O Portocem, que planeja instalar uma termelétrica em São Gonçalo do Amarante, na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará até 2026, confirmou ontem que a gigante petrolífera Shell decidiu não continuar as negociações para o fornecimento de Gás Natural Liquefeito (GNL), principal insumo para a operação desse tipo de usina.
Em nota, o consórcio controlado pela estadunidense Ceiba Energy afirmou em nota, que com a não continuidade das negociações “nos termos que as empresas vinham negociando, a companhia se viu obrigada a ir ao mercado buscar um novo parceiro para o contrato de Gás Natural Liquefeito, com o objetivo de abastecer a usina termelétrica a ser instalada no Ceará”.
Embora em condições diferentes, o anúncio vem quatro dias depois que a Eneva informou que encerraria as operações da usina Termofortaleza, que fica no município de Caucaia. A decisão estava relacionada ao fim do contrato para fornecimento de GNL pela Petrobras. Em ambos os casos, o custo alto do insumo e da própria operação de usinas termelétricas em um contexto de alta oferta de fontes renováveis de energia, bem como o próprio apelo ambiental, aparecem como pano de fundo.
Essa é a avaliação do consultor em engenharia do petróleo, Ricardo Pinheiro. “As termelétricas são extremamente dependentes do GNL que é regaseificado no Terminal do Porto do Pecém. O que acaba atingindo essas duas empresas é que o custo do GNL é muito caro e gera uma energia muito cara, que tem de ser jogada no mercado para competir com outras fontes que, hoje, estão extremamente mais baratas que a termelétrica”, explica.
Pinheiro, que é também diretor da RPR Engenharia, acrescenta que novos projetos em geração de usina termelétrica devem enfrentar dificuldades ainda maiores à medida em que avança o processo de transição energética. “As energias renováveis, além de serem mais baratas, são muito mais bem aceitas hoje. As termelétricas têm sido instaladas muito mais para garantir uma espécie de reserva quando cai a produção das renováveis”, pondera.
No caso específico da usina termelétrica do consórcio Portocem, o empreendimento demanda investimentos de R$ 5 bilhões e foi aprovado pelo Conselho Nacional das ZPEs (CZPE) em julho, com a autorização para ocupar 0,5% da área da ZPE Ceará. A outorga pelo Ministério de Minas e Energia e contrato com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) foram feitos ainda no ano passado e têm duração de 15 anos.
Um ano antes, o consórcio Portocem havia vencido o 1º Leilão de Reserva de Capacidade de Potência (CRCAP), com um projeto de 1.572 MW. Vale lembrar que o País enfrentou, em 2021, uma crise hídrica que afetou o nível dos reservatórios das regiões Sul e Sudeste, o que levou a um maior acionamento de termelétricas, inclusive no Ceará. Essa produção, junto com a das fontes renováveis, evitou um possível apagão.
No fim de novembro, o consórcio teve uma vitória importante ao ter recebido a aprovação do projeto da Linha de Transmissão da Portocem - Subestação Pecém II. A linha a ser implantada no município de São Gonçalo do Amarante, vai transportar energia gerada pela usina termelétrica da empresa para o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Linha
No fim de novembro, o consórcio teve uma vitória importante ao ter recebido a aprovação do projeto da Linha de Tran smissão da Portocem - Subestação Pecém II. A linha vai transportar a energia da usina para o Sistema Interligado Nacional (SIN)