O último ano foi de queda na movimentação de cargas pelos portos cearenses, que tiveram um volume 22,29% menor ante 2021. A soma das toneladas em trânsito no Pecém e no Mucuripe saiu de 27,274 milhões em 2021 para 21,192 milhões em 2022, segundo atestou o anuário estatístico da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
A quantidade representou o menor volume desde 2017, quando o Estado movimentou uma tonelada a menos que em 2022. O montante ainda é inferior aos anos de pandemia, quando o transporte marítimo foi impulsionado pelo boom das commodities, antes da crise dos contêineres.
Mas a queda no transporte de cargas não foi um movimento de mercado que dominou a maioria dos estados brasileiros. No País, foram transportadas 1,29 bilhão de toneladas - 0,40% menor que em 2021, porém o segundo maior volume da série histórica nacional.
Entre os portos públicos, o destaque foi para Santos (SP), com 126,2 milhões de toneladas e aumento de 11,42% ante 2021. "Suape (PE), Itaqui (MA) e de Paranaguá (PR) completam o pódio com movimentações de 24,7 milhões de toneladas (+12%), 33,6 milhões de toneladas (+8,2%) e 52 milhões de toneladas (+0,8%), respectivamente", informa a Antaq.
Ao considerar apenas as movimentações por unidade da federação, o Ceará emplaca a 13ª colocação nacional, entre os 21 estados com registros de transporte aquaviários no último ano.
Dos nordestinos, o volume contabilizado pelos portos cearenses está abaixo de Maranhão (216,628 milhões de toneladas), Bahia (41,62 milhões) e Pernambuco (25,89 milhões).
Mesmo com a baixa observada em 2022, Bruno Iughetti, presidente da Câmara Setorial Logística, diz que a perspectiva para este ano é que "os dois portos, tanto Pecém quanto Mucuripe, devem se apresentar em um desempenho praticamente em linha com 2022 porque não se denota nenhuma movimentação mais expressiva que justifique movimentação maior."
Sobre os concorrentes na Região, ele credita o grande volume movimentado por Itaqui (MA) ao trânsito de grãos no porto e ainda alerta sobre ações de retomada em Suape (PE) como forma de o terminal vizinho obter melhores resultados em 2023.
Já sobre o Ceará, ele afirma que a diferença da balança comercial, na qual a importação aumentou, e o desempenho da indústria cearense, que fechou o último ano com a maior retração do Nordeste, não foram definidoras para que a movimentação nos portos cearenses caísse em 2023.
Iughetti credita esse encolhimento ainda aos reflexos da pandemia, os quais elevaram as operações acima da média anterior em 2021 e as jogaram para baixo após a crise dos contêineres.