A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve decidir, nos próximos dias, se uma transação bilionária envolvendo operadoras de telefonia violou regras do leilão do 5G.
Na mira está um acordo entre a Vivo, que pertence à Telefônica, e a Winity Telecom, operadora de internet móvel criada pelo grupo Pátria.
Até março, os conselheiros devem decidir se autorizam ou não o acordo. A parceria foi apontada como irregular pela área técnica da agência, que analisou o caso, e pela Procuradoria Federal Especializada da Anatel. O caso também é avaliado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A origem do imbróglio está nos leilões das redes 4G e 5G. Quando a Anatel fez a licitação, em 2021, a agência reservou uma fatia da tecnologia para uma nova companhia.
As gigantes Vivo, TIM e Claro já tinham arrematado as suas faixas e, por isso, ficaram proibidas de comprar uma nova parcela, que foi reservada a um novo operador. Foi quando surgiu a Winity, que instalaria suas redes e venderia o serviço no atacado, para empresas de menor porte.
A oferta agressiva chamou a atenção. O leilão previa lance mínimo de R$ 300 milhões para aquela fatia da frequência. Outras duas empresas deram lances próximos do mínimo - R$ 318 milhões e R$ 333 milhões -, enquanto a Winity arrematou o lote por R$ 1,42 bilhão.
O passo seguinte, aguardado pela Anatel, era que a Winity oferecesse sua frequência a operadoras novas, mas o que surgiu foi uma proposta de acordo entre a Winity e a Vivo. Na prática, o acordo daria à Vivo a entrada em até 1,6 mil cidades, pelo prazo de 20 anos, em municípios que detém cerca de 90% do PIB.
A Anatel reagiu e fez diligências nas companhias para reunir informações atreladas a questões regulatórias, concorrenciais e legais. Nesse processo, foi informada da existência de um "pré-contrato" firmado entre Vivo e Winity antes mesmo do leilão, mas não teve acesso ao seu conteúdo, devido a regras de sigilo de informações firmadas entre as companhias.
Dirigentes da Winity têm se reunido com a Anatel para tentar demonstrar que não há irregularidades. Nos bastidores, sua avaliação é de que o lobby de outras empresas tenta prejudicar a operação com a Vivo, de olho em futuros acordos com a própria companhia. (AE)