Promover negócios entre cearenses e franceses, especialmente em energias renováveis, imobiliário e turismo, será o foco da Antena - Câmara de Comércio França-Brasil fundada neste ano no Ceará. A iniciativa mira reunir, até o fim de 2023, uma dúzia de associados e mapear investidores franceses já instalados no Estado na missão de induzir as relações entre eles e apontar oportunidades mais vantajosas economicamente.
A representação é a primeira no Nordeste e é criada com a proposta de atuar em mais três unidades da federação: Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte. Ao agregar associados nestes estados, a Câmara projeta um número cinco vezes maior no fim de 2024.
"A França, ou melhor, os franceses têm mais de mil empresas no Brasil, geram cerca de 470 mil empregos e os olhos estão muito voltados para o Ceará. Nossa meta é se tornar, em dois anos, a terceira maior Câmara do País. Só vai ficar abaixo de São Paulo e Rio de Janeiro", projeta o advogado Ilo Marques, responsável pela iniciativa, em entrevista exclusiva ao O POVO.
Sócio do escritório R Amaral Advogados, ele conta que a ideia de trazer uma representação da mais antiga câmara de comércio em atividade em território brasileiro - cerca de 120 anos, a partir do Rio de Janeiro - surgiu ainda em 2012 e tomou força a partir de 2018, com a consolidação de grandes investidores da França no Ceará.
Marques cita a Air France como indutora do cenário que o estimulou a criar a Câmara. Principal empresa do hub aéreo cearense, a companhia aérea tornou a França a maior emissora de turistas europeus para o Ceará. Além disso, ele menciona o peso da rede de supermercados Carrefour e a companhia de energia Qair para a economia local.
Reunir os grandes investidores vai ser dar por meio dos associados de São Paulo com os quais se relacionou a partir do contato com Pedro Antonio Gouveia Vieira Almeida e Silva, presidente nacional da CCIFB (Câmara de Comércio França-Brasil).
Mas Marques conta que um mapeamento das empresas de capital francês instaladas no Ceará está sendo feito a partir da coleta de dados na Junta Comercial do Ceará. O objetivo é identificar esses empresários e articular as ações deles via a Câmara. No País, somados pequenos e grandes, o número de associados supera os 420.
A relação entre os associados se dá em várias instâncias na Câmara, desde a promoção de encontros de relacionamento entre os empresários, apontamentos de oportunidades de negócios e, especialmente, promoção de negócios entre os pares.
Especialista em direito empresarial, Ilo Marques conta que outra missão encarada por ele à frente da Câmara França-Brasil no Ceará será desmistificar entendimentos dos franceses que chegam para investir no Estado e dar mais segurança jurídica a eles.
“Nas primeiras conversas com os investidores estrangeiros, muitas vezes, já há um certo preconceito, uma preocupação e até uma imagem às vezes um pouco deturpada do Brasil. A gente vai desconstruir isso, demonstrando os desafios, mas, com uma assessoria correta e um planejamento, vamos mostrar que é possível investir com total segurança no Brasil”, ressalta.
Apresentadas as intenções, Marques prepara uma agenda de articulações com entidades representativas e governos locais para a promoção da Câmara que deve culminar com um evento presencial para reunir os primeiros associados do Ceará.