A descoberta do rombo de R$ 20 bilhões nas contas das Lojas Americanas caiu como uma bomba na economia brasileira e trouxe muitas incertezas para acionistas, funcionários, distribuidores e consumidores da empresa varejista.
A Americanas é uma das maiores companhias no segmento do varejo no Brasil, possuindo em todo o País mais de 1.700 lojas, 25 centros de distribuição e 200 hubs. No Ceará, existem mais de 70 unidades da instituição.
Para o economista Alcântara Macedo, o impacto desse prejuízo no Estado vai ser medido pelo que acontecer nacionalmente, mas, pode haver demissões, fechamento de lojas e perda de contratos com distribuidoras.
Macedo também destaca o grande impacto que já está acontecendo no mercado de ações e lamenta a queda de mais de 80% do valor das ações da AMER3.SA (Americanas ON NM).
"Para a economia brasileira não é uma notícia saudável, porque a bolsa brasileira é uma é uma das bolsas de melhor espaço de produtividade do mundo, principalmente a bolsa de São Paulo, a Bovespa. E isso faz com que os investidores de bolsa recuem", diz o economista.
Ele ressalta, ainda, que o consumidor comum, principalmente o mais pobre, também vai ser impactado, pois a empresa pode precisar aumentar os preços porque vai ter a sua arrecadação comprometida.
Analistas da PwC, empresa que auditou os últimos balanços da Americanas, serão investigados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pelo déficit de R$ 20 bilhões na varejista. No último balanço anual auditado, referente a 2021, foram colocados cinco pontos de atenção, mas nenhum deles relacionado ao problema contábil.
O POVO entrou em contato com a PwC no Ceará para comentar sobre a investigação, mas a empresa informou que não comenta casos individuais de clientes.
A Americanas conseguiu na Justiça proteção contra credores que queiram antecipar o pagamento de dívidas e, também, uma tutela cautelar para suspender vencimentos antecipados e efeitos de inadimplência da companhia. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) também deu 30 dias corridos para a varejista entrar com pedido de recuperação judicial.
A equipe do O POVO contatou, ainda, o advogado Marcos Viveiros para detalhar o processo judicial que envolve a empresa. Segundo ele, a recuperação judicial é uma espécie moderna da antiga concordata. Isso é uma forma de tentar um acordo entre a empresa que está em crise e os todos os credores dela.
"Em recuperações judiciais em muito grandes (empresas) também é comum se fazer uma proposta no plano de recuperação. No caso da Oi, por exemplo, os credores iam transformar a dívida deles em participação dentro da própria empresa", completa.