Envolvida no meio da polêmica entre os pequenos apicultores da região serrana de Tabuleiro do Norte e a Fazenda Nova Agro, que produz algodão herbáceo em larga escala, uma das gerências da coordenação estadual da Adagri afirma ter realizado uma vistoria recente na propriedade acusada de fazer uso inadequado de agrotóxicos, suposta causa da mortalidade de abelhas no entorno.
Segundo Dimas Oliveira, gerente de Fiscalização de Insumos Agrícolas e de Inspeção de Produção de Origem Vegetal da Adagri, "a autarquia faz esse tipo de averiguação periodicamente e inclusive, não tem nem um mês que foi feita uma vistoria nessa propriedade. Na época do primeiro problema (relatado) de mortalidade de abelhas, em menos de uma semana, por iniciativa própria, nós mandamos servidores para fazer fiscalização lá sobre agrotóxicos e não encontrou irregularidades perante a legislação".
Ele esclarece, contudo, que o fato não exclui a possibilidade de que as abelhas tenham sido intoxicadas e mortas por terem entrado em contato com o defensivo agrícola. "A irregularidade perante a legislação acontece quando se está aplicando um produto que não é recomendado para determinada cultura, como a do algodão no caso citado, ou quando se está aplicando um produto que não é registrado. O que não foi o caso", detalha.
"Essa, contudo, é uma empresa nova na região e a área explorada era de mata nativa. Como se sabe, as abelhas não respeitam cercas e em havendo áreas irrigadas é natural que elas procurem essas áreas para ter acesso à água. E aí impreterivelmente, se tiver havido a pulverização nessa área, mesmo com produtos recomendados para a cultura algodoeira o animal pode entrar em contato com o defensivo e isso desencadear uma morte", prossegue.
Oliveira pontua, contudo, que em reunião realizada na Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), com a participação de técnicos da Adagri e representantes dos pequenos produtores alertou que não era possível afirmar a causa da morte das abelhas sem uma análise laboratorial e não se pode descartar que alguma doença tenha atingido os enxames.
"Mesmo se for confirmado que a mortalidade das abelhas se deu por contaminação com agrotóxico, a Adagri não pode ir dentro de uma propriedade privada e proibir a empresa de utilizar um produto que está a regular perante a legislação. O que tem que haver aí é uma negociação entre as partes", pondera.
Nesse sentido, ele acrescenta que outros órgãos atuariam na mediação de eventual conflito, mas pontua que a Adagri pode orientar a empresa a utilizar produtos menos nocivos para a apicultura ou um distanciamento maior entre as áreas de pulverização e os apiários, embora essas alternativas tenham limitações.