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PIB desacelera e previsão de crescimento do Ceará é revisada para 2,1%
Economia

PIB desacelera e previsão de crescimento do Ceará é revisada para 2,1%

| Em 2022 | Em setembro, Ipece previa crescimento de 2,94% neste ano. Mas o resultado do 3º trimestre ficou aquém do esperado, com alta de 0,5% em relação ao mesmo período de 2021
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Desaceleração do consumo tem ameaçado crescimento do PIB do Ceará (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Desaceleração do consumo tem ameaçado crescimento do PIB do Ceará

O desempenho da economia cearense desaqueceu no 3º trimestre, com crescimento de 0,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Neste recorte, a média nacional foi de 3,6%. Isso fez com que o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) refizesse os cálculos e a previsão de avanço do PIB em 2022 está menor, caindo de 2,94% para 2,1%.

O principal fator que fez com que o resultado da produção de riquezas no Estado ficasse abaixo da média nacional foi o resultado aquém do setor de serviços, que cresceu 0,51%, arrefecendo a recuperação que o setor vinha apresentando no ano (de +5,56% no 1º trimestre, e de 4,15% no 2º trimestre).

Esse movimento no setor terciário, o principal da economia cearense, se deve à retração observada no comércio, de 5,72%, a primeira queda do setor em 12 meses. As quedas nas vendas de materiais de construção, móveis, artigos de uso pessoal, veículos, motocicletas e peças, além de tecidos, vestuário e calçados.

Ainda no setor de serviços, alguns segmentos além do comércio também apresentaram desaceleração, como foi o caso dos transportes (apresentou avanço de +14,09% no trimestre anterior e agora fechou em +4,39%), administração (desacelerou de +5,18% para +0,95%) e intermediação financeira (de +3,36% para +0,54%).

O peso da inflação e a queda da massa salarial foram fatores importantes para desaquecer o consumo, aponta Alexsandre Lira, doutor em Economia e analista do Ipece. "Vemos recuperação em serviços ligados ao turismo, como cultura, alojamentos e alimentação e serviços prestados às famílias, mas eles não possuem tanto peso quanto o comércio, que sofreu com a elevada inflação, principalmente sobre os itens básicos para as famílias, como alimentação. Acabou anulando o bom desempenho dos demais setores que ainda estão em recuperação da pandemia".

Setor com 6,51% na composição do PIB cearense, a agropecuária foi quem teve o melhor desempenho no trimestre e até agora no acumulado do ano. A alta no 3º trimestre foi de 13,15% e de 6,42% em 2022. Mostra recuperação do setor, que caiu 4,95% em 2021.

Cristina Lima, especialista em Desenvolvimento Econômico (UFC) e assessora técnica do Ipece, destaca que o terceiro trimestre é o maior período de colheita. E a produção de milho, mandioca, banana, melão e pimentão foram positivas, o que contribuiu para o resultado.

OS DADOS mensais mostram a interrupção de 15 meses consecutivos de alta, mas o saldo anual é positivo.
OS DADOS mensais mostram a interrupção de 15 meses consecutivos de alta, mas o saldo anual é positivo. (Foto: AURÉLIO ALVES)

Em meio ao cenário, a perspectiva para o fechamento de 2022 é de que o último trimestre dê um impulso final de crescimento, puxado pelo desempenho do setor de serviços, através das atividades ligadas ao turismo, explica Nicolino Trompieri, coordenador da Diretoria de Estudos Econômicos do Ipece.

"Esperamos que esse movimento positivo ocorra com a volta das festas de fim de ano, como o Réveillon da Praia de Iracema. Isso tende a atrair mais turistas no período de alta estação. O próprio Natal e Ano Novo serão as primeiras festas sem restrições, o que deve motivar as confraternizações e aquecer o comércio, assim como ocorreu no período da Copa do Mundo", analisa.

Sobre o desempenho projetado para a economia em 2023, o Ipece divulgou a primeira previsão para o PIB cearense do próximo ano com alta inicial de 2,19%, enquanto a previsão nacional atual é de 0,75%, segundo o Banco Central.

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PREVISÕES PARA O PIB - CEARÁ

Em 2022
Revisão 4 (dezembro/2022): 2,1%
Revisão 3 (setembro/2022): 2,94%
Revisão 2 (junho/2022): 1,57%
Revisão 1 (março/2022): 1,25%
Previsão inicial (dezembro/2021): 1,25%

Em 2023
Previsão inicial (dezembro/2022)2,19%
*Previsão Banco Central/ Boletim Focus

 

Destaques dos setores

Agropecuária
- Acumula alta de 6,42% entre janeiro e setembro.
- O terceiro trimestre é o maior período de colheita. E a produção de milho, mandioca, banana, melão e pimentão foram positivas.
- Na pecuária, destaque para os galináceos com crescimento de 11,4% e a produção de ovos de 5,7%, o que coloca o Ceará como principal produtor de ovos do Nordeste. Produção leiteira também subiu 4,9%.

Indústria
- No terceiro trimestre de 2022, a indústria geral no Ceará registrou nova retração de -5,97% na comparação com igual período do ano anterior. O resultado se constitui no terceiro recuo seguido em relação a 2021. No ano, a produção da indústria acumula uma queda de -6,05%.
- O principal fator que explica o decréscimo da indústria é o desempenho do segmento de Eletricidade, Gás e Água, que apresentou queda de 24,63% no trimestre, principalmente pela menor demanda por termelétricas no Estado em relação ao que foi demandado durante a crise energética de 2021.
- O setor de Construção Civil é um dos únicos destaques positivos para a atividade, com taxa de crescimento trimestral de 7,34% em relação ao mesmo período do ano passado.

Serviços
- O setor de serviços cearense registrou um crescimento no terceiro trimestre de 2022 de apenas 0,51%, terceira variação positiva consecutiva no ano. No primeiro trimestre, o setor apresentou alta de 4,15% e no segundo trimestre elevação de 3,15%, ambos na comparação com os mesmos trimestres de 2021.
- A diminuição na tendência de alta do segmento se deve ao fraco desempenho do setor de comércio, com decréscimo nas vendas de materiais de construção, móveis, artigos de uso pessoal, veículos, motocicletas e peças, além de tecidos, vestuário e calçados.
- O destaque fica por conta das atividades relacionadas ao setor de turismo, como os serviços de alojamento e alimentação, que registraram aumento de 18,39% no trimestre.

Fonte: Ipece / IBGE

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