A medida da Petrobras de informar ao seu conselho de administração cálculo diferente do que os importadores de combustíveis também utilizam foi visto com estranheza no mercado. Foge da lógica estabelecida desde 2016, quando a Petrobras passou a seguir a política de preço de paridade internacional (PPI), ajustando o preço dos combustíveis vendidos em suas refinarias ao preço de importação. Para tanto, considera fatores como valores praticados no exterior, principalmente no Golfo do México (EUA), frete e câmbio.
Para o presidente da Abicom, Sérgio Araújo, causa surpresa a empresa não fazer reajustes, após mais de 15 dias de defasagem nos preços dos combustíveis, já que quando o petróleo caiu de preço, em setembro, a estatal reduziu imediatamente tanto a gasolina como o diesel. Na prática, o executivo afirma que os parâmetros da Associação bateram com os da Petrobras para a baixa de preços, e estranha que agora, sob pressão altista, o mesmo não aconteça.
"Eu vejo com surpresa, porque, se olharmos para algumas semanas atrás, a Petrobras trabalhava com o preço acima da paridade nos cálculos da Abicom e, naquele momento, reduziu preços e passou a tangenciar as curvas do PPI (Preço de Paridade de Importação) preparadas por nós. Então não entendo essa diferença agora", disse Araújo.
Com os preços atuais, os pequenos importadores associados da Abicom não têm condições de trazer os combustíveis de fora pela falta de competitividade. Na Bahia, onde funciona a única refinaria de grande porte privada do País, vendida pela Petrobras no ano passado, as defasagens são menores. Segundo os importadores, a diferença de preços no mercado baiano é de 13% no caso do diesel e de 8% na gasolina.