Se por um lado, o Nordeste vem apresentando expansão em seu peso relativo na indústria brasileira, por outro a região tem um histórico de baixa industrialização que remonta o início do século XX.
O fenômeno aconteceu paralelamente ao de rápida expansão industrial de São Paulo, com a riqueza acumulada previamente a partir do ciclo cafeeiro, e do Rio de Janeiro, com a indústria petrolífera que cresceu, principalmente a partir da década de 1950.
Para o economista-chefe do Banco Master e professor da Escola de Economia (EESP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Gala, "uma vez que se cria uma economia de escala fica difícil para as regiões concorrentes reverterem essa tendência. Mesmo a área de serviços se desenvolve mais nessas regiões industrializadas, como o Sudeste".
Ele afirma que esse tipo de desequilíbrio regional não é exclusividade do Brasil e aconteceu em países como a Itália e os Estados Unidos, com a diferença que nas duas nações, o norte teve maior desenvolvimento industrial que o sul.
"Depois que esse processo está desequilibrado, os governos tentam fazer políticas como a instalação de polos industriais, a concessão de subsídios, tais como os incentivos fiscais que os sucessivos governos no Ceará ofereceram e, com isso, permitiu o fortalecimento de indústrias têxteis e calçadistas, por exemplo", citou.
Ele acrescentou que "com as energias renováveis, esse jogo pode virar com o Nordeste tendo uma vantagem competitiva em relação às outras regiões. A transição energética pode acelerar esse processo de reindustrialização".