Ao completar 71 anos neste 19 de julho em meio a mudanças significativas na economia brasileira e internacional, o Banco do Nordeste (BNB) figura no cenário nacional como uma das entidades que possuem uma ação relevante na forma como o restante do País enxerga a Região, segundo avalia a economista Tânia Bacelar.
Ser relacionado à pobreza, ao baixo índice de desenvolvimento e ao programa Bolsa Família é o estigma que o Nordeste continua carregando e que precisa ser revisitado pelas demais regiões, entidades e até o próprio governo em alguns casos, segundo alerta.
"Essa visão (de que a Região continua a mesma, pobre) é muito difundida no centro de poder econômico, que é São Paulo, e poder político, que é Brasília. Então, acho que temos uma oportunidade já que os governos estão mudando e que o mundo está mudando", afirma.
Mudar esse entendimento e demonstrar que o "Nordeste de hoje não é o mesmo do Século XX" é o principal desafio para que as oportunidades de desenvolvimento regional sejam realmente aproveitadas pelos nove estados, defende a pesquisadora.
"O Banco do Nordeste, a Sudene e o Consórcio Nordeste podem formular uma agenda deles, uma agenda ampla, construírem uma visão realista do Nordeste atual e propostas para o engate do Nordeste no século XXI com um modelo de desenvolvimento novo e não reproduzir o velho", ressalta.
Na prática, ela se refere ao novo entendimento do mundo sobre o meio ambiente e como as novas ideias promovem mudanças na base da economia - no caso dos estados nordestinos, especialmente em tudo que haja sobre a geração de energias renováveis e produção do Semiárido.
Tânia aponta a preocupação das organizações internacionais com as questões ambientais como motivador para que o Brasil possa transformar cadeias produtivas e encaixar a nova industrialização nessas oportunidades.
Além disso, ela acredita que as propostas feitas na defesa da preservação da Amazônia sejam espelhados para o Semiárido.
Desde a criação, o BNB se projetou forte e tem desempenhado papel decisivo no estímulo ao progresso entre pequenos, médios e grandes investidores. Nos últimos anos, mesmo com as adversidades provocadas pela pandemia de Covid-19, o banco continuou batendo recordes de desembolso.
Em 2023, eleito o banco de desenvolvimento do ano pela Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento (Alide), o BNB encerrou o semestre com R$ 21 bilhões contratados no Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que opera com exclusividade.
Hoje, sob o comando de Paulo Câmara, a instituição busca novos recursos com instituições do Exterior para fomentar ainda mais os projetos que surgem na área de atuação. Além disso, o BNB se alinha à nova política federal com foco maior na redução das desigualdades.
O papel de agente indutor do desenvolvimento, executando políticas públicas, é que Tânia espera do BNB. Mas a pesquisadora considera que há um conjunto de novos líderes que podem agir nesse intuito e cita os novos governadores nordestinos.
Tânia diz entender o ritmo adotado pelo governo federal para "reposicionar o Brasil no mundo", mas afirma que, no Nordeste, "a gente precisa ser mais rápido".
71 anos
O BNB realiza, hoje, 19, um evento de comemoração dos 71 anos na sede da instituição, em Fortaleza, na qual reúne parceiros para uma apresentação sobre a economia nacional