O POVO: Por que escolheram Brasília e Fortaleza?
Luiz Teixeira: A partir do dia 3 de dezembro a gente vai ter Fortaleza e Miami, a diferença é que em Brasília é diário e Fortaleza uma vez por semana. A gente quer trazer os dois lados da moeda. Quando você voa para Miami, você está buscando não apenas a cidade, mas a conectividade que você tem com mais de 40 cidades nos Estados Unidos. Na prática, você emite um só bilhete da GOL e já conecta com tudo. A gente melhora conectividade e acessibilidade. O outro lado da moeda é um projeto que a gente vai estar desenvolvendo no segundo semestre, junto com outros órgãos governamentais. A gente quer apresentar o seguinte: como trazer americanos para o Ceará? Porque a gente quer não só vender o Brasil, a gente quer vender o Ceará. Aquele americano que vai para Bahamas, Caribe, Cancun, vai explorar Fortaleza, Jericoacoara, Canoa Quebrada, tem uma imensidade de coisas para fazer no Ceará. A gente tem que aprender a atendê-los e fazer um trabalho também nos Estados Unidos para trazer americanos para Fortaleza. Brasília, em termos de País, é um hub natural. Todos os voos convergem para Brasília, de certa maneira, durante o dia inteiro, a gente entrega uma conexão de 50 minutos.
OP: Como está sendo a ocupação dos voos internacionais para Miami?
Luiz: A gente está com boa ocupação, mas a gente precisa de mais, razão pela qual estamos apostando em Fortaleza. A gente também precisa do apoio do Ceará, do governo e das pessoas. Eu imagino que, a partir do momento que a gente conseguir meia dúzia de americanos chegando no Ceará, esse número só vai se multiplicar. Não tem como não gostar, além do mais o custo é, no mínimo, cinco vezes mais barato que Cancun. Para mim é um dos estados que mais mostra e representa o Brasil.
OP: O real está com valorização em comparação às moedas da América Latina. Como está sendo o panorama desses voos que partem de Fortaleza para os países da América Latina?
Luiz: A gente está trabalhando muito forte na Argentina, para fazer com que os argentinos conheçam Fortaleza. O que a gente tem que fazer também é aproveitar o inverso. Você tem o cearense que pode ir para Buenos Aires, já que o real está mais forte que o peso argentino, uma cidade que tem boas hospedagens, gastronomia única e nichos de vinhos e harmonização. Além disso, como a gente voltou para Mendoza, Asunción, Santa Cruz de La Sierra, vamos também voltar para Rosário, Córdoba e Montevidéu, tudo com conexão em São Paulo.
OP: Como estão os números de ida desses voos para os países da América Latina?
Luiz: Mendoza tem que fazer a compra com antecedência porque é bem procurado, tem alto índice de ocupação. Basicamente 60% do faturamento da cidade é a GOL que está entregando, são brasileiros que vão para Mendoza porque é uma férias que pode ser curta, mas com alto índice de experiências.
OP: Há planos de expandir os voos diretos de Fortaleza para outros países vizinhos, como Peru e Colômbia, até 2023?
Luiz: Está nos nossos planos até 2023. Acontece que a gente investiga muita questão de demanda, mercado, retorno. Nosso plano tem Santiago, no Chile; Lima, no Peru; Equador também estudo e provavelmente alguma coisa da Colômbia.
OP: Nas redes sociais da Gol, os clientes mencionam muito o sistema de entretenimento a bordo. Vocês têm o próprio sistema de Wifi, disponível no celular, mas o público relata a falta de uma estrutura similar a das outras companhias aéreas, com televisão embutida, por exemplo. Como vocês avaliam essa questão? Pretendem modificar algo no sistema?
Luiz: A gente deve chegar no final do ano com um terço da frota da GOL já com o 737 Max. Muito provavelmente a GOL será a companhia com a frota mais moderna e mais nova que existirá voando em solos brasileiros. Com relação ao entretenimento a bordo, é uma tendência mundial que as pessoas utilizem seus próprios iPads, celulares e computadores. A gente consegue entregar tv a bordo em território nacional. O negócio não é o entretenimento, mas sim a conectividade. essa é a principal preocupação. Se a gente entrega conectividade, o passageiro pode escolher do jeito que ele quiser,tem toda a liberdade não só com os streamings, mas também pode trabalhar a bordo.
OP: Em relação ao 737 MAX, quais são os benefícios da aeronave para o cliente? No que vocês buscaram investir?
Luiz: O 737 MAX é outra geração de avião. É extremamente silencioso e muito mais rápido. Para linhas gerais da GOL, é um avião que tem custo baixo, acaba economizando quase 12 a 15% do voo. Além de tudo entrega uma tecnologia de ponta, e agora com toda a auditoria que foi feita na aeronave ela é a mais segura do mundo.
OP: Gostaria também de pontuar a questão da sustentabilidade. Vocês têm uma política de neutralização de carbono. Vocês pretendem desenvolver outras propostas semelhantes?
Luiz: A GOL tem uma preocupação muito forte nesse tema, 96% dos passageiros consideram as viagens sustentáveis importantes.A gente está capacitando clientes e funcionários, mostrando as ações que estamos desenvolvendo, fazendo viagens de carbono zero, conversando com os clientes sobre a importância desse movimento.
OP: Focando no cenário nacional, como está o fluxo da GOL neste momento de retomada após a pandemia? Como está o panorama de voos nacionais?
Luiz: A média total de ocupação da empresa como um todo está acima dos 80%. É bom? É, mas pode ser melhor. não voltamos com todos os voos que tínhamos em 2019, a gente voltou com todos até com mais destinos, mas não no número de voos. O perfil do passageiro mudou muito no pós pandemia. As pessoas saíram de grandes centros por conta do home office, os pontos regionais começaram a ganhar destinos importantes. Em termos de crescimento a GOL cresce, mas com muito pé no chão. Não fazemos nenhuma coisa mega arriscada, mantendo nosso padrão.
OP: O aumento do preço das passagens está impactando a quantidade de voos nacionais e internacionais. Em julho o querosene de aviação aumentou em 3,99 %, além dos aumentos que já vinham acontecendo. Como essas mudanças impactam o custo final do cliente?
Luiz: É fato que o aumento do barril do petróleo atingiu todo mundo e toda a cadeia produtiva do País, para nós não é muito diferente. O querosene de aviação cresceu 137,8%, mais do que dobrou, e as passagens aéreas só aumentaram 22%. É o ecossistema desse negócio. Ficou muito caro, é fato, mas tudo na sua proporção ficou caro. Teve a pandemia, a guerra que ainda está acontecendo, tudo isso impactou. Infelizmente, é repassado para o passageiro. Uma dica é comprar com antecedência, ele vai ter um ganho de valor melhor, porque as passagens começam baixas e vão aumentando conforme o voo se aproxima.
OP: A expectativa é que siga no mesmo parâmetro até o primeiro semestre de 2023?
Luiz: A gente paga o barril de petróleo em dólar, tem o câmbio e o imposto de ICMS, tudo isso faz com que o preço suba. Não deve acabar tão cedo assim, mesmo em 2023. Pode ser que dê uma amortizada, mas o barril, que hoje está 100 dólares, talvez precise cair para 60, 50 dólares. Aí a gente vai conseguir ver uma melhora significativa no preço, mas caso contrário, é muito difícil.
OP: Em relação ao último semestre de 2022, o que a GOL está planejando para os clientes? Quais são os próximos passos da companhia?
Luiz:. A gente quer trazer mais divisas para o país, com mais qualidade, boa experiência e bom atendimento. Estamos trazendo novas aeronaves, sempre colocando as mais modernas, com mais eficiência e rapidez. O segundo semestre não vai ser fácil, esse ano não é fácil. Temos vários desafios pela frente até a gente pagar esse passivo que foi a pandemia e entender essa nova onda pós pandemia.