Os pesquisadores brasileiros no Exterior que recebem bolsas do Capes ficaram sabendo dos cortes e da impossibilidade de liberação do dinheiro da bolsa pela imprensa. Isso é o que confirma Amanda Nogueira, doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas, da Universidade Federal da Bahia (PósCom/UFBA).
Atualmente, Amanda é doutoranda sanduíche pelo Programa Capes PrinT, no Programa de Doctorado "Estudios de las Mujeres, discursos y prácticas de Género", da Universidad de Granada, na Espanha, e recebe o equivalente a 1,2 mil euros mensais pelo Capes, que repassa os valores a cada dois meses.
Ela conta que o último repasse ocorreu no início de setembro e estava previsto para dezembro a transferência de valores para os próximos dois meses. Agora, Amanda se diz preocupada.
"Não temos uma segurança de permanência para poder minimamente sobrevivermos aqui na Europa, até prejudicando nossa pesquisa. Ficamos sendo levados por essa preocupação o que acaba afetando nosso desempenho. Outra coisa é a desvalorização do real o que nos deixa refém do câmbio (pois o Capes repassa os valores em real com base na cotação flutuante diária)", diz.
Perguntada sobre como tem sido a troca de informações com os bolsistas, diz que a correspondente da Capes a que tem acesso, informou que não tinha informações sobre os cortes ou se quando os repasses seriam feitos.
Henrique Freitas, coordenador-geral da Associação de Pós-graduandas e Pós-graduandos da Universidade Federal do Ceará (APG-UFC), diz que as bolsas de pesquisa da pós-graduação enfrentam problemas desde 2013. Desde lá, os valores não são reajustados.
Ele ainda conta que a partir de 2020 algumas seleções nem mais oferecem bolsas, além dos casos em que há filas de espera de seis a oito meses de candidatos aguardando a oportunidade de pedir uma bolsa.
"Com esses cortes, estamos vendo agora na Capes o reflexo do descaso em relação à sobrevivência dos pesquisadores e estudantes", afirma.