No âmbito nacional, a recuperação do rendimento per capita do trabalho dos 40% mais pobres está acontecendo de forma mais acelerada que na Grande Fortaleza, segundo mostra o levantamento feito em parceria pelo Observatório das Metrópoles, o PUCRS Data Social e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL).
Nesse estrato social, a renda do trabalho vem se recuperando desde o 4º trimestre de 2020, e agora, no 2º trimestre de 2022, alcançou o valor de R$ 250,64. O patamar é muito próximo àquele anterior à pandemia, quando chegou a R$ 254,46. Para se ter uma ideia no 2º trimestre do ano passado, o rendimento médio dos 40% mais pobres no País era de R$ 199,79.
Segundo Marcelo Ribeiro, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos coordenadores do estudo, no início da pandemia, os mais pobres foram os que mais sentiram a queda em sua renda. Mais recentemente, no entanto, os prejuízos se tornaram maiores entre os 10% mais ricos, cuja renda hoje é ainda 10% menor do que no período anterior à pandemia.
Ainda conforme Ribeiro, "enquanto os mais pobres sofreram um grande choque no início, com aumento do desemprego e queda imediata da renda, os mais ricos sofreram perdas maiores recentemente, devido à dificuldade de manter o poder de compra de seus salários em meio ao processo inflacionário num contexto de crise econômica."
Como resultado desse processo, após um pico no terceiro trimestre de 2020, no 2º trimestre de 2022 a desigualdade ficou em 0,618 (considerando o Coeficiente de Gini), em um patamar próximo àquele do período anterior à pandemia, que era de 0,622.
Já quando considerada a renda per capita do trabalho no conjunto das metrópoles, o crescimento foi de 4,81% do 2º trimestre deste ano ante o 2º trimestre do ano passado, quando chegou ao pior valor da série histórica: R$ 1.448,66.
Para André Salata, que também participou do estudo "esse aumento ocorre após oito semestres seguidos de renda em patamares muito baixo, estando longe de ser suficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia". (Colaborou Irna Cavalcante)