A atividade econômica cearense teve crescimento de 1,4% no 1º trimestre de 2023, ante o 4º trimestre de 2022. O percentual ficou mais de quatro vezes inferior ao da região Nordeste, que foi de 6% no mesmo período avaliado.
Os dados compõem o Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Na semana passada, a instituição já havia divulgado o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br).
Tanto o IBCR quanto o IBC-Br são considerados prévias do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A média nacional apontou para uma alta de 2,41% de janeiro a março em relação ao trimestre anterior.
Na comparação com o 1º trimestre do ano passado, contudo, tanto o IBCR do Ceará, quanto o do Nordeste apresentaram o mesmo percentual de crescimento: 1,9%, ou pouco menos da metade do verificado no IBC-Br nacional, que ficou em 3,87% no mesmo período analisado.
Parte da explicação para os números modestos no 1º trimestre de 2023, na comparação com as economias nordestina e brasileira, o Ceará vem de uma base comparativa alta por ter apresentado forte recuperação dos efeitos do início da pandemia de Covid-19 e as paralisações de atividades em 2020, já nos anos de 2021 e 2022, conforme especialistas ouvidos pelo jornal O POVO.
O sócio da M7 Investimentos, Thomaz Bianchi, diz que “o Ceará teve um forte crescimento no setor de serviços no ano passado. No entanto, o fato de ter registrado um crescimento menor que o Nordeste e a média nacional no 1º trimestre deste ano pode ser atribuído ao de que a aceleração no setor de serviços foi mais intensa no ano anterior, resultando em um efeito de base elevado. Isso pode ter influenciado na desaceleração relativa observada neste ano”.
O pesquisador João Mário de Santos França, do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) lembra que “quando são olhados os dados anuais, o Ceará está muito próximo ali do Nordeste também em termos de crescimento”. Ele acrescenta que “é preciso ficar atento a essa dinâmica de curto prazo, mas no longo prazo, a tendência é que o Ceará volte a ter um nível de crescimento acima da média do Nordeste”. Nesse sentido, o IBCR do Estado no acumulado dos últimos 12 meses foi de 2,8%, próximo ao nordestino.
Por sua vez, o economista Wandemberg Almeida lista fatores recentes que ajudam a explicar o relativamente baixo crescimento da atividade econômica estadual no 1º trimestre. “Logo no começo do ano, nós tivemos algumas baixas, tais como o fechamento de grandes fábricas e a perda de emprego dentro do nosso estado. Nós tivemos uma taxa de desemprego muito forte em janeiro, por exemplo. Então tudo isso gerou certo impacto na atividade econômica”, cita.
Olhando para o dado mais recente sobre a atividade econômica cearense, referente ao mês de março, o índice avançou 0,8% ante o mês de fevereiro, por exemplo. Já na comparação entre março deste ano e março do ano passado, o crescimento foi mais expressivo, de 2,3%. O Nordeste, por sua vez, registrou IBCRs, de 3,1% e 2,2%, respectivamente, nos dois períodos analisados.
Por fim, ainda segundo o Banco Central, o Brasil teve queda de 0,15% na atividade econômica de março quando comparada à de fevereiro deste ano e alta de 5,46% quando comparados os meses de março de 2023 e de 2022.
Previsão
Investimentos em energias renováveis, aquecimento de vendas de automóveis e aumento no poder de consumo das famílias devem voltar a acelerar crescimento da atividade no Ceará, dizem especialistas