Ativista do movimento indígena desde a barriga da mãe, Thaís Hellen da Silva, 16, mora no território Pitaguary e estuda na escola profissionalizante Luíza de Teodoro Vieira, em Pacatuba, município da região metropolitana de Fortaleza.
Ela é liderança jovem do seu povo e começou no movimento ainda criança e hoje é monitora no Museu Indígena Pitaguary, guia nas trilhas ecológicas, palestrante, artista visual e representa o Ceará como indígenas no conselho jovem do Unicef.
Além disso é escritora, integrante do grupo Juventude indígena Pitaguary e faz parte do projeto da Juventude Indígena Conectada (JIC), e adolescente do Núcleo de Cidadania da Criança e do Adolescente (Nuca) de Pacatuba.
As experiências adquiridas com os trabalhos voluntários fazem com que Thaís sonhe trabalhar no Unicef, atuando com a juventude, dando palestras e fazendo mais projetos sociais. "Quero Direito, pois acredito que minha vocação é defender os direitos das crianças e adolescentes", enfatiza.
Ela revela que pensa muito como vai ser sua vida no mercado de trabalho e fica muito preocupada. "Existe o papinho da meritocracia e sabemos que não funciona para indígenas, pessoas de periferias pobres, quilombolas, LGBTQIA . Não nascemos em berço de ouro e muitas vezes não temos nem condições de estudar, quem dirá chegar no mercado de trabalho", conta que isso causa ansiedade e depressão aos jovens.
Já Kris Kelly da Silva, 16, também moradora de Pacatuba e estudante do 2º ano do Ensino Médio (EM) na escola Casimiro Leite de Oliveira sonha em ser Policial Militar, pois avalia que a área tem muito respeito e ação, duas coisas que a atraem.
Assim como Thaís, sente-se com ansiedade ao falar sobre emprego e tem medo de não conseguir entrar no mercado de trabalho. Atualmente não está trabalhando e avalia como incrível a experiência vivida na Rede Cuca com os executivos e empresários.
"Conheci profissionais maravilhosos que já passaram da fase jovem e que puderam nos aconselhar muito", disse.
Outro jovem de 16 anos, Nicolas Chaves da Silva, que estuda no 1º ano do EM na escola indígena ITA-ARA comenta que gosta da escola e não está trabalhando ainda. Pretende ser técnico de informática, pois faz curso e acredita que dá para se aprimorar e viver disso.
Acredita se necessário mais encontros como o proporcionado pelo Unicef para acontecerem trocas de sabedoria e saberes entre adultos e adolescentes.
“É uma forma da gente olhar para o mercado de emprego com outros olhos e também aprender que o emprego é importante para nossa vida”, finaliza.