O represamento de reajustes de derivados de petróleo preocupa não só em relação aos preços nas bombas de combustíveis nos postos, mas também no movimento que deve gerar no mercado de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) em relação ao gás de cozinha.
De acordo com levantamento da pesquisadora Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), o cidadão mais pobre deve sofrer mais com o impacto com o atual cenário energético de preços de commodities que estão mais elevados.
"Para essas famílias, o peso do GLP é de 4% e do transporte por ônibus 8% no orçamento. Se incluirmos todo o impacto da energia, custos de fertilizantes, combustíveis, na alimentação esse percentual chega a 35%", disse Silvia durante participação na 2ª edição do evento "Economia, Política e Energia - Diálogos Estratégicos", realizado no Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
A forma como o aumento de custos dos derivados de petróleo tem impactado os mais pobres pode ser observado na alta de preços do botijão de gás.
Um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, com base em preços acompanhados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), revela que o preço do botijão subiu de R$ 69,20, em janeiro de 2019, para R$ 112,13, segundo o dado mais recente de outubro.
A variação do gás de cozinha no período foi de 62%, enquanto a inflação acumula alta de 22,98%. Já o salário mínimo no período só foi reajustado em 21,4%. Neste mês, um salário mínimo é capaz de adquirir apenas 10,8 botijões, abaixo das 12,2 unidades de 2021 ou das 14,8 unidades possíveis de 2020.