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Usina de biodiesel em Quixadá deveria ser ampliada, diz especialista
Economia

Usina de biodiesel em Quixadá deveria ser ampliada, diz especialista

Expedito Parente Júnior, diretor de Infraestrutura da Adece, especialista em biocombustíveis e pesquisador do Departamento de Engenharia Química da UFC, faz uma avaliação do mercado
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Mamona foi a base para a produção de biodiesel da planta em Quixadá (Foto: ANTONIO SCORZA)
Foto: ANTONIO SCORZA Mamona foi a base para a produção de biodiesel da planta em Quixadá

Com a lei que obriga o mercado a aumentar o percentual do biodiesel sobre o diesel anualmente, o potencial da Usina de Quixadá que fabricava o combustível no Ceará poderia ser aproveitado.

Desativado pela Petrobras desde novembro de 2016, o empreendimento deveria ser reativado e ampliado, segundo avaliação de Expedito Parente Júnior, diretor de Infraestrutura da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), além de especialista em biocombustíveis e pesquisador do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Embora frise que a decisão de retomar ou não o negócio no Estado seja da Petrobras e que não cabe a ele essa avaliação, pondera que a empresa poderia aproveitar um mercado importante. "Quando a Petrobras desinvestiu, naquele mesmo momento, o setor estava voltando a investir, foi na contramão do mercado."

Para se ter ideia, a ampliação da presença de biodiesel no diesel foi determinada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão de assessoramento do presidente da República, em março deste ano.

Este percentual já foi de de 10% para 12% em 2023. Mas a proposta estabelece que o teor será elevado para 13% em abril de 2024, para 14% em abril de 2025 e para 15% em abril de 2026.

Veja entrevista sobre a Usina de Biodiesel de Quixadá na rádio O POVO CBN 

 

Em entrevista aos jornalistas Jocélio Leal e Juliana Matos Brito no programa O POVO no Rádio na O POVO CBN, Expedito reforça ainda que o setor de biodiesel vem crescendo a dois dígitos por ano e compara ainda que a cada ponto percentual a mais do combustível no diesel são mais de 10% de demanda para o setor.

Diante disto, diz que a usina desativada em Quixadá "deveria ser ampliada duplicada ou triplicada, porque a demanda é grande", avalia, acrescentando que o maior concorrente para essa planta seria a da Bahia.

"É uma planta que eu projetei (a da Bahia), operei e gerenciei durante muitos anos e conheço bem um ambiente em que essa essa usina de Quixadá está enfrentando."

Questionado qual foi o erro para que a planta tivesse fechado, Expedito explica que houve descompasso na produção da mamona, mas que o biodiesel é fabricado a partir de qualquer óleo vegetal ou gordura animal.

"De fato, a mamona não se consolidou como matéria-prima para a produção de biodiesel no Brasil, não só no Ceará. Primeiro porque é um óleo muito caro, mas é um óleo que tem aplicações muito nobres."

Mas o cerne da questão, para o especialista, era que, à epoca, o Ceará não tinha uma política de incentivo fiscal equivalente ao que se tinha em outros estados do Nordeste, em especial a Bahia, e como a comercialização de biodiesel ocorria até pouco tempo atrás via leilão não dava para competir.

"O governo chegou até a prometer depois que a Petrobras fechou, mas ainda assim isso não foi o suficiente para eles retornarem a produção", diz, acrescentando que quem conhece o setor sabe que é possível gerar valor com essa fábrica. 

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