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Governo Federal caminha lentamente em relação à necessidade dos projetos de hidrogênio, avalia ABHAV
Economia

Governo Federal caminha lentamente em relação à necessidade dos projetos de hidrogênio, avalia ABHAV

| ENERGIAS RENOVÁVEIS | Laiz Hérida, diretora de Sustentabilidade e ESG da Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes (ABHAV), critica lentidão dos processos federais de regulamentação, que estão previstos para 2025, enquanto projetos em larga escala já devem estar em operação a partir de 2024
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Laiz Hérida é fundadora da HL Soluções Ambientais e diretora de Sustentabilidade e ESG da ABHAV (Foto: HL Soluções Ambientais / Divulgação)
Foto: HL Soluções Ambientais / Divulgação Laiz Hérida é fundadora da HL Soluções Ambientais e diretora de Sustentabilidade e ESG da ABHAV

Em meio ao crescimento da demanda internacional por energias renováveis, o hidrogênio verde (H2V) aparece com grande potencial, mas o Governo Federal caminha muito lentamente, avalia a diretora da Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes (ABHAV), Laiz Hérida.

Ela destaca que a meta europeia de “descarbonizar” 80 gigawatts (GW) da sua energia consumida move grandes investimentos, citando como exemplo o Ceará, que tem projeção de investimentos superiores a US$ 100 milhões. "É notório que o ritmo da regulação na instância federal não está alinhado com a urgência e necessidade de avanços desses projetos”.

Laiz Hérida, fundadora da HL Soluções Ambientais e diretora de Sustentabilidade e ESG da Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes (ABHAV).
Laiz Hérida, fundadora da HL Soluções Ambientais e diretora de Sustentabilidade e ESG da Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes (ABHAV). (Foto: HL Soluções Ambientais / Divulgação)

Veja a entrevista completa abaixo.

Laiz Hérida, fundadora da HL Soluções Ambientais e diretora de Sustentabilidade e ESG da Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes (ABHAV)

O POVO - Qual a função da nova Associação Brasileira de Hidrogênio e Amônia Verdes (ABHAV) em meio ao movimento que esse mercado está promovendo no Brasil?

Laiz Hérida - A ABHAV é uma Associação integrada por empresas, profissionais e entidades envolvidas nas cadeias de valor e rotas tecnológicas do hidrogênio e amônia verdes, fundamentais para a transição energética em escala nacional e global.

Tem como propósito contribuir, aprimorar e fomentar o desenvolvimento desse novo mercado brasileiro necessário para a transição energética e as metas de descarbonização dos processos produtivos por meio da produção e utilização do Hidrogênio e da Amônia Verdes, mediante a representação, proteção e defesa dos interesses de seus associados.

OP - A comitiva da Alemanha que recentemente visitou o Brasil destacou o Hidrogênio Verde (H2V) na pauta de fomento do país no Brasil nos próximos anos. De que forma podemos analisar essa intenção?

Laiz - A Europa tem a meta desafiadora de “descarbonizar” 80GW da sua energia consumida, e para isso precisa gerar e injetar energia renovável na economia. No entanto, o continente não possui o potencial energético e territorial para a demanda necessária, por isso a necessidade de importar energia limpa de outros continentes. Levando em consideração o potencial e a consolidação de geração de energias renováveis no Nordeste brasileiro, com o pioneirismo cearense, é compreensível a demonstração clara e anunciada da parceria com o Brasil para a compra do H2V e seus derivados.

OP - Sobre regulamentação, os movimentos parecem mais claros e desde o fim do ano passado e mais empresas se movimentam. Esse é um movimento que deve se consolidar em 2023?

Laiz - Principalmente no estado do Ceará, a imersão na busca de conteúdos, referências e geração de peças técnicas já vem ocorrendo há mais de dois anos, reverberando inclusive no pioneirismo do estado na publicação de instrumentos legais, como a primeira resolução em escala nacional que trata especificamente do licenciamento ambiental de plantas de H2V, emissão de termo de referência para estudos ambientais, bem como na produção da primeira molécula de H2V do País. Mesmo mediante às instabilidades políticas no Brasil, para 2023, as perspectivas são boas quanto à pauta de energias renováveis e produção de H2V, refletindo na retomada de alguns projetos que estavam aguardando uma análise da ambiência geopolítica do país.

Embora na esfera estadual (Ceará) esteja avançando, é notório que o ritmo da regulação na instância federal não está alinhado com a urgência e necessidade de avanços desses projetos, apresentando uma proposta do Plano Trienal de Hidrogênio, por exemplo, de divulgar uma minuta do Plano apenas para 2025, incompatível com o prazo de alguns projetos que pretendem produzir H2V em grande escala já em 2024.

OP - O prazo de 2025 para a operação dos maiores projetos do hub de hidrogênio no Pecém se desenha de forma mais clara. Mas de que forma outros estados se movimentam? Há possibilidade de que fora do Ceará e do Nordeste se forme algum elo da cadeia do hidrogênio e amônia verdes?

Laiz - Nota-se o avanço do desenvolvimento de projetos de H2V em estados que possibilitam instalações industriais nas áreas portuárias e com ZPE em operação, já que o mercado europeu é o principal demandador. Destacaria os estados do Ceará, Bahia e Rio de Janeiro com os projetos mais avançados, com ênfase para o Ceará com mais de 20 MOU assinados.

A utilização do H2V pode ocorrer em várias rotas tecnológicas, tais como: logística, mobilidade, indústria, energia, agronegócio, dentre outras, reforçando a sua relevância como principal vetor para a transição energética, bem como o avanço das iniciativas para o consumo no mercado interno.

OP - Como está a interlocução com o mercado e governos?

Laiz - Já foram iniciadas interlocuções com lideranças do atual governo, com o intuito de posicionar a ABHAV como um canal de diálogo e geradora de propostas resolutivas para o fortalecimento dos interesses da cadeia do hidrogênio de baixo carbono, buscando gerar a ambiência favorável para a produção e o uso do hidrogênio e da amônia verde para fins comerciais.

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Sobre a ABHAV

A ABHAV foi lançada formalmente em janeiro de 2023. As tratativas foram iniciadas em 2022, na formação de um Comitê Técnico com quase 40 empresas, dentre elas alguns dos maiores players que estão investindo e desenvolvendo projetos de H2V no Brasil. Com a constituição da associação, o passo seguinte será incluir formalmente as empresas que estão no Comitê ou demais empresas e profissionais que queiram fazer parte da construção desse movimento fomentador para o mercado de H2V.

São quase 10 empresas fundadoras, dentre elas está a HL Soluções Ambientais.

Existem quatro diretorias: Técnica, sob liderança de Paulo Surur; Jurídica: Desire Tamberlini e Campiotti Pajola; Relações Institucionais: Silla Motta; Sustentabilidade e ESG: Laiz Hérida.

No Conselho de Administração, o presidente é Leandro Borgo. Os demais membros do conselho são: Lap Chan, Glaucia Suzana Batista Pereira e Luis Gustavo Rocha Ludwig. No Conselho Fiscal: Cibele Gaspar e Andrea Villaça.

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