As exportações do Ceará tiveram queda expressiva de 49,1% em agosto deste ano na comparação com período equivalente do ano passado, passando de US$ 279,4 milhões para US$ 142,2 milhões.
Os dados constam do relatório Ceará em Comex elaborado pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), tendo como base números do Ministério da Economia, e indicam ainda uma leve retração de 0,4% no acumulado do ano (janeiro a agosto) nas vendas internacionais do Estado. No total, os exportadores cearenses comercializaram pouco mais de US$ 1,7 bilhão com o Exterior.
Entre as principais razões para esse desempenho, está a queda de 55,7% nas compras norte-americanas. Os Estados Unidos continuam sendo os principais parceiros comerciais do Ceará, mas, em um cenário de crise econômica, têm reduzido sua participação em nossa pauta exportadora, que já chegou a ser de 50% e hoje alcança 28%. Para se ter uma ideia, o México tem se aproximado cada vez mais de ultrapassar essa marca e já é responsável por 25,7% do total comercializado pelo Estado no mercado internacional.
Desde 2016, pelo menos, os principais itens da pauta exportadora cearense continuam sendo os do grupo "ferro fundido, ferro e aço", a despeito da queda de 7,3% no acumulado do ano. México e Estados Unidos foram os principais compradores desse setor, conforme o relatório. Na sequência, os calçados aparecem entre os produtos mais vendidos do Ceará para outros países e apresentaram um crescimento de 46,8% no período. Os principais compradores desse segmento são os norte-americanos e os argentinos.
Para a gerente do CIN da Fiec, Karina Frota, apesar dos números negativos do comércio exterior cearense nos oito primeiros meses do ano, há uma tendência de crescimento nas exportações no último quadrimestre de 2022. “Setembro, é tradicionalmente início de safra, no que se refere às vendas de melões, melancias, entre outros tipos de frutas. Então, nós acreditamos que tanto o setor de fruticultura como o de calçados terão um valor exportado superior, nos próximos meses, ao resultado que nós temos hoje”, afirma.
Ela lembra ainda que fatores relacionados à crise internacional também impactaram negativamente as vendas do Ceará para o Exterior. “Nós tivemos um aumento muito relevante no que se refere ao frete marítimo internacional e um problema logístico relacionado à própria limitação na oferta de contêineres, além de alguns acontecimentos relacionados aos preços dos fertilizantes, inclusive, por conta do câmbio”, explica Karina.
Já Ricard Pereira, empresário do segmento metal-mecânico, minimiza a queda nas exportações de produtos do setor e avalia que boa parte da produção está sendo redirecionada para o mercado interno, que aquecido após a retomada dos níveis de atividade econômica têm investido em compra de maquinário.
“A gente percebe o quê? Que nós estamos com um parque industrial preparado e se preparando para um crescimento”, avalia. Ele acrescenta que tem visto muitos empresários do segmento investindo. “Eu mesmo estou investindo e comprando máquina nova”, afirma.
Nesse sentido, as importações de produtos para o mercado cearense dispararam 32,8% em agosto (chegando a US$ 437,8 milhões) e 76% no acumulado do ano (indo a US$ 3,6 bilhões), quando comparadas com períodos equivalentes do ano passado.
Por outro lado, o Estado segue com déficit em sua balança comercial, que já chega a quase R$ 2 bilhões em 2022. (Colaborou Samuel Pimentel)