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Petrobras eleva preços da gasolina e do diesel, sob pressão externa
Economia

Petrobras eleva preços da gasolina e do diesel, sob pressão externa

|NAS REFINARIAS| Combustíveis têm aumentos de, respectivamente, R$ 0,41 e R$ 0,78, válidos a partir de hoje. Reajustes marcam primeira alta dos produtos em quase sete meses
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ALTA de preços deve chegar também aos postos de combustíveis  (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS ALTA de preços deve chegar também aos postos de combustíveis

A Petrobras anunciou ontem um reajuste no preço da gasolina e do diesel em suas refinarias de, respectivamente, R$ 0,41 e R$ 0,78, por litro, que passam a valer a partir de hoje.

As altas dos dois combustíveis são as primeiras realizadas em quase sete meses e representam elevações de cerca de 16,2%, no caso da gasolina e de 25,8% no caso do óleo diesel.

O movimento era esperado por especialistas ouvidos por O POVO, devido à defasagem em relação aos valores dos dois produtos derivados do petróleo no mercado externo, a despeito do abandono oficial da política de paridade de preço de participação (PPI) realizado em maio deste ano.

A escassez do diesel no mundo e um eventual risco de desabastecimento também são apontados como fatores que contribuíram para a decisão da Petrobras. O impacto do reajuste nos postos de combustíveis ainda é considerado incerto, devido às demais componentes que formam o preço final.

Tanto no caso da gasolina, quanto no do diesel, os novos preços a serem praticados nas refinarias seguirão inferiores aos verificados no fim do ano passado, mas os dois produtos vinham apresentando comportamento diferente em relação ao valor que o consumidor final paga nas bombas.

No Ceará, por exemplo, o litro da gasolina custava em média R$ 5,49 na última semana de dezembro e fechou a última semana custando R$ 5,94 (alta de 8,1%). Por outro lado, o diesel que custava R$ 6,75 o litro, em média, estava custando R$ 5,04 na última semana (queda de 25,3%), segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Para o assessor econômico do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, o setor “estava se preparando esse tempo todo porque na realidade já era para ter tido esse aumento há muito tempo, por isso é que foi tão violento. Agora foi feita uma correção de rumo do que vinha sendo feito errado”, referindo-se à defasagem em relação aos preços internacionais.

Costa confirmou que os postos de gasolina vão, sim, repassar o custo ao consumidor, mas disse que ainda é cedo para afirmar o quanto isso vai representar na prática. “A gente só sabe quando recebe a nota porque na realidade o repasse é diferente do que acontece na refinaria. Isso porque existe o acréscimo do biodiesel e do etanol anidro e quem faz esse cálculo é a distribuidora. Só depois chega no varejo”, explica.

Ele acrescenta que as grandes variações entre os preços de combustíveis entre os estados decorre também das diferentes necessidades de importação dos produtos ou da compra de refinarias privadas.

“Eu soube um dia desses que em Pernambuco eles recebem 100% de combustível da Petrobras, mas aqui mal chega a 40%. A gente importa no Ceará quase 40% do que consome e pouco mais de 20% vem de refinarias privadas de estados como Amazonas, Rio Grande do Norte e Bahia”, detalha o assessor econômico do Sindipostos.

Nesse sentido, o consultor em engenharia de petróleo e diretor da RPR Engenharia, Ricardo Pinheiro reforça que o “aumento atual é um alinhamento feito devido à pressão dos aumentos do petróleo bruto no mercado internacional. De junho até a semana passada, o petróleo bruto no mercado internacional subiu aproximadamente 17%”. Ele pontua, contudo, que os reajustes não significam um retorno à chamada PPI.

“Qual é a diferença? O PPI se baseava no preço dos derivados do petróleo, a gasolina e o diesel, por exemplo, no mercado internacional. O que a Petrobras está fazendo agora é uma precificação em que ela se baseia no preço do petróleo bruto, que não inclui custos de refino, salários e frete”, conclui Pinheiro.

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ÚLTIMOS REAJUSTES

Gasolina

07/12/22 - R$ 3,08
25/01/23 - R$ 3,31
01/03/23 - R$ 3,18
17/05/23 - R$ 2,78
16/06/23 - R$ 2,66
01/07/23 - R$ 2,52
16/08/23 - R$ 2,93

Diesel

07/12/22 - R$ 4,49
08/02/23 - R$ 4,10
01/03/23 - R$ 4,02
23/03/23 - R$ 3,84
29/04/23 - R$ 3,46
17/05/23 - R$ 3,02
16/08/23 - R$ 3,80

Nos postos
Preço médio no Ceará*

Gasolina comum

Dez/22 - R$ 5,49
Jan/23 - R$ 5,56
Fev/23 - R$ 5,73
Mar/23 - R$ 5,73
Abr/23 - R$ 5,90
Mai/23 - R$ 5,59
Jun/23 - R$ 5,45
Jul/23 - R$ 5,92
Ago/23* - R$ 5,94

Diesel S10

Dez/22 - R$ 6,75
Jan/23 - R$ 6,59
Fev/23 - R$ 6,34
Mar/23 - R$ 6,03
Abr/23 - R$ 5,80
Mai/23 - R$ 5,23
Jun/23 - R$ 4,96
Jul/23 - R$ 4,92
Ago/23* - R$ 5,04

Gasolina
Composição média do preço**

Revendedoras e distribuidoras: 20,1%
Valor da mistura do etanol anidro: 12,1%
ICMS: 22,1%
Impostos federais: 12,5%
Participação da Petrobras: 33,3%

*Último levantamento, concluído em 12 de agosto
** Média nacional


Fontes: ANP/Petrobras

Brasília (DF) 25/04/2023  Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. (CAE)  Foto Lula Marques/ Agência Brasil.
Brasília (DF) 25/04/2023 Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. (CAE) Foto Lula Marques/ Agência Brasil.

Campos Neto: reajuste terá impacto na inflação de 0,4 pp

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o reajuste nos combustíveis promovido pela Petrobras terá impacto na inflação e estima que ele possa afetar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 0,40 ponto percentual entre agosto e setembro.

"Hoje teve um aumento grande em combustíveis, que tem impacto na inflação.O impacto da gasolina (na inflação) é direto na cadeia. Ainda terá algumas revisões com o reajuste de hoje", disse Campos Neto, em evento na sede da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).
Sobre a alta dos combustíveis, Campos Neto estimou que "o impacto será de mais ou menos 0,40 pp entre os meses de agosto e setembro".

O presidente do Banco Central repetiu nesta terça que o Brasil tem feito um "pouso suave" na inflação com pouco custo para o crescimento da economia. Ele voltou a citar as revisões para cima nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023.

No evento da FPE, ele repetiu que há uma há "desancoragem gêmea" tanto nas estimativas do mercado para a inflação quanto para o resultado fiscal. Repetindo a apresentação feita na semana passada no Senado e em dois eventos em Curitiba (PR), ele voltou a pontuar as dificuldades estruturais de se reduzir gastos públicos no País.

No começo do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma queda de 0,50 ponto percentual dos juros básicos, para 13,25% ao ano, o que surpreendeu uma parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais "parcimoniosa", de 0,25 ponto. O colegiado sinalizou ainda a manutenção do ritmo de cortes nas próximas reuniões. (Agência Estado)

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Entidades do setor divergem sobre decisão da estatal

Entidades ligadas à cadeia produtiva do petróleo e dos combustíveis reagiram de modos distintos à decisão da Petrobras em reajustar os preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias, a partir de hoje.

A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) citou a continuidade da defasagem dos preços dos dois produtos em relação ao mercado internacional, a despeito do aumento.

Segundo a Abicom, a defasagem no fechamento da segunda-feira, 14, registrou taxa de 28% em relação ao preço do diesel, a mais alta este ano, e para o preço interno ser equiparado pela estatal ao mercado internacional e viabilizar importações, o aumento deveria ser de R$ 1,18 por litro. Já a gasolina deveria ter alta de R$ 0,86 por litro, para chegar ao preço internacional, que estava defasado em 26% até o dia 14.

Por sua vez, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) considerou, por meio de nota, que o reajuste evidencia a necessidade urgente acelerar o processo de autossuficiência no refino de derivados de petróleo, reduzindo, ou até mesmo eliminando, importações no médio e longo prazos.

De acordo com a entidade, a demanda interna do Brasil é de 2,4 milhões de barris por dia de derivados de petróleo, frente a uma capacidade instalada de refino, incluindo as refinarias privadas, de cerca de 2 milhões de barris/dia. Pressionada pelos preços internacionais do petróleo e pela alta do dólar, a estatal anunciou alta de 25,8% para o diesel e de 16,2% para a gasolina.

Analistas do mercado financeiro, por fim, consideraram o reajuste como uma forma de assegurar o abastecimento no País, principalmente no caso do diesel.

Com o preço anterior, revendedores já relatavam dificuldades na compra do combustível, usado pela maior parte da frota de caminhões do País. (Com Agências)

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