Morar de aluguel em Fortaleza está 18,67% mais caro no acumulado deste ano. A Capital teve a terceira maior alta de 2023 entre as 11 brasileiras pesquisadas. O primeiro lugar ficou com Florianópolis (29,35%).
Os dados são do Índice FipeZap+, que aponta o preço médio do metro quadrado (m²) para locação de imóveis de R$ 27,59. Ao todo foram considerados 3,6 mil anúncios de imóveis em setembro.
O valor do m² é o menor entre capitais pesquisadas. Os valores médios mais altos estão em São Paulo (R$ 50,69) e Florianópolis (R$ 50,46). No Nordeste, as outras duas capitais citadas são Recife (R$ 46,33) e Salvador (R$ 32,10).
De acordo com o estudo, em Fortaleza, o índice teve variação em setembro foi de 1,56% e, nos últimos 12 meses, a variação ficou em 16,65%.
Alison Pablo de Oliveira, coordenador do Índice FipeZap, afirma que no geral das 25 cidades analisadas (11 capitais e cidades populosas) a demanda por imóveis residenciais para aluguel aumentou. Isso, segundo ele, se dá por conta da inacessibilidade das famílias nos créditos imobiliários.
"Com os juros altos, as famílias acabam não conseguindo arcar com o valor das prestações dos imóveis, que podem comprometer até 30% das rendas. Com isso, a única solução acaba sendo o aluguel e a alta da procura aumenta também os preços."
Ele lembra que no ano passado o mercado imobiliário de aluguel teve a maior alta desde 2011 e que a alta deste ano é em cima deste valor que já estava muito majorado.
Além disso, a retomada da economia também é apontada pelo especialista como motivo de aumento dos valores, assim como o preço baixo do metro quadrado na Capital.
“Isso dá margem para que os proprietários aumentem os valores ainda mais, de acordo com o mercado", reforça Alison.
Com o preço de R$ 40,6 por m², o Mucuripe é o bairro mais caro para locação de imóveis da Capital. O segundo é o Meireles (R$ 37,1), seguido pelo Engenheiro Luciano Cavalcante (R$ 31,3).
Já quando se olha para o aumento dos valores levantados pelo Fipezap+, os bairros que tiveram maior alta nos preços são o Engenheiro Luciano Cavalcante e Aldeota, com 37,4% e 34,5%, respectivamente.
O estudo aponta apenas os 10 mais caros na cidade. Assim, Fátima, Joaquim Távora e São João do Tauape ficaram na ponta de baixo da tabela, com valores em torno dos R$ 18 o m².
Arthur de Castro, sócio da Casa 4 Administradora de Imóveis, destaca que atualmente em Fortaleza, um apartamento bem localizado e em condições de ser imediatamente locado tem três interessados simultâneos, em média.
“No setor residencial a oferta está muito baixa, o que faz com que os preços estejam subindo com frequência.”
Ele comenta que no mercado o perfil do imóvel que mais está faltando é o que possui de 100 a 130 metros quadrados. Porém, com o perfil de morador que a Capital tem recebido, é provável que em um futuro próximo, os compactos também fiquem muito disputados.
“Com a vinda do ITA (Instituto Tecnológico Aeronáutica), os jovens do Nordeste que migravam para o sudeste vão morar em Fortaleza e isso vai inchar esse setor também, por exemplo.”
Já o presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis (Secovi-CE), Sérgio Porto, reforça a reorganização urbana que ocorreu no pós-pandemia, também como motivo para a movimentação e aumento dos valores de aluguel.
“Muitas pessoas repensaram o seu conceito de morar e apartamentos grandes, de 400 metros quadrados, por exemplo, estão caindo em desuso.”
Para tentar amenizar esses imóveis estão sendo alugados em regime de divisão (quando pessoas que não são da mesma família dividem a moradia).
“Isso aumenta o valor dos imóveis menores, que estão tendo mais procura.”
Ele pondera ainda que a oferta de imóveis para alugar também está mudando por conta do perfil do investidor cearense.
“A geração patrimonialista, que é a partir dos 40 anos, que gosta de investir em imóveis, tem diminuído e as novas não têm o mercado imobiliário como foco.”
Mucuripe: R$ 40,6 /m²
Meireles: R$ 37,1 /m²
Engenheiro Luciano Cavalcante: R$ 31,3 /m²
Aldeota: R$ 27,8 /m²
Cocó: R$ 27,6 /m²
Centro: R$ 22,5 /m²
Papicu: R$ 21,9 /m²
Fátima: R$ 18,4 /m²
Joaquim Távora: R$ 18,1 /m²
São João do Tauape: R$ 18,1 /m²
Amostra: 3.607 anúncios
Variação no mês: +1,56%
Variação acumulada no ano (2023): +18,67%
Variação acumulada em 12 meses: +16,65%
Preço médio: R$ 27,59 / m²
Rendimento do aluguel 0,37% a.m./ 4,49% a.a.
Fonte: Índice FipeZAP.
População residente (2021) 2.703,4 mil pessoas
Área territorial (2021) 312,4 km²
PIB per capita (2020) R$ 24.254 per capita
Quantidade de domicílios (2021) 894,6 mil domicílios
Quantidade de apartamentos (2021*) 194,6 mil apartamentos
Renda média domiciliar (2021) R$ 4.578 por domicílio
Fonte: IBGE.
Nota: quantidade de apartamentos em 2021 foi estimada