O início da operação das eólicas offshore, quando as torres são instaladas no mar, deve ter início em 2031, segundo estimou Leonardo Euler, vice-presidente da área de relações com o governo na América Latina da Vestas. A empresa dinamarquesa possui uma única unidade em operação no Brasil, localizada em Aquiraz, a 30,3 km de Fortaleza.
"Acredito que o PL 576 está sendo apreciado na Câmara dos Deputados seja aprovado ainda este ano. Não sei se vai dar tempo para aprovação no Senado. Mas entendo que as operações de parque eólicos offshore vão começar depois de 2031. Porque, em um parque onshore, quando você vende as turbinas são entregues cerca de 1 ano e meio depois. Em offshore, em função da escala e da complexidade exponencialmente maior, a demora vai ser de cinco anos", afirmou em entrevista ao O POVO.
Perguntado se, a partir da definição do marco legal, a unidade do Ceará estaria apta a receber a tecnologia de turbinas para eólicas offshore, Euler afirmou que seria preciso construir uma nova fábrica. A justificativa se dá pela diferença entre os equipamentos para geração de energia em terra e em mar, segundo ele.
O executivo, então, revela que o mais estratégico seria a instalação de uma nova unidade próxima ao Porto do Pecém, a qual teria "a logística necessária para implantação dos projetos", e para isso já existem interlocuções com o Complexo do Pecém, que administra o terminal.
"Nós entendemos que a fábrica do Ceará pode ser exportadora. O caribe colombiano tem muitos bons ventos e nós já instalamos projetos lá. A distância até lá é quase a mesma que daqui para o Rio Grande do Sul. Então, a gente entende que o Brasil podem contribuir também para a instalação de parques nos outros países da América do Sul", destacou.
A unidade possui 63 mil metros quadrados de área, dos quais 10 mil são de área construída. Emprega diretamente 189 profissionais e já entregou 6 gigawatts em projetos, "o que corresponde a praticamente metade de Itaipu", diz o executivo.
Sobre o Estado, Euler elogia a postura cearense em relação às energias renováveis, "que, para além da dotação natural de bons ventos fortes e constantes, tem tido também uma visão de estado colocando a transição energética no centro das políticas públicas".
No Ceará para o Fiec Summit, há duas semanas, Leonardo Euler falou que vê um “um binômio muito relevante: de energia eólica offshore, particularmente, e hidrogênio Verde”, e diz que a empresa possui experiência internacional reconhecida há mais de 25 anos. A turbina V236, de 15 MW de capacidade, diz ele, é “o paradigma de exploração eólica offshore no mundo”.
Todos os planos, no entanto, estão condicionados à aprovação do marco legal com maior agilidade, que dê mais segurança aos investidores, e o executivo demonstra estar ciente: “A Vestas tem olhado isso, mas é importante dizer que, hoje, nós temos uma competição de capital internacional. Embora o Brasil tenha bons ventos, não é uma condição suficiente para o país protagonizar a transição energética. Tem países com menor risco de capital e maior retorno”, observou, reforçando a necessidade de agilidade na aprovação de uma legislação para a modalidade.