A avaliação que os diversos setores produtivos e do Poder Público tinham em relação ao tratamento que a Enel Ceará dispensava aos públicos de interesse do Estado é de "desinteresse", como classificou o secretário executivo de Energia e Telecomunicações, Adão Linhares, em entrevista à Rádio O POVO CBN.
"Temos acompanhado o desinteresse da Enel para com o Ceará, manifestado pelo atendimento. Se fizer uma pesquisa com os consumidores, vamos ver que já é perceptível um atendimento fraco", conta.
Adão relata que a relação da companhia com o Conselho de Consumidores, composto por nomes que representam indústria, comércio, setor rural e consumidores residenciais, vinha se deteriorando.
"No Conselho de Consumidores, representando o Estado, a gente percebe que as reuniões são só apresentações de justificativas por atendimento insuficiente e atendimento ruim. Todos os segmentos, industrial, residencial, rural, comercial e nos serviços públicos, temos a percepção de desinteresse", continua.
Apesar do movimento de saída da Enel do mercado cearense, o executivo do Governo do Estado destaca o potencial do mercado cearense no mercado e a sua atratividade.
O atual contrato de concessão de distribuição de energia no Ceará dura até 2028. E qualquer empresa que assumir o ativo deixado pela Enel Ceará ficaria por esse período sob os atuais termos contratuais.
"O Ceará é um mercado em crescimento, que na tendência de sua posição de geração de energia renovável é atrativo também, desde que essa distribuidora entenda que essa transição deva ocorrer, inclusive para o mercado livre de baixo consumo", pontua Adão.
Ao O POVO, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que o índice de satisfação do cliente com a Enel Ceará despenca desde 2018, quando saiu de 67,71 para 44,61 no ano passado, em um ranking que vai de zero a 100.
"Entre as distribuidoras, a Enel Ceará ocupou as posições abaixo (entre as 53 concessionárias de energia elétrica). No caso do ranking, quanto maior, pior a posição. O ganhador é o 1º colocado e a Enel Ceará ficou na 49ª posição em 2021", informa a Aneel.