O hub de hidrogênio verde (H2V) em desenvolvimento no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) vai precisar de uma nova subestação, no médio prazo, e do aparato de novas linhas de transmissão, no longo prazo, conforme análise de especialistas em energia elétrica ouvidos por O POVO.
Para isso, um primeiro passo seria incluir, já no leilão de transmissão previsto para ser realizado pelo governo federal em março de 2024, a subestação Pecém III, que acrescentaria 3 GW (gigawatts) em capacidade disponível para o hub.
Especialistas calculam que apenas os quatro primeiros projetos com pré-contrato assinado devem demandar 8 GW, quando estiverem funcionando a pleno vapor.
Atualmente, tal empreendimento não consta em documento de consulta pública aberta pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o leilão, que contempla 15 lotes, dois dos quais envolvendo diretamente o Ceará e outro envolvendo indiretamente o Estado.
Segundo o presidente do CIPP, Hugo Figueiredo, o governo do estado já está pleiteando a inclusão junto ao Ministério de Minas e Energia, antes que seja publicado o edital de licitação.
“A gente faria um seccionamento para colocar a Subestação Pecém III, que vai nos dar 3 GW, e aproveitar a capacidade que já temos da Subestação Pecém II, em termos de potência, e usar essa capacidade, só que lá na nossa área do hub, da ZPE 2”, explica Figueiredo.
Ele acrescenta que “a subestação Pecém II não permite conexão porque não tem mais ponto de conexão. Então, ao fazer a subestação Pecém III, a gente vai colocar mais pontos de conexão dentro do hub”.
O governo federal prevê investimentos da ordem de R$ 20,5 bilhões em 14 unidades federativas, com geração total de 41 mil empregos diretos. As novas linhas de transmissão e seccionamentos terão a extensão somada de 6.745 quilômetros e 9.200 MVA (megavolt-ampères) de capacidade de transformação.
O consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará(Fiec), Jurandir Picanço, diz que “no futuro, a transmissão será realmente um grande problema porque um projeto industrial se realiza em poucos anos, mas as linhas de transmissão têm mais dificuldades porque são projetos que levam mais anos”.
“Então, há necessidade de um planejamento muito afinado porque isso, no futuro, em um processo de crescimento muito longo vai ser um grande gargalo e um grande desafio”, acrescenta Picanço.
O mesmo observa o presidente do CIPP, Hugo Figueiredo.
“Em determinado momento, nós vamos ter o gargalo. Parte dessa solução vem através do leilão de transmissão que ocorrerá em março do próximo ano. Mas a gente vai precisar de novos leilões de transmissão ainda no ano que vem”, defende. (Colaborou Armando de Oliveira Lima)
1º LEILÃO DE TRANSMISSÃO
O que está previsto nos lotes que envolvem diretamente o Ceará
Lote 1
- Linha de transmissão Quixadá-Crateús
- Linha de transmissão Crateús -Teresina IV
- Linha de transmissão Ibiapina II-Piripiri
- Trechos de linha de transmissão entre a Subestação Teresina IV e o seccionamento da linha de transmissão Tianguá-Teresina II
- Subestação
Teresina IV
- Subestação Crateús e Compensação Síncrona
Lote 3
- Linha de transmissão Morada Nova-Pacatuba
- Linha de transmissão Banabuiú-
Morada Nova
- Linha de transmissão Morada Nova-Russas
- Linha de transmissão Alex-Morada Nova
- Trechos de linha de transmissão entre a Subestação Pacatuba e o seccionamento da linha de transmissão Pecém II-Fortaleza II
- Trechos de linha de transmissão entre a Subestação Pacatuba e o seccionamento da linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II
- Trechos de linha de transmissão entre a Subestação Morada Nova e o seccionamento da linha de transmissão Açu III-Quixadá
- Trechos de linha de transmissão entre a Subestação Morada Nova e o seccionamento da Banabuiú-Russas II
- Trechos de linha de transmissão entre a Subestação Alex e o seccionamento da linha Banabuiú-Mossoró II
- Subestação
Morada Nova
Fonte: Aneel