A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) registrou o quinto maior aumento na desigualdade na comparação entre o 2º trimestre deste ano e o 2º trimestre do ano passado, em levantamento realizado em 22 metrópoles brasileiras.
O aumento da desigualdade na Grande Fortaleza foi de 5,4%, passando de um coeficiente de Gini (principal indicador internacional de concentração de renda) de 0,607 para 0,640.
Vale lembrar que quanto mais próximo de 1, mais desigual é determinada região. Apenas as regiões metropolitanas de Cuiabá (12,1%), Teresina (8%), São Luís (7,4%) e Belo Horizonte (5,7%) tiveram altas mais expressivas.
Os dados constam do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, elaborado em parceria entre o Observatório das Metrópoles, o PUCRS Data Social (da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e da Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedOdsal).
O boletim apontou ainda que o fenômeno aconteceu, a despeito do aumento na média de rendimentos geral registrada na Grande Fortaleza, nesse período, que passou de R$ 1.023 entre os meses de abril e junho de 2022 para R$ 1.072, nos referidos meses em 2023.
O estudo também apontou um aumento na razão entre a renda dos 40% mais pobres e dos 10% mais ricos na metrópole cearense, que passou de 29 para 33,8 vezes, bem como no percentual de pessoas vivendo em domicílios com renda per capita (por pessoa) inferior a R$ 303.
Para o pesquisador do Observatório das Metrópoles, professor do IPPUR-UFRJ (um dos coordenadores do estudo), Marcelo Ribeiro, “o que se observa no caso de Fortaleza, diferentemente do que tem acontecido no conjunto das metrópoles, é que aí, apesar de estar havendo o aumento do rendimento médio geral, no mercado de trabalho, o segmento de menor renda tem tido diminuição em seu rendimento médio”.
Ribeiro, que é também professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR-UFRJ), detalha que “o segmento dos 40% de menor renda na Grande Fortaleza tiveram diminuição de seus rendimento de R$ 166,32, no 2º trimestre do ano passado para R$ 146,23, no 2º trimestre deste ano”. Isso representa uma queda de 12,1% no período observado.
No panorama nacional, também houve aumento de desigualdade, embora em menor proporção, e com aumento nos rendimentos médios de todos os estratos sociais. Enquanto os 40% mais pobres tiveram aumento no espaço de um ano de 1,9%. Já os 50% intermediários tiveram crescimento de renda de 8,1. Por sua vez, os 10% mais ricos tiveram seus rendimentos incrementados em 9,9%.
“As camadas de menor renda não tem conseguido acompanhar, percentualmente, o crescimento mais elevado dos segmentos de mais alta renda. E isso aumenta a desigualdade porque o segmento de menor renda cresce pouco, praticamente estabelecendo uma situação de estagnação”, conclui Marcelo Ribeiro.
Situação da metrópole
Média de rendimentos
2º tri/2022: R$ 1.023
2º tri/2023: R$ 1.072
Pobreza (% da população)
2º tri/2022: 31,07%
2º tri/2023: 34,35%
Coeficiente de Gini
2º tri/2022: 0,607
2º tri/2023: 0,640
Razão entre renda dos 10% mais ricos e 40% mais pobres
2º tri/2022: 29,0
2º tri/2023: 33,8
Ranking de crescimento da desigualdade
1º Cuiabá: 12,1%
2º São Luís: 8%
3° Teresina: 7,4%
4° Belo Horizonte: 5,7%
5º Fortaleza: 5,4%
Fonte: Boletim Desigualdade nas Metrópoles