Quem também avaliou o panorama de crédito nesta semana foi o Banco Central, em seu Relatório de Estabilidade Financeira (REF). Assim como a Anefac, o BC apontou o endividamento das famílias e o caso Americanas como fatores que provocaram uma desaceleração no ritmo do crescimento do crédito em 2023,
"Considerando esse acontecimento (crise na Americanas) e o ambiente de elevado comprometimento de renda e endividamento das famílias e de redução da capacidade de pagamento das empresas, 2023 inicia acentuando a redução do ritmo de crescimento", diz o relatório. No caso das pessoas físicas, há modalidades de crédito que sofreram mais.
"Embora continuem crescendo em ritmo elevado, a desaceleração foi mais acentuada nas operações de maior risco do SFN com pessoas físicas (PFs), como as ligadas a cartões de crédito. No geral, o crédito às PFs arrefeceu, exceto o crédito rural e o crédito imobiliário, cujas taxas de crescimento mantiveram-se estáveis", diz o documento.
O BC aponta que mesmo com o recuo no ritmo, ainda houve avanço do crédito em modalidades que são mais arriscadas, como cartão de crédito e crédito não consignado. O endividamento das famílias vem batendo recordes e o governo federal prepara um programa específico para renegociação de dívidas para a baixa renda, o Desenrola.
Já em relação às empresas, a desaceleração ocorreu em ritmo mais suave. O REF atribui três fatores principais para esse cenário: os programas emergenciais de crédito para microempresas, o financiamento de capital de giro e investimento para pequenas empresas e o financiamento de bens e operações de "risco sacado" para empresas médias.
"No início de 2023, o caso Americanas provocou aumento no custo do crédito via mercado de capitais e uma postura mais rigorosa das IFs nas operações de 'risco sacado'", diz o relatório. (Com Agência Estado)