A Petrobras divulgou ontem a redução de 21,3% no preço do gás de cozinha, 12,6% na gasolina e 12,8% no diesel a partir de hoje nas refinarias. O anúncio ocorre após a aprovação de nova estratégia comercial para definição de preços em substituição ao Preço de Paridade Internacional (PPI).
De acordo com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a "referência internacional do preço do petróleo", continua sendo considerada, mas em outro modelo. A partir de agora, entram na conta também como prioridade o custo alternativo do cliente e o valor marginal para a estatal.
O primeiro indicador contempla alternativas de suprimento por fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos. Já o custo marginal da Petrobras se baseia no custo das diversas alternativas para a empresa, entre elas a produção, importação e exportação do produto.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, analisou que, com essa estratégia comercial, a companhia vai ser mais eficiente e competitiva, atuando com mais flexibilidade para disputar mercados.
"Vamos continuar seguindo as referências de mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o país."
Ontem, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que este é um primeiro passo para o "abrasileiramento" da precificação dos combustíveis produzidos no Brasil.
"Era hora de abrasileirar o preço dos combustíveis e sinalizar de forma clara que o governo Lula cumpra com seu papel social", disse o ministro.
A nova estratégia promete pôr um ponto final no PPI, a política de preços que, desde 2016, atrelava os preços médios dos combustíveis que a Petrobras vende às variações dos produtos no mercado internacional, entre outros fatores, para proteger a empresa quanto aos riscos operacionais do setor.
Ao comentar a mudança, Prates ressaltou que os preços das áreas de influência variam de região e também de clientes. Afirmou também que a empresa continuará tendo transparência total.
Na avaliação do sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Pedro Rodrigues, a mudança aumenta o risco de ingerência política. "Será que a Petrobras vai deixar dinheiro na mesa? Se eu estou com dificuldade de entender essa conta, imagina o acionista da Petrobras."
Porém, para o consultor de Engenharia de Petróleo e Energias, Ricardo Pinheiro, a nova política de preços é sustentável. Ele reforça ainda que se o PPI estivesse dando certo, o consumidor estaria se beneficiando, já que desde o começo do ano o barril de petróleo caiu mais de US$ 30. "No entanto, o que a gente vê é um sobrepreço no óleo diesel que chega próximo aos 8% em relação ao mercado internacional". (Com Beatriz Cavalcante e agências)
Senado
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) aprovou ontem requerimento para convidar o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a explicar a nova política de preços da empresa. A audiência ainda não tem data marcada
Ações
Os papéis da Petrobras (PETR3, com direito a voto em assembleias) encerraram o pregão ontem com alta de 2,24%, cotados a R$ 29,20. Os preferenciais (PETR4, com preferência por dividendos) avançaram 2,49%, a R$ 26,30
Expectativa é de que preço da gasolina caia até 10% na bomba
Com a nova redução no preço dos combustíveis nas refinarias, a expectativa é de que haja também um alívio ao consumidor final. No caso da gasolina e do diesel, esta queda pode chegar a 10%, segundo o consultor de Engenharia de Petróleo e Energias, Ricardo Pinheiro.
De acordo com a Petrobras, a partir de hoje, o preço médio de venda da gasolina tipo A para as distribuidoras cairá, em média, R$ 0,40, com o valor por litro recuando de R$ 3,18 para R$ 2,78. Queda de 12,6%.
Já o diesel terá redução média de 12,8%, ou R$ 0,44 por litro. O que fará com que o preço médio do produto caia de R$ 3,46 para R$ 3,02 por litro. A queda mais expressiva, porém, é no Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha, com uma redução de R$ 0,69 por quilo no preço médio (-21,3%).
Em nota divulgada logo após o anúncio, a Petrobras destacou que o valor efetivamente cobrado ao consumidor final no posto é afetado também por outros fatores, como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro das distribuidoras e da revenda.
Mas, na avaliação de Ricardo Pinheiro, embora os percentuais não sejam repassados na íntegra pelas distribuidoras, os novos valores influenciarão uma nova baixa nos preços de bomba ao longo dos próximos dias.
Em entrevista à rádio O POVO CBN, ele explica que com a redução de 8,8% feita pela Petrobras nos preços do gás natural há um mês já há, por exemplo, uma redução de custos e estabilização de preços nas empresas mais intensivas deste consumo. "E você já vê também, em razão das reduções anteriores, o botijão de gás a R$ 95 em Fortaleza, como não se via há muito tempo. E deve, em tese, baixar mais agora", afirmou.
No caso da gasolina e do diesel, a redução é projetada em 10% nas bombas. "Não chega aos 12,8%, porque o combustível é a principal parcela, mas não é todo o custo de um posto. Ainda tem salários, despesas administrativas e uma série de outros fatores. Então, o que vai repercutir na bomba é algo em torno de 10%, mas já é uma grande queda considerando que nossa economia precisa desse solavanco para que a gente comece a ter redução da inflação", afirmou o especialista.
Entenda o que muda na política de preços da Petrobras
Como era antes:
Como vai ser agora:
Fonte: Petrobras