Imagine ser mãe solteira, de três filhos, recebendo apenas R$ 1.300 por mês, com aluguel, contas de água e energia, alimentação, internet e plano de saúde para pagar. Você conseguiria lidar? Carolina Gomes, de 33 anos, é essa pessoa. Ela se viu, lentamente, perdendo seu poder de compra.
"O que eu recebo serve para sustentar o básico. Sobra mais ou menos 100 reais. Só que é muito pouco. Acaba que não tenho condições de comprar algo que não seja para minha sobrevivência ou dos meus filhos, não sem eu parcelar em quinhentas vezes", declara.
Apesar do salário ser baixo, Carolina Gomes ainda se permite gastar com itens que vão além do que recebe. Por isso, o acúmulo de contas para pagar a longo prazo é alto. Entre os déficits, está presente a compra de um celular, realizada em um cartão emprestado por um amigo, já que ela não possui cartão de crédito com limite alto.
"Hoje em dia, continuo pagando esse telefone. Foi um valor alto para mim, mas necessário. Por que quem não tem celular hoje em dia? Precisava comprar mesmo sabendo que iria me endividar", relata.
Ainda assim, ela comenta a dificuldade que sente por ter um filho bebê, de oito meses, e precisar trabalhar, sem ter alguém para ficar com ele durante o seu expediente.
"Eu preciso levá-lo e cuidar dele lá, porque não tenho condições de pagar ninguém para ficar com o meu filho e não posso deixar de trabalhar. E isso me prejudica, mesmo com a ajuda que recebo na casa que trabalho".
Esse cenário de despesas, salário baixo e rotina difícil, cria uma insegurança em Carolina Gomes, pois, mesmo nos dias atuais não passando por uma dificuldade mais séria, ela ainda considera arriscado. "Eu fico sempre com aquele medo de faltar comida, porque tudo aumenta e o meu salário continua o mesmo", desabafa.