A inflação segue sem dar trégua ao bolso dos cearenses. Pelo quarto mês consecutivo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu no Estado, registrando alta de 0,86% em janeiro, ante dezembro. Dentre os itens que puxam a elevação dos preços estão a batata-inglesa (15,73%), o tomate (14,03%) e a cenoura (12,22%).
O indicador foi o terceiro mais elevado do País. Atrás apenas da registrada em Salvador (1,09%) e em Vitória (0,92%). Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, dia 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Brasil, o indicador ficou em 0,53%. São 0,09 ponto percentual abaixo da taxa de dezembro (0,62%). No caso da Grande Fortaleza, a tendência é de aceleração dos preços. Em dezembro, por exemplo, o indicador ficou em 0,61%, abaixo, portanto, da média nacional.
O economista Alex Araújo explica que alguns fatores pesam para esse cenário. No caso dos alimentos, sobretudo, dos produtos de hortifruti, há uma influência climática. “Principalmente os hortifruti fornecidos a partir de produtores locais, que sofrem com a questão da sazonalidade. E a produção de tomate, por exemplo, sofreu muito com o período de chuva irregular”
Por outro lado, commodities como os combustíveis têm sentido o impacto da oscilação dos preços internacionais. “O que acaba fazendo com que os preços cheguem mais altos ao consumidor”.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados na RMF, seis registraram alta em janeiro. A maior delas foi registrada no grupo Transportes (3,79%), com destaque para o aumento no preço da gasolina (11,43%).
O grupo Alimentação, o de maior peso na cesta de consumo dos fortalezenses, registrou alta de 0,56%. Os vilões da inflação foram a batata-inglesa (15,73%), tomate (14,03%) e cenoura (12,22%).
Por outro lado, itens como maracujá, cebola e mamão deram uma trégua nos preços e registraram variação negativa de 20,94%, 18,53% e 5,3%.
A pesquisa do IBGE apontou também aumento nos preços dos grupos: Comunicação (2,1%), Artigos de residência (1,17%), Despesas pessoais (0,74%) e Educação (0,37%).
Em janeiro, os únicos grupos que tiveram redução de preços foram Habitação (-0,70%), Saúde e cuidados pessoais (-0,43%) e Vestuário (-0,19%).
O IPCA da Região Metropolitana de Fortaleza ficou em 0,86% no acumulado do ano e alta de 5,90% no comparativo dos últimos 12 meses. Neste caso, o indicador ficou mais uma vez acima da média brasileira (5,77%).
Alex Araújo pondera, no entanto, que a perspectiva para frente é de que haja uma acomodação dos preços. Em parte, por conta da melhora da safra prevista para este ano. Mas também porque, do ponto de vista da demanda, já há um esgarçamento do limite do poder de compra do consumidor.
“A gente vem passando por um processo de recessão muito profundo, o consumidor já fez ajustes no seu padrão de consumo, a taxa de juros alta também provoca a queda na atividade, o que faz com que a demanda caia”.