Ter o porto agregado à ZPE é uma das vantagens apontadas por Eduardo Neves como forma de atrair investidores para o Ceará, uma vez que as demais ZPEs em operação ou constituição não contam com isso. A proximidade, além de reduzir os custos logísticos, ainda apresenta facilidades burocráticas com Receita Federal e operadores portuários.
Outra possibilidade que se abre, segundo ele, é na ampliação dos serviços prestados aos inquilinos da zona. Neste caso, o hidrogênio verde e os parques de energia renovável surgem como fortes aliados.
"Tem um outro negócio que muda a forma de vender a ZPE. O que eu vou ter aqui disponível? Uma área onde tenho energia limpa a um dos preços mais competitivos do mundo. Quem precisa produzir produto que seja verde, que atribua alto valor agregado? Então, eu tenho uma ZPE com tributação praticamente zero, posso buscar no mundo todo que possa produzir aqui porque, além da ZPE, ela tem energia. Posso vender energia no combo tributário da ZPE", ressalta.
Essa é uma das estratégias de Neves para ampliar a participação dos negócios da ZPE no Produto Interno Bruto (PIB) da exportação. O presidente da ZPE do Ceará conta que, nos países da América Latina, a ZPE chega a 11% do valor do PIB da exportação. Em média, esse percentual é de 4,6%. No Brasil, é pouco mais de 3%.
A possibilidade faz com que Neves não foque em segmentos apontados como vocacionados a se instalar na ZPE. Ele lembra, inclusive, que a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) chegou a listar cinco atividades produtivas aptas a entrar para a área de livre comércio no início, mas a chegada do hidrogênio verde tomou a frente e é a principal aposta atual.
"O que está no nosso radar e no nosso horizonte é o que vem recomendando Roterdã, de vão produzir 1 milhão de toneladas. Vão necessitar de hidrogênio verde e isso vai sair daqui. Isso viabiliza alguns negócios", diz sobre as indicações do principal parceiro e acionista do Porto do Pecém.