O coordenador de transição do governo Lula, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), anunciou na tarde de ontem, os principais nomes da equipe que tratará da economia nesse processo.
Entre os nomes escolhidos estão os de Pérsio Arida, André Lara Resende, Nelson Barbosa e Guilherme Mello. Os dois primeiros são considerados 'pais' do Plano Real. Já Barbosa foi o último ministro da Fazenda durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, entre 2015 e 2016.
"São quatro grandes economistas, pessoas com larga experiência", disse Alckmin, reforçando que participar da equipe de transição não significa, necessariamente, passaporte para a Esplanada dos Ministérios no novo governo. Acompanhavam Alckmin a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o coordenador do grupo técnica da transição, Aloizio Mercadante, e os deputados federais reeleitos Rui Falcão (PT-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Reginaldo Lopes (PT-MG), líder do PT na Câmara.
Para o economista Wilton Daher, os nomes escolhidos, especialmente os chamados ‘pais’ do real tem o simbolismo de ocorrer em um momento em que o País busca reverter um quadro inflacionário que chegou à casa dos dígitos em 2021 e que, embora tenha caído neste ano, ainda segue acima do teto da meta definida pelo Banco Central. Além disso, ele citou a perda do poder de compra do trabalhador como um dos desafios do próximo governo.
“O Arida e o Lara Resende ajudaram a gente a sair de uma situação de inflação desastrosa que se tinha entre as décadas de 1980 e 1990. Eles conseguiram com o plano Real, o que seis planos anteriores não conseguiram. Então, aquilo foi uma proeza na época, uma verdadeira operação de guerra que envolveu a troca de uma moeda em um país continental. Já o Barbosa e o Mello também são nomes experientes”, analisou.
Outro nome anunciado para a equipe de transição, mas que deve integrar um grupo técnico, diferente é o do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (2006-2015). Serão 31 grupos técnicos de trabalho, esclareceu Alckmin. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi confirmada, por exemplo, como coordenadora da articulação política e o ex-deputado Floriano Pesaro, como coordenador executivo da transição.
Alckmin também assinou três portarias: a primeira institui o gabinete de transição governamental; a segunda designa os coordenadores; e a terceira solicita ao Tribunal de Contas da União (TCU) cópias de contas, auditorias, monitoramentos e outros documentos que ajudem na troca de governo. O governo de transição tem direito a 50 pessoas, mas trabalhará com voluntários.
As movimentações políticas ao longo do dia também fizeram o mercado oscilar. Após ter mostrado algum desconforto com a ideia que o ex-ministro da, Fernando Haddad, pudesse vir a ser alçado pelo PT à condição de homem forte da economia, o mercado vai revertendo a torcida por um perfil técnico e fiscalista e se acostumando à possibilidade de que prevaleça um nome político.
O dólar variou, ontem, entre mínima de R$ 5,13 e máxima de quase R$ 5,25, para fechar na casa de R$ 5,14, uma queda de 0,56%. Já o Ibovespa subiu 0,71%, aos 116.160,35 pontos, com giro a R$ 33,9 bilhões.
Para o economista Vicente Férrer, embora os nomes escolhidos tenham sido bem aceitos pelo mercado, defende que haja uma blindagem no campo econômico durante esse período por conta da polarização política.
“O Brasil nesse momento precisa de equilíbrio, de um posicionamento sério, de tranquilidade ao mercado e ao cidadão. O que se espera é que essa equipe traga confiança e não divisão”, pontua o economista.
Férrer, que integra o Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), afirma que entre as prioridades que a equipe de transição deve ter está a questão da garantia dos R$ 600 para o Auxílio Brasil/Bolsa Família.
“É algo inadiável. A Covid passou, mas as consequências estão claras na educação, na saúde e na alimentação das famílias. As outras demandas periférica têm de ser discutidas no próximo ano”, avalia.
Por sua vez, o economista Wilton Daher, afirma que “é importante a manutenção desse auxílio, mas é fundamental fazer economia rodar porque é isso que gera e dá estabilidade econômica”. (Com Agência Estado)
Transição econômica
Pérsio Arida
Chegou a ser cogitado para assumir o Ministério da Economia. É próximo do vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB). O economista é um dos pais do Plano Real. Foi presidente do BNDES e do Banco Central no governo Fernando Henrique. Em 2022, declarou apoio a Lula no 2º turno.
André Lara Resende
Outro integrante da equipe que criou o Real e apoiou Lula durante o pleito eleitoral. Lara Resende não deve, no entanto, ter cargo na gestão do petista. O mais provável é que ele seja indicado para representar o Brasil no Banco Mundial ou no FMI, ou ser designado como um formulador de políticas públicas.
Nelson Barbosa
Já foi ministro da Fazenda e ministro do Planejamento no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. É reconhecido como voz relevante, especialmente, no debate sobre qual será a regra fiscal que deve substituir o criticado teto de gastos. Sua defesa por metas de despesas ganhou força interna no PT.
Guilherme Mello
É o único da equipe escolhida por Alckmin que não tem experiência em governos anteriores. Na campanha de 2022, foi responsável por ser o porta-voz do partido em diferentes eventos e seminários, durante os quais exibiu com frequência uma visão próxima ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Castro aguarda aval de Lula para avançar com PEC da transição
O relator-geral do Orçamento 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, coordenador da equipe de transição do governo federal, confirmaram, depois de reunião de ontem que uma das alternativas para abrir espaço orçamentário e cumprir as promessas de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva será a apresentação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
No encontro, que teve participação do presidente da CMO, deputado federal Celso Sabino (União-PA), foi estabelecido como prioridade realizar todos os esforços e negociações possíveis para que o Auxílio Brasil de R$ 600 continue sendo pago a partir de janeiro do ano que vem. O encaminhamento da PEC, entretanto, ainda depende de um sinal verde de Lula.
"O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, me pediu para adiarmos a reunião de apresentação da PEC da Transição, que estava marcada para esta quarta, 9. Segundo ele, a proposta será levada primeiro ao presidente Lula. Irei aguardar a definição de nova data para o encontro.", escreveu Castro em seu perfil no Twitter na noite de ontem.
"Até o início de dezembro nós temos que estar com isso resolvido (...) Eu acho que passa tranquilamente e vou fazer uma previsão aqui, essa PEC vai ser aprovada por unanimidade da Câmara e do Senado", acrescentou Marcelo Castro. Alckmin, por sua vez. disse que já se reuniu com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, e que o presidente eleito fará o mesmo nos próximos dias.
Os nomes escolhidos para Economia
Pérsio Arida
Chegou a ser cogitado para assumir o Ministério da Economia. É próximo do vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB). O economista é um dos pais do Plano Real. Foi presidente do BNDES e do Banco Central no governo Fernando Henrique. Em 2022, declarou apoio a Lula no 2º turno.
André Lara Resende
Outro integrante da equipe que criou o Real e apoiou Lula durante o pleito eleitoral. Lara Resende não deve, no entanto, ter cargo na gestão do petista. O mais provável é que ele seja indicado para representar o Brasil no Banco Mundial ou no FMI, ou ser designado como um formulador de políticas públicas.
Nelson Barbosa
Já foi ministro da Fazenda e ministro do Planejamento no governo da ex-presidente Dilma. Foi Secretário de Política Econômica e Secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda no governo Lula, entre 2007 e 2010. Sua defesa por metas de despesas ganhou força interna no PT.
Guilherme Mello
É o único da equipe escolhida por Alckmin que não tem experiência em governos anteriores. Na campanha de 2022, foi responsável por ser o porta-voz do partido em diferentes eventos e seminários, durante os quais exibiu com frequência uma visão próxima ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).