilidade. Sobre aparelhos, devido a divulgação que já vem sendo feita, já existe alguma base instalada. Contudo com o lançamento do 5G puro, essa mudança de aparelhos deve se acelerar. Por fim, quanto aos chips, a necessidade de troca e/ou contratação de plano adicional depende da operadora. O usuário deve pesquisar e avaliar qual a melhor opção para seu uso, sua cobertura de sinal e o aparelho que possui. (Beatriz Cavalcante)
Chegada do 5G não exigirá mudança de contrato
Dentre os questionamentos mais comuns do público nesta fase inicial de transição para o 5G está relacionado à capacidade do aparelho de receber o sinal e o preço dos planos.
A diminuição da latência e aumento da velocidade de conexão em 100 vezes são pontos positivos enfatizados pelas operadoras.
Com relação aos planos das operadoras, a Claro, Tim e Vivo informam que a adoção do 5G não vai exigir nenhuma alteração de contrato. Portanto, qualquer cliente da empresa com aparelho compatível e em área com cobertura pela tecnologia pode ter acesso ao 5G sem necessidade de mudar de plano.
Porém, para os clientes interessados em ampliar a franquia de dados, as operadoras informaram que estão lançando um novo portfólio de planos pós-pago, com mais internet para navegar no 5G.