Apesar de queda na produção física, a indústria alimentícia no Ceará teve um 2022 de alta no faturamento, chegando a R$ 16 bilhões, e um aumento de 1,7% em vagas de emprego formal, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) com exclusividade ao O POVO.
O setor emprega em todo o Estado cerca de 216 mil pessoas, o que representa 17,9% do total de trabalhadores da indústria de transformação cearense.
Ao todo, são 1,3 mil estabelecimentos do setor no Estado que, somados, representam 1,5% do faturamento nacional (R$ 1,075 trilhão).
As exportações de alimentos industrializados no Ceará também se destacaram, totalizando um montante de US$ 278,5 milhões no ano passado. Os principais produtos exportados foram os pescados congelados (US$ 44,4 milhões), derivados do coco (US$ 62,3 milhões), óleos e gorduras vegetais (US$ 53,3 milhões).
Porém, mesmo apresentando estes números positivos de faturamento e geração de empregos, no último ano, quando se fala em produção, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a queda foi de 7,5%, em 2022.
No ano anterior, 2021, a retração foi de 8,9%. Aqui, também vale ressaltar que, neste ano, o Brasil também apresentou uma queda de 8,2%, o que deixava o Estado um pouco mas próximo do desempenho da média nacional.
Já em 2022, enquanto o Ceará continuava registrando recuo, mesmo que um pouco menor do que no ano anterior, o País já havia se recuperado e fechou o ano com crescimento de 2,4%.
Se for feita a comparação nos últimos cinco anos, ainda no que tange à produção da indústria de alimentos, 2018 e 2019 foram anos também de resultados negativos, em 2,9% e 5,8%, respectivamente.
Apenas 2020 possuiu alta da produção no Estado, com 9,5%, o que especialistas atribuem a incertezas do consumidor com relação a pandemia, que os fez estocar alimentos.
No Brasil, a indústria de alimentos faturou, em 2022, 16,6% a mais que o apurado no ano anterior.
As vendas chegaram a R$ 770,9 bilhões, 14,3% acima do registrado em 2021 em termos nominais (não deflacionados), nas vendas internas. As vendas reais totais (descontada a inflação), considerando mercado interno e exportações, expandiram 3,7%, e a produção física teve um incremento de 2,4%.
As exportações cresceram 30% em valor, com faturamento de R$ 304,4 bilhões.
A geração de novos postos de trabalho também no País, foram 58 mil novos postos, uma expansão de 3,4%, totalizando 1,8 milhão de trabalhadores.
Além de conjunturas políticas e econômicas nacionais e internacionais, os resultados podem ser atribuídos também aos investimentos na expansão de plantas fabris, pesquisa e desenvolvimento, fusões e aquisições, compra de máquinas e equipamentos, que alcançaram R$ 23,6 bilhões, percentual de 2,2% do faturamento total da indústria de alimentos.
“É a primeira vez que ultrapassamos o trilhão em faturamento, e isso mostra um cenário superpositivo porque 72% desse valor vem do abastecimento do mercado interno e apenas 28% são oriundos de exportação”, afirma o presidente do Conselho Diretor da ABIA, Gustavo Bastos.
Ele comenta que a indústria brasileira de alimentos tem mostrado, cada vez mais, que não é apenas o celeiro do mundo, mas, “o supermercado também, contribuindo para a segurança alimentar global”.
“Além disso, promovemos o desenvolvimento econômico do interior do País e absorvemos 1,8 milhão de trabalhadores em empregos formais, possibilitando que tenham mais qualidade de vida”, ressaltou Bastos.
Ele complementa que, apesar de contingenciada pela aceleração da inflação em 2022, a expansão das vendas da indústria de alimentos para o varejo alimentar brasileiro apresentou alta de 1,7% em termos reais. O destaque ficou por conta do food service (serviços de alimentação fora do lar), que seguiu em trajetória de retomada das atividades.
“As vendas para o food service, em termos reais, cresceram 9,8% em relação ao ano de 2021 (descontada a inflação acumulada em 12 meses do grupo de alimentação fora do lar do IPCA-IBGE, de 7,5%). A participação do segmento nas vendas para o mercado alcançou 27,0%, superando o observado em 2021, de 26,3%. “O processo de fortalecimento do canal food service continuará ao longo dos próximos anos”, analisa o presidente da Abia. (Colaborou Lennon Costa)