A reoneração do diesel para bancar o programa de carros populares deve impactar no encarecimento de fretes e outras logísticas de transportes, chegando ao preço final dos produtos ao consumidor. O que vai pesar no orçamento das famílias, sobretudo, daquelas de baixa renda. A avaliação é do consultor de petróleo e gás, Bruno Iughetti.
Conforme anúncio feito na quarta-feira, 28, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a extensão do programa de incentivos para a compra de carros com desconto em mais R$ 300 milhões, vai exigir como contrapartida a antecipação em R$ 0,03 da reoneração do diesel a partir de outubro.
Destes R$ 300 milhões extras, R$ 100 milhões estavam previstos na medida provisória original, que concedia uma folga de recursos, mas os outros R$ 200 milhões exigirão uma nova medida provisória que mude a reoneração do diesel.
Na avaliação de Iughetti, essa decisão vai penalizar principalmente as camadas mais pobres da população. "Para que tudo isso aconteça, está tendo essa reoneração do diesel, que tem impacto no dia a dia de todos os brasileiros, principalmente nas classes mais baixas, porque pagam ônibus e alimentos da cesta básica, que são influenciados pelo preço do óleo diesel."
Além disso, ele explica que o governo não pensou em outra forma de incentivar o programa, sem reonerar os combustíveis, e essa foi a decisão mais fácil.
"E isso para quê? Para justamente beneficiar aos compradores de carro que não são da classe mais baixa, mas sim da classe média ou alta. É um cenário muito complexo que deve sempre ser questionado pelo consumidor, porque nenhum desses movimentos está vindo com o objetivo de reduzir custos."
Anteriormente, esta medida estava prevista apenas para janeiro de 2024. Porém, para compensar a perda de arrecadação com o programa de carros populares, o governo decidiu reverter parcialmente a desoneração sobre o diesel.
Quando o programa foi divulgado, já havia sido anunciado que o combustível seria reonerado em R$ 0,11 depois de 90 dias. Ou seja, em setembro.
Com a extensão, a reoneração subirá para R$ 0,14 em outubro. A quantia faz parte dos R$ 0,35 de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) que estavam previstos para serem cobrados apenas no próximo ano.