Enquanto os profissionais desligados, em geral, partem em busca de uma recolocação no mercado de trabalho, aqueles que permanecem enfrentam dilemas importantes. Lidar com a angústia de permanecer em uma companhia com a saúde financeira instável, a dificuldade de compreender as mudanças de postura no ambiente de trabalho e a sobrecarga causada pela diminuição no número de funcionários são alguns dos pontos destacados por especialistas.
Apesar disso, eles apontam ser necessário estabelecer uma relação de diálogo com os gestores. Isso vai ajudar a compreender a postura a ser adotada após o movimento de demissão em massa e a se tornar cada vez mais adaptável. Para as empresas, é importante se reestruturar para uma nova realidade financeira sem comprometer a essência da companhia.
Para Junior Borneli, fundador da plataforma de educação StartSe, uma das perguntas que devem ser feitas por aqueles que permanecem após um processo de desligamento é: "Será que eu consigo mostrar valor para outra área da empresa?"
Segundo ele, compreender que é necessário ser mais flexível e se tornar útil para outras áreas da empresa pode ajudar o profissional a ser realocado em um futuro movimento de lay-off, além de mostrar flexibilidade e valor para a companhia.
A preparação emocional para lidar com a situação é fundamental para passar por um processo de reestruturação. "Instabilidade, incerteza muito grande e uma impressão de que pode ser o próximo. Isso tudo afeta a vida das pessoas."
"Um ponto importante é fazer muito bem o seu trabalho", afirma Ana Paula Prado, CEO do portal de vagas Infojobs e porta-voz do PandaPé, sistema de recrutamento e seleção de profissionais.
Ela afirma que focar na estabilidade emocional é o primeiro passo para os profissionais poupados, para evitar que o processo afete negativamente processos que já ocorriam antes do lay-off. "Temos de saber que desligamentos podem acontecer em qualquer lugar."
Além disso, a compreensão de que o espaço de trabalho é um local seguro para o profissional crescer deve ser analisado. "Se você continua na empresa, está se sentindo muito inseguro e percebe que não está sendo saudável, talvez seja melhor buscar uma outra alternativa de emprego desde já, se for possível."
A cultura de maior tolerância a falhas, cultivada por muitas empresas de tecnologia, por acreditar que fazem parte do processo criativo, não pode ser drasticamente modificada, apesar das dificuldades no setor, defende Borneli. "Se as companhias tiram o pé totalmente da inovação, se colocam em risco."
Para ele, os próximos meses serão de adaptação, onde as empresas terão de repensar suas estruturas de organização, além da fonte de recursos para se manterem vivas em um cenário de dificuldades no setor.
"Comunicação é fundamental para que as pessoas se sintam seguras", defende Prado, ao citar que mudanças em políticas internas devem ser passadas de forma clara para os colaboradores Além disso, os próprios processos de demissão devem ser revistos, com transparência com o funcionário desligado, explicação do motivo da demissão até a ajuda no processo de recolocação no mercado de trabalho. (Agência Estado)