As prefeituras dos municípios em que a Paquetá detinha operação no Ceará e que tiveram confirmadas demissões e encerramento de atividades foram pegas de surpresa com a situação. Conforme O POVO apurou, os gestores tinham a situação como resolvida após a assinatura do Termo de Compromisso com o Estado e o fim da recuperação judicial.
A operação da Paquetá no Estado era espalhada em seis municípios: Itapajé, Pentecoste, Irauçuba, Apuiarés, Uruburetama e Tururu.
Com o cenário negativo, o restante das prefeituras agora corre para substituir o investimento e ocupar novamente os galpões. Apenas dois municípios estão com situação garantida, já que os espaços foram repassados para empresas do mesmo segmento.
Por meio de nota, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE), que foi a responsável por viabilizar o Termo de Compromisso, informou ao O POVO que mantém articulação com empresas calçadistas para fortalecer o setor na região.
A intenção, conforme a nota, é que o galpão ocupado pela Paquetá seja assumido por outra empresa. "Vale destacar que outras empresas do setor seguem em operação em municípios da região, garantindo emprego e renda à população", diz a nota.
O radialista e blogueiro da região de Pentecoste, Raimundo Moura, destaca que, em março, a Paquetá já havia demitido 200 colaboradores. E, no último dia 27 de novembro, anunciou o encerramento de suas unidades em Pentecoste e Apuiarés. Com isso, mais de 700 colaboradores foram demitidos.
O que deve "salvar" o município de Pentecoste é a previsão de abertura de 600 vagas a partir da ampliação de operação de outra indústria calçadista na cidade, a Valenti Calçados.
Em Uruburetama, a prefeitura do município já tem a previsão de chegada da calçadista nacional Arezzo. Visitas à fábrica até então ocupada pela Paquetá já foram realizadas e a perspectiva é de que os quase mil funcionários recém-demitidos sejam aproveitados na nova operação, que deve abrir ainda mais vagas para operar na região.
Em Irauçuba, o secretário do Desenvolvimento Econômico municipal, Henrique Sousa, destaca que a gestão já negocia com outra empresa para ocupar o galpão deixado desocupado pela Paquetá.
Ao todo, quase 140 pessoas perderam seus empregos naquela que era a segunda maior operação econômica da cidade, que sedia outra empresa e é dependente da indústria calçadista. "O impacto na economia local é enorme", diz.