Logo O POVO+
Fim da desoneração pode gerar onda de demissões
Economia

Fim da desoneração pode gerar onda de demissões

Impacto social
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Alta tributação pode resultar em desemprego, dizem especialistas (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil Alta tributação pode resultar em desemprego, dizem especialistas

Outro objetivo por trás da política de desoneração da folha de pagamento no Brasil, considerada uma das mais altas do mundo, era a geração de empregos. A escolha dos setores beneficiados se deu em grande parte por estarem entre os que mais contratam. Contudo, economistas ouvidos por O POVO destacam que dada a conjuntura econômica e as mudanças nas relações de trabalho com o aumento na automação, a desoneração da folha teria um papel muito maior no sentido de evitar ondas de demissão decorrentes do avanço das ferramentas de inteligência artificial e que já alcançaram algumas das grandes empresas de tecnologia no início de 2023.

Para o presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Igor Lucena, "não significa que essas empresas precisam do benefício para se tornarem competitivas. Elas precisam do benefício para não demitir porque, se elas perderem esse benefício, vão incorporar o aumento de custos que não existia em 2011 com uma realidade econômica muito pior e um nível de endividamento ainda maior. Então, o problema é conjuntural. A conjuntura do Brasil está de tal forma que se de fato forem retirados esses benefícios, você vai ter uma onda de demissão".

Por sua vez, o conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec Brasil), Ricardo Coimbra, disse acreditar que a discussão poderia ser incluída no âmbito da reforma tributária em tramitação na Câmara dos Deputados. "Você poderia ter dentro desse processo de implantação de mudança tributária, inclusive, esse mecanismo de progressividade e de equiparação tributária em relação à folha, em todos os setores", avaliou.

Lucena também vê espaço para incluir a discussão na reforma tributária, mas em um segundo momento que não o da votação da PEC 45/2019, que basicamente está focada na tributação sobre o consumo. "Na discussão sobre renda vai caber essa situação. Até porque se você pegar qualquer país do mundo é irreal você pagar 20% em cima da folha do trabalhadores e ainda ter que pagar valores como o FGTS, multas etc", pontua.

"No final, dependendo do setor fica entre 80% e 100% do valor por trabalhador. Então, isso vai ter que ser necessário se a gente quiser de fato não só aumentar o nível de emprego, mas que as pessoas tenham empregos de qualidade possam receber mais. Mas eu acho que isso vai ficar totalmente para 2024", projeta o presidente do Corecon-CE.

O que você achou desse conteúdo?