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Empreendedorismo nas favelas movimenta R$ 5,8 bi no Ceará
Economia

Empreendedorismo nas favelas movimenta R$ 5,8 bi no Ceará

|Pequenos negócios| Estudo mostra que 99% dos empreendedores atuam na própria comunidade em que moram. E 85% deles pretendem ampliar ou abrir um novo negócio nos próximos 12 meses
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 O Conjunto Palmeiras é um exemplo da força econômica das periferias (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE  O Conjunto Palmeiras é um exemplo da força econômica das periferias

Os empreendedores das favelas no Ceará movimentam R$ 5,8 bilhões por ano, de acordo com levantamento realizado pelo Data Favela.

A pesquisa estima ainda que mais de 870 mil pessoas morem em favelas. O que equivaleria à segunda maior população do Estado, atrás apenas de Fortaleza. E que o empreendedorismo nesses espaços nem sempre é planejado e estruturado.

"É mais uma experiência que vai sendo vivida aos poucos e na qual oportunidade e necessidade muitas vezes caminham lado a lado. Ainda assim, seis em cada 10 afirmam ter empreendido mais por necessidade", declara Renato Meirelles, fundador do Data Favela, que elaborou o estudo com patrocínio do Sebrae.

Renato Meirelles coordenou a pesquisa realizada pelo Data Favela (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Renato Meirelles coordenou a pesquisa realizada pelo Data Favela

Para Meirelles, a pesquisa mostra uma realidade diferente do que o senso comum acredita que existe nas comunidades. Pois, se por um lado é evidente a situação de desigualdade, de ausência de oportunidades, por outro, há a potência das favelas.

"(Para muitas pessoas) É como se a situação de desigualdade impactasse fortemente a criatividade da favela, a vontade de empreender dos seus moradores. Mas a pesquisa mostra o potencial de consumo, que aqui Ceará passa dos R$ 5 bilhões", ressalta.

Para o fundador do Data Favela isso deixa nítido que tem uma oportunidade para as pessoas deixarem o preconceito de lado e olharem que esse território é também de oportunidades e de solidariedade. "Esse território pode ser a matriz do crescimento econômico agora na retomada da economia brasileira", aponta.

Outro dado da pesquisa que chama a atenção é que 99% dos empreendedores atuam na própria comunidade em que moram. E que 85% deles pretendem ampliar ou abrir um novo negócio nos próximos 12 meses. 

Ele explica que isso gira um círculo virtuoso na economia. Isso porque se o dinheiro da favela fica no local, potencializa os negócios ali existentes.

"Fortaleza é um exemplo para o Brasil em relação às moedas comunitárias, por exemplo, que fortalecem esse ecossistema local. E essa mesma lógica de deixar o dinheiro da favela dentro da favela fortalece fortemente a economia nacional", destaca.

O pesquisador acredita que esse é um movimento sem volta e que as favelas de Fortaleza ajudam a liderar esse movimento no restante do Brasil. Além de mostrar que é o empreendedorismo que claramente vai alimentar a retomada da economia brasileira.

E ainda defende o uso das moedas sociais, pois elas são fundamentais para aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) da favela.

"A solidariedade local também é fundamental para aumentar o PIB da favela. Essa lógica faz com que economia cresça mesmo em momentos de adversidade. Por isso é tão importante o Sebrae patrocinar pesquisas como essa feita em Fortaleza. Pesquisas como essa colocam em número aquela realidade que todo mundo que não tem preconceito já consegue enxergar sobre as favelas."

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Potência das favelas

Perfil

- Movimentação
dos empreendedores no Ceará -
R$ 5,8 bi/ano

- 96% pertencem às classes C/D/E

- Os negros representam 72% do total

- 52% possuem o Ensino Médio completo

- 99% dos empreendedores atuam na própria favela em que moram

- 60% deles empreendem por necessidade

Segmento de atuação:

- 42% prestam serviços

- 33% comercializam produtos de terceiros

- 25% comercializam o que produzem

Área de atuação

- Alimentação
e bebidas - 30%

- Beleza e estética - 18%

- Economia criativa - 13%

Formalização

- 78% não possui CNPJ

Perspectiva futura

- Otimistas em relação
ao seu negócio - 85%

- Prioriza ampliar o negócio ou abrir um novo em 12 meses - 86%

Fonte: Pesquisa Data
Favela para o Sebrae

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A falta
de estrutura
compromete a autopercepção
dos empreendedores. Apenas 4% se enxergam como empresários, segundo estudo do Data Favela

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