O fim das operações da Termofortaleza, usina termelétrica com capacidade para gerar 327 megawatts (MW), anunciado pela Eneva, deve acelerar os planos do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) de produzir amônia verde.
A empresa fluminense pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que fosse antecipada, para o próximo dia 28, a data de encerramento da outorga concedida para operar a usina, instalada no Terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) do Pecém. A vigência prevista inicialmente era 27 de dezembro de 2033.
O terminal era operado pela Petrobras, que vai encerrar no dia 27 (portanto, um dia antes do anunciado pela Eneva) suas atividades, que incluem o fornecimento do GNL, e transferir seus ativos no local para o CIPP. Em nota enviada ontem ao O POVO, o complexo portuário confirmou que “avalia a necessidade de descontinuar definitivamente esse terminal de regás no Píer 2 do Porto do Pecém para dar lugar a operação de amônia verde e outros combustíveis líquidos”.
O CIPP, que tem o governo do Ceará como principal acionista e como principal sócio o Porto de Roterdã, acrescentou no comunicado que quando receber esses ativos do terminal de regaseificação também vai colocá-lo em modo de “hibernação” e que uma eventual reativação ocorreria apenas, caso “novas térmicas a gás natural ou outros clientes de porte semelhante justifiquem a sua reentrada em operação”.
Já sobre a termelétrica propriamente dita, a Eneva havia informado mais cedo que “enquanto não forem firmados novos contratos de fornecimento de gás natural para a termelétrica nem para a comercialização de energia, a Eneva planeja hibernar a usina. Mas ratificamos que a estratégia é, sempre, buscar oportunidades futuras para desenvolver opções de suprimento, bem como venda de energia”.
A empresa esclareceu ainda que a decisão ocorreu “devido à necessidade em honrar seus compromissos contratuais de venda de energia, considerando a disponibilidade operacional da usina”, mas não foi clara quanto ao destino dos profissionais que trabalham na termelétrica limitando-se a dizer que “possíveis decisões serão comunicadas com transparência”.
Para o secretário executivo de Energia e Telecomunicações, Adão Linhares, o encerramento temporário ou definitivo das atividades da Termofortaleza não significa necessariamente uma tendência de exclusão das fontes termelétrica da matriz energética cearenses, mas está inserida em um contexto no qual, além da amônia, também o hidrogênio verde ganham espaço.
“As termelétricas a carvão, sim, a gente quer que os compradores façam a substituição por outra fonte menos poluente, como o próprio gás natural (que era utilizado pela Eneva), ou migrem até para o hidrogênio, quem sabe”, projetou.
Termofortaleza