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Preço do diesel dispara e acende alerta sobre efeito em cascata
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Preço do diesel dispara e acende alerta sobre efeito em cascata

| Ceará | Em sete dias, aumento no preço de bomba chega a 9,6% no Estado
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 Aumento do percentual do biodiesel no diesel será discutido no Congresso após o Carnaval (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS  Aumento do percentual do biodiesel no diesel será discutido no Congresso após o Carnaval

O preço médio do litro de óleo diesel no Ceará disparou 9,6% nos postos de combustíveis, na comparação entre a semana que se encerrou neste sábado, 26, e a semana imediatamente anterior, passando de R$ 5,81 para R$ 6,37, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Encarecimento preocupa pelo efeito cascata que pode gerar nos preços de outros produtos e serviços.

 No último dia 16 deste mês, a Petrobras elevou em 25,8% o preço médio do diesel e em 16,3% o da gasolina nas refinarias. A alta vem na esteira da alta da cotação internacional do petróleo.

Nos postos, o diesel S10, o mais consumido no País, teve alta um pouco menor no mesmo período observado, de 4,6%, passando de R$ 5,80 para R$ 6,07, segundo a ANP.

Contudo, quando a comparação é feita com a semana anterior ao reajuste de R$ 0,78, que a Petrobras aplicou no preço do litro do produto nas refinarias, o aumento chega a 20,4%, ou R$ 1,03 nas bombas, em uma quinzena.

Para o consultor na área de petróleo e energia, Bruno Iughetti, o aumento maior que o esperado no caso do litro do diesel S10 estaria mais relacionado ao comportamento do mercado, segundo Iughetti.

"A demanda pelo S10 nas grandes capitais está muito ativada. Então, há uma oferta reduzida em relação às necessidades de consumo e isso impacta no preço final ao consumidor. Com toda certeza, o diesel S10 sofre esse efeito de oferta e demanda, pela melhor qualidade que ele oferece", analisa o especialista.

Entenda como alta do diesel afeta outros preços 

A alta nos preços do diesel é preocupante porque traz reflexos na composição de preços de outros produtos e serviços, afirma o economista Ricardo Coimbra. "Parte significativa das cadeias produtivas no Brasil dependem muito do modal rodoviário."

Ele explica que o efeito cascata sobre outros setores não é imediato e pode variar de acordo com o segmento. Indústrias, por exemplo, que têm cadeias mais longas e que precisam buscar insumos de regiões mais distantes, como o sul do País, tendem a ter um impacto maior nos preços, por conta dos custos do frete.

Em setores como o do transporte público urbano o reflexo será sentido mais na ocasião do debate do reajuste de passagem, já que o preço dos combustíveis tem peso considerável na composição da tarifa.

Melhora da safra pode atenuar efeito sobre alimentos 

Por outro lado, no caso dos alimentos, uma conjuntura nacional e internacional mais favorável tem potencial de fazer com que os efeitos reais da alta do combustível neste momento possam ser atenuados, alerta o economista e supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Reginaldo Aguiar.

Para o especialista, a grande inflação dos alimentos verificada, principalmente nos anos de 2020 e 2021, ocorreu, além das próprias consequências da pandemia de Covid-19, por conta de aspectos macroeconômicos ausentes na atualidade.

Conforme ele explica, naquela época houve três fatores determinantes para os preços subirem. O primeiro foi o aumento da demanda externa, o segundo foi a alta do preço das commodities e o terceiro foi uma desvalorização da moeda brasileira, frente ao dólar.

"Hoje, você tem exatamente o inverso acontecendo em relação a esses três componentes. A questão do frete é um componente do custo geral, mas não é o maior e a gente já teve custos maiores, o que faz com que a expectativa futura seja de que os preços fiquem estáveis", afirma.

 

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A gasolina comum também teve alta expressiva, de 2,9% na última semana, passando de R$ 6,14 para R$ 6,32. Quando a comparação é feita com a semana anterior ao reajuste que esse produto sofreu pela Petrobras, que foi de R$ 0,41, a alta foi de 6,3% em uma quinzena.

Conforme levantamento da ANP, nos últimos 15 dias, o preço final do litro da gasolina comum no Ceará aumentou R$ 0,38.

O valor é menor do que os R$ 0,41 de alta no preço médio às distribuidoras pela Petrobras e que entrou em vigor no último dia 16 de agosto.

Já o preço médio do litro da gasolina aditivada subiu 2% nos postos, indo de R$ 6,14 para R$ 6,30, segundo a ANP.

Para o consultor na área de petróleo e energia, Bruno Iughetti, o aumento menor que o esperado, no preço do litro da gasolina comum se explica, por conta da composição do produto, que leva 27% de etanol anidro em sua composição.

"Com relação à gasolina, já houve uma estabilização de preços, porque na semana anterior ao aumento da gasolina nas refinarias houve um impacto de alta do etanol anidro, mas nessa semana que se finda, o valor do etanol anidro teve um alívio e regressou aos patamares anteriores", explicou.

No Ceará, a gasolina mais barata é encontrada a R$ 5,85 em postos de combustíveis de Canindé. E a mais cara é comercializada no município de Itapipoca, com preço de até R$ 6,65. Em Fortaleza, os valores estão entre R$ 5,97 e R$ 6,39.

Por sua vez, o gás natural veicular (GNV), ficou com preço médio do metro cúbico (m³) estável, valendo os mesmos R$ 4,95 verificados na semana encerrada no dia 19.

Já o preço médio do litro do etanol hidratado subiu 0,8%, passando de R$ 4,75 para R$ 4,79. Apesar de ter subido menos que a gasolina comum, o combustível segue menos competitivo, já que especialistas calculam que o valor do etanol deve ser igual ou inferior a 70% do preço da gasolina. Atualmente, a paridade entre os produtos está em 75,7%.

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