Faltando pouco mais de 24 horas para a tradicional ceia natalina e troca de presentes, o consumidor em Fortaleza aposta em diferentes estratégias para conseguir comprar mais e garantir que ninguém saia sem uma lembrancinha na principal data cristã e também do comércio.
A simbologia de se presentear remonta à própria história do nascimento de Jesus Cristo, que tem origem incerta. Incerteza, contudo, não está nos planos das milhares de pessoas que circulam pelos grandes shopping centers e supermercados da cidade.
Conforme projeção do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da Fecomércio-CE, as compras de Natal em 2023 devem movimentar R$ 448 milhões no comércio de Fortaleza, ou cerca de 7,7% a mais que o verificado no ano passado.
Presentes e itens para ceias serão comprados em grande volume e o que muda são as estratégias para fazer o dinheiro, reforçado pelo 13º salário, render mais e contemplar o máximo de familiares, amigos e até colegas de trabalho.
O movimento foi intenso neste sábado, 23, no Shopping RioMar Fortaleza, no Papicu, e deve aumentar nas últimas horas deste domingo, 24, quando o estabelecimento funcionará das 9h às 18h.
A arquiteta Eveline Sampaio, de 44 anos, foi com o marido Daniel Holanda e a filha Laila, de 10 anos, a uma loja de brinquedos.
“Nós estamos buscando alguns presentes para trazer a felicidade das crianças da família, mas aproveitando o momento também para conversar sobre aquilo que realmente é útil, aquilo que é importante a gente ter”, ressaltou Eveline.
“A gente ensina a ela que é momento de aproveitar o momento para ganhar brinquedos, mas que eles possam ser utilizados para brincar com os amigos e aproveitar as férias. E que o mais importante é o momento e não o objeto. A gente conversou bastante sobre isso, agora mesmo antes de entrar na loja, porque senão vai virar só mais um brinquedo no armário”, disse.
Sobre as compras para o restante da família, a arquiteta afirmou que “para presentear todos, a gente tem que realmente fazer escolhas mais racionais, de presentes de valores mais baixos, porque senão ficaria impossível presentear todo mundo. Então, o Natal acaba sendo um momento de interação e de felicidade porque ganhar e dar algo é sempre bom”.
Cristiane de Oliveira, 45, foi às 14h ao Shopping Iguatemi comprar presentes para a família. "Eu acho que tá vendendo muito. Está cheio em toda loja, mas o atendimento tá sendo rápido", relatou a cuidadora de idosos, que se programou para terminar o dia com tudo resolvido para a comemoração de Natal.
Pensamento semelhante tem a dentista Rita Meire, de 45 anos, que aproveitou não apenas para comprar presentes destinados aos familiares, mas também para quem trabalha com ela.
“Nessa época de Natal, aflora na gente a vontade de doar. E a gente procura comprar coisas acessíveis, mas que sejam importantes para as pessoas”, enfatizou.
“Já comecei algumas compras antes, mas a gente sempre deixa outras para mais próximo do Natal, porque não tem jeito no corre-corre do dia a dia. A gente faz a troca com a família, com funcionários (da clínica em que trabalha) e pessoas mais próximas. Não deu para comparar muito preços, mas já vim procurar coisas específicas”, destacou Rita.
A psicóloga Ana Elise Magalhães Ellery, também de 45 anos, planejou com alguma antecedência o que ia comprar.
“A gente acaba se planejando para presentear aqueles familiares e amigos mais próximos que a gente quer demonstrar um gesto de carinho. Então, escolhemos realmente aquelas pessoas mais próximas”, explicou.
Sobre os preços que encontrou, contudo, ela observou que alguns itens ficaram mais caros em relação a 2022.
“Algumas lojas estão fazendo combos e promoções para gente levar mais de uma peça e aí fica um preço mais acessível, mas, de uma maneira geral, eu achei que as coisas estão mais caras”, avaliou.
O engenheiro Itamar Coelho, de 68 anos, também teve a mesma percepção com relação ao valor dos produtos vendidos nos shopping centers, mas ressaltou que a diversidade de itens acaba compensando os preços salgados.
“Eu sou avô. Meus netos ficam sempre extremamente ansiosos e é cada vez mais difícil escolher porque são tantas opções, mas é um período muito interessante que a gente fica com espírito muito mais para cima”, celebra.
Se os consumidores ficam animados para as compras, para quem trabalha no comércio a expectativa é de vender o máximo possível até o início da noite do domingo de Natal.
Samara Lima, de 38 anos, que é gerente de uma loja de brinquedos no Papicu “a preparação dura praticamente um semestre inteiro porque no fim do ano é quando a gente tem um dos melhores faturamentos, principalmente, por conta da magia do Natal. A gente trabalha com crianças e a expectativa sempre é positiva. Então, a gente se prepara com bastante antecedência para sempre melhor atender o cliente e levar essa magia para a casa das crianças”.
“O shopping vai funcionar de 9h às 18h. Então a gente já vai estar aqui prontinho da abertura até a hora de atender o último cliente. A gente tem expectativa bastante positiva de crescer em relação ao passado. O comportamento do cliente mudou um pouco. Hoje ele vê muito o mundo digital, então, quem vem à loja física a gente busca servir da melhor forma para ter o melhor resultado. O cliente tem então os dois caminhos: um fluxo bem legal no site e clientes que deixam para o último momento”, pontuou Samara.
Denilson dos Santos, de 28 anos, que atua como vendedor em uma loja de material esportivo, ponderou, nesse sentido, que no segmento em que trabalha a compra realmente tem ficado para a última hora, especialmente quando o feriado do Natal se prolonga, como ocorreu em 2023.
“Historicamente, quando é um feriado prolongado, o movimento no sábado fica aquém mesmo. A gente entende que muita gente viaja e já se adianta, comprando tudo bem antes, mas sempre tem quem compre mesmo na última hora”, afirmou.
“Ainda assim, a gente esperava mais movimento porque a Black Friday foi muito boa e a expectativa estava muito alta”, concluiu Denilson.
Em outro shopping center da Capital, a previsão é de que o crescimento das vendas no Natal seja de 4% em comparação a período equivalente do ano passado.
Lia Carvalho, gerente de marketing do North Shopping Fortaleza, no bairro Presidente Kennedy, disse que esse percentual “representa uma venda expressiva para o varejo. Alguns segmentos, como o de artigos esportivos, telefonia, calçados e vestuário têm se destacado bem”.
“A gente tem percebido um crescimento desde o fim da semana passado, então, o fluxo do shopping já vem muito bom, na semana a gente também sentiu um bom fluxo aqui cedo e a expectativa é que o fluxo seja ainda maior neste fim de semana”, avaliou Lia.
Para quem só puder ir às compras de Natal no domingo, 24, a gerente de marketing do North Shopping deu um conselho, já projetando o grande movimento de última hora.
“Meu recadinho para quem conseguir se antecipar e vir um pouquinho mais cedo para o shopping é que terá uma experiência diferenciada, porque para a tarde, a expectativa é de um público muito alto”, apontou.
A movimentação no entorno do Shopping Parangaba, no bairro Parangaba, é intensa neste sábado, 23. Na entrada principal do centro comercial, clientes se acumulvam nesta tarde na espera por carros de aplicativos para sair do local após as compras.
O POVO esteve no local e observou que, por volta das 15h30min de hoje, os veículos enfrentavam trânsito para circular nos arredores, quando muitos compradores ainda chegavam para resolver as pendências para o Natal.
Mariana Santos, 26, chegou por volta das 13h, quando "já estava bem cheio". "Vim comprar presente pra família. A gente sempre quer dar algo no Natal, né. É uma das marcas. Para alguns, eu não sabia o que ia comprar, mas consegui. Tem muita opção", relata.
José Roberto, 43, todo dia vai ao shopping buscar o filho, que trabalha em uma loja no local. "Depois de 16h é sempre lotado. Todo fim de semana", relata o motociclista. Nesse fim de semana, a movimentação deve ser ainda maior, opina o caldereiro.
O Centro de Fortaleza amanheceu movimentado neste sábado, 23, último dia antes do começo das festas de Natal. Muitas pessoas foram às tradicionais compras de última hora.
Uma das pessoas que se deslocaram até o local foi a recepcionista Vânia Silva. “Eu vim comprar minha roupa para usar amanhã e aproveitar para comprar umas lembrancinhas”.
O professor Bruno Lima também decidiu fazer compras. “Hoje vou olhar umas lojas de calçado, ver se eu compro um tênis. Dependendo do preço eu levo para casa”.
Neste sábado, as lojas da região vão fechar às 20h, de acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Nos dias de véspera, 24 e 31, o funcionamento vai apenas até as 14h. (Colaboraram Jullie Vieira e Gabriel Damasceno)