Considerado um ano de ajustes acertados e conquista inédita no campo econômico, 2023 deixa para 2024 uma base para um desenvolvimento econômico sustentável ao mesmo tempo que alerta para o controle dos gastos, tanto no âmbito nacional quanto no estadual. Ouvidos pelo O POVO, economistas comentam as possibilidades e os riscos projetados para os próximos 12 meses.
O ano que encerra daqui a dois dias teve as bases econômicas firmadas ainda em 2022, quando a proposta de emenda à constituição (PEC) da transição foi firmada. O texto reelaborou o orçamento de 2023 e deu crédito a Fernando Haddad quando indicado para o Ministério da Fazenda.
Haddad, inclusive, cumpriu uma agenda intensa na qual figuraram com destaque um novo arcabouço fiscal, aprovado no meio do ano, e a inédita reforma tributária. Resultado? O Brasil ganhou duas posições no ranking do Fundo Monetário Internacional (FMI) e rating elevado pela Standard & Poor já em dezembro.
João Mário de França, professor da pós-graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen-UFC), destaca a aprovação da reforma tributária como principal indutor de impactos positivos na economia brasileira em 2024 e também nos anos seguintes.
“Sem dúvida, foi a grande reforma aprovada esse ano e era uma reforma há muito tempo esperada no Brasil. Claro que podia ser melhor, mas eu acho que dadas as restrições políticas foi um ótimo condicionado que foi conseguido”, analisou.
Focada na simplificação do sistema tributário nacional - e não na redução do peso dos impostos -, a reforma insere o Brasil na lista de países que contam com um Imposto de Valor Adicionado (IVA). O aprovado terá um longo período de transição - até 2033 - e ainda depende de leis complementares para garantir a operação plena. No entanto, os efeitos sobre a economia foram imediatos.
Igor Lucena, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), aponta o desempenho o índice Ibovespa como reflexo da aceitação do mercado financeiro à reforma. Desde a aprovação pelo Congresso, a B3 atinge recordes de pontuação ao mesmo tempo que o dólar recua.
“Mas a reforma tributária não é ‘uma bala de prata’, você tem reformas microeconômicas que precisam ser feitas no Brasil”, alerta, apontando para a administrativa, especialmente.
Apesar das vitórias, como mencionam os economistas, o ministro da Fazenda não conseguiu conter a vontade de gastar do governo federal e tem a meta para o déficit primário de 2024 em xeque. O assunto expõe a principal crítica ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT): um gasto público além do necessário.
“De incerteza para o próximo ano continua a questão do equilíbrio fiscal das contas públicas do governo federal. Esse ano foi aprovado o arcabouço fiscal, mas ainda há muita incerteza, muita dúvida se o governo vai conseguir realmente cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024”, expõe João Mário.
Lucena reforça apontando a necessidade de uma revisão nas políticas públicas pelo governo federal, na qual seja possível cancelar programas que não estejam atingindo o objetivo e alocar o recurso em outros mais assertivos.
“Preocupa muito terminar o governo Lula com 80% de dívida porque o próximo governo vai chegar com 100%. Se a gente chegar em próximo a 100% de dívida não importa o nível de crescimento e não importa a inflação, o Brasil perde credibilidade e a gente vai ser forçado a cortar. E a gente vai cortar é aposentadoria, demitir servidor público, vai ser um negócio bem pesado. Então, acho que o foco de 2024 tem que ser fiscal”, alerta.
Os dois economistas afirmaram ainda que acreditam na continuidade da política de juros desempenhada pelo Banco Central na qual a Selic deve terminar 2024 abaixo dos dois dígitos, mas próxima dos 10%.
As ponderações são sobre o descontrole da inflação, que pode gerar maior rigor do BC. Mas a política de valorização do salário mínimo, programas indutores de crescimento como Minha Casa Minha Vida devem exercer influência nesta questão.
Da mesma forma que o estímulo ao desenvolvimento dado por programas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) devem influenciar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024. No entanto, os economistas acreditam em um desempenho semelhante ao deste ano - cujas projeções giram próximas a 3%.
No âmbito estadual, João Mário aponta o equilíbrio fiscal entre os gastos sociais e os investimentos como exemplo nacional. Perguntado se 2024 seria o ano da economia verde no Estado, dada a expectativa pelos projetos de hidrogênio verde, ele indica a necessidade da indústria local se voltar para essas novas oportunidades como forma de reverter os indicadores dos últimos anos.
Para o professor do Caen-UFC é preciso estar atento a como reduzir a pobreza entre os cearenses. “Aqui, muito se discute a questão dos salários baixos que são pagos na economia cearense em geral. O estado ocupa o 6º pior lugar do Brasil em relação ao salário médio pago. Isso tem muito a ver também com a questão da dinâmica da economia cearense. O Estado faz esse esforço na educação para qualificar melhor os seus estudantes, mas o mercado de trabalho ainda remunera mal porque a dinâmica da economia cearense é muito baixa, pouco diversificada e com indústrias ainda muito tradicionais. Então, o fato de você olhar essas indústrias que têm uma dinâmica maior, que tem um investimento maior em tecnologia, que tem um potencial de crescimento maior vai ser muito importante para os próximos anos da economia cearense", analisou.
Já o presidente do Corecon-CE diz que a demora dos investimentos em H2V sinalizam a necessidade de uma maior diversificação da economia local, onde o PIB tem 70% de participação do comércio e dos serviços.
“Se pudesse dar uma sugestão para o governador (Elmano de Freitas, PT), eu aconselharia o foco na internacionalização, na abertura de centros para não só vender o Ceará, mas exportar as empresas cearenses para o Exterior. A gente atrair uma visão de para-diplomacia comercial, eu acho que este seria o foco para 2024”, afirmou.
Preocupação com agravamento da crise hídrica
Estou muito apreensivo pela questão da provável seca. Acho que poderá ser um ano com os preços razoáveis, mas com muito problema hídrico. Por isso, deveremos ter um ano no qual vamos diminuir o nosso PIB do agronegócio do Ceará. Ainda não calculamos porque estamos avaliando a densidade da seca. Então, 2023 deve ser muito bom para o agronegócio do Brasil inteiro. Mas, provavelmente, o ano que entra não deve ser um ano bom.
A nossa relação de sequeiro e chuva está muito interligada porque a grande maioria da nossa região é de sequeiro. Devemos ter no Estado do Ceará mais ou menos 300 mil hectares de possível irrigação, entre perímetro irrigado e propriedades e isso é muito pouco comparado ao universo do sequeiro. Quando a gente fala em perímetro irrigado são 54 mil e só funciona 12 mil hectares. Ou seja, nada. Então, a predominância da chuva faz uma diferença muito grande no nosso PIB. Com a perspectiva de seca, nós não devemos ter um ano razoável.
O que é que acontece de fato com a dificuldade hídrica? Aqui tem alguns viés. Temos a fruticultura e a pecuária. Na pecuária, tem dificuldades não só de água mas também na produção de volumoso. Isso compromete o ganho de peso dos animais e a proatividade.
Quando falo de fruticultura, não pode crescer porque vai ter limitações, inclusive de outorgas. Nós estamos entrando no período chuvoso com 7 bilhões m³ aproximadamente. No último período de estiagem, entramos com 12 bilhões m³ nos reservatórios de água. Então é preocupante.
Com um El Niño do tamanho dessas proporções que está aí, de moderada a forte, nunca é um ano só de estiagem. Então, estamos imaginando que esse seja o primeiro de um ou dois anos. A ciência que está e imagino que esse ano de 2024 e 2025 sejam de seca.
Do governo federal esperamos algumas medidas. Primeiro: precisa voltar a venda ao balcão de grãos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). É muito importante. A gente quer ainda milho subsidiado para enfrentar essa crise. Segundo: uma coisa muito importante é ter a segurança hídrica de Fortaleza a partir da transposição do São Francisco.
Já o governo do Estado, o governador fez um discurso, que eu avalio como inoportuno, que vai investir 800 milhões no Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Ora, o MST tem mais de 400 assentamentos no Estado do Ceará e ele investir 800 milhões de reais? Então, eu espero que o governo deva investir alguns bilhões nos 384 mil propriedades rurais que tem no Estado do Ceará. Estou falando isso em tom de ironia porque não é possível.
Eu acho que o governo tem que cooperar. Nós fizemos algumas sugestões para o governo, dentre elas liberar a utilização de poço de água salobra. O governo tem que fazer cada vez mais nas pequenas propriedades as patrulhas para produção de volumoso, com a oferta de equipamentos para o pequeno produtor.
O governo do Estado deu mais de 2 mil tratores que não estão sendo bem utilizados. Nós queremos que chame as associações, os sindicatos rurais e coloque na mão desse pessoal equipamentos para que as pessoas possam fazer volumoso, que o produtor recolha e armazene para dar no segundo semestre.
Com inflação menor, setor quer reaver preço médio
Esperamos um ano muito melhor, até porque 2023 não foi muito bom para bares e restaurantes. Apesar do volume de estabelecimentos abertos, menos da metade estava dando lucro, com endividamento muito alto. A gente teve, na média do ano, 15% a menos de faturamento em relação ao ano passado. Então, acreditamos que ano que vem podemos ter um ano muito melhor com a alavancagem da economia. Primeiro ano de governo é sempre muito complicado, sempre tem muita insegurança, desconfiança do mercado e a gente espera que tenhamos um pouco mais de estabilidade e um ano melhor para bares e restaurantes.
É muito importante uma estabilidade maior da inflação, principalmente de alimentos. Estamos esperando que isso se regularize porque foi algo que prejudicou muito bares e restaurantes. Não só na compra de insumos, que ficaram muito mais caros, mas também na diminuição da frequência dos clientes. Os estabelecimentos não repassaram toda a inflação, mas isso chegou no bolso do consumidor diminuindo o poder aquisitivo. A gente espera um melhor controle inflacionário, especialmente alimentos, e com isso a retomada do poder de compra das pessoas. A gente espera que o PIB volte a crescer, mas não só de forma numérica, que tenha crescimento maior do emprego e do número de empresas sólidas. Tivemos um PIB crescendo, mas também vimos muitas empresas falindo. Parte do PIB foi sustentado nos gastos públicos, e isso não é sustentável na economia.
Dos governos federal e estadual, a gente pensa em redução de impostos. No Estado do Ceará, a primeira decisão do novo governo foi o aumento de ICMS, que impacta diretamente os preços de combustível, nos insumos e no poder aquisitivo das pessoas. No governo federal, a gente tem visto uma sinalização preocupante de aumento de impostos e estouro de contas públicas. Então, é preciso que tanto o governo do Estado quanto o federal consigam controlar melhor as suas contas, dependendo menos do aumento de impostos e possa dar um pouco mais de competitividade para as empresas brasileiras que, hoje, estão bastante sufocadas por impostos.
Com relação ao fim do parcelamento do cartão de crédito, fizemos uma campanha no Brasil inteiro porque isso significa o fim de uma forma de consumo muito alta. Mais de 70% paga suas contas no cartão de crédito e muitos parcelam. Isso impacta diretamente no consumo de bar e restaurante. As pessoas não vão deixar de comprar remédio, que hoje é parcelado no cartão, e outras coisas de primeira necessidade. Vão acabar cortando bar e restaurante.
O principal desafio para o nosso setor, e são vários, é conseguir controlar o endividamento dos bares e restaurantes. Ainda hoje há um efeito da pandemia, o qual precisa da sensibilização do poder público com linhas de crédito que mal chegaram aos empresários e viraram pesadelos com taxas de juros absurdas. A dívida de impostos também está muito alta, pois não foram perdoadas, só prorrogadas e a gente ficou sem trabalhar por um bem maior e força do poder público. E os impostos vieram pesadamente sem dó, sem piedade. O maior desafio vai ser, junto ao poder público, renegociar, ter bons descontos e até abonar. Porque veio uma bola de neve desde a pandemia e, se forem executados, a gente vislumbra uma quebradeira enorme de bares e restaurantes no ano que vem.
Outro desafio muito grande para um crescimento sustentável desse setor é ter mão de obra. Precisamos de pessoas formadas ou que queiram trabalhar nesse setor. Nós estamos com uma deficiência, só no Ceará, de mais de 5 mil postos de trabalho. Isso tem impedido os estabelecimentos de crescerem mais do que podem. Muitos até diminuíram o tamanho e outros acabam não abrindo novos negócios porque não têm mão de obra para começar. Então, são dois grandes desafios: diminuir o endividamento por empréstimos bancários e impostos, e conseguir atrair e formar mão de obra qualificada para esse setor poder crescer.
Alívio no crédito
Após um ano de 2023 de muitos resultados positivos, o Setor Varejista aposta em um novo ano com bons índices, ou, até mesmo, com recorde de vendas. Além disso, esperamos um aumento no número de empregos. Como nossa economia está em ascensão, isso faz crescer a demanda do comércio, que por sua vez precisa contratar mais.
Com a economia crescendo e o comércio precisando contratar mais, consequentemente, amplia-se o poder de compra. E sobre o consumidor que está inadimplente, apostamos em mais um ano de ações do Governo Federal, como a do Desenrola Brasil, por exemplo. Isso é outro fator que pesa muito nos resultados do comércio.
Esperamos, também, que tanto o Governo Estadual quanto o Governo Federal tomem decisões que impulsionem a economia, como manter as vendas parceladas no cartão de crédito. Se o governo garantir a permanência desse tipo de parcelamento, permitindo que as pessoas dividam suas compras sem pagar juros, isso seria positivo para o comércio e para os consumidores. Queremos também que o Governo reverta a isenção de imposto para compras internacionais até 50 dólares. As empresas que importam devem pagar impostos assim como o mercado nacional. Dessa forma, todos pagando os impostos, a economia segue com uma competitividade de igual para igual.
Agora, o que tem ajudado a nossa economia este ano é o Refis Estadual, com a redução de 100% das taxas de juros. Isso ajudou bastante, em especial, agora no final do ano, pois foi possível parcelar, reabilitar-se e ir para o mercado novamente. Seria interessante que também houvesse um Refis Federal, que pudesse atender com amplitude o pessoal do Simples Nacional.
A expectativa para 2024 é que o Banco Central continue reduzindo as taxas de juros, o que ajudará a aumentar o crédito das famílias e também vai possibilitar que os empresários possam tirar os projetos de expansão das gavetas e começar a estudar a viabilização. Tem também a expectativa para a reforma tributária, uma vez que a regulamentação foi toda para a Lei Ordinária, que o congresso vai trabalhar no ano que vem, regulamentando as taxas, as alíquotas, além da definição dos tributos e seus fatos geradores.
Sobre os principais desafios: manter o equilíbrio das receitas, manter o emprego dos colaboradores, conseguir os financiamentos via cartão de crédito acima de 6 ou em até 10 pagamentos e, ao mesmo tempo, que os fornecedores mantenham os prazos de pagamento das negociações. E para finalizar, que o Governo Estadual e Federal mantenham os benefícios fiscais para as empresas, para que seja possível a manutenção dos empregos aqui no Ceará.
Investimentos e juros menor vão impulsionar obras
Atualmente, a indústria da construção civil gera mais 75.100 empregos formais no Ceará. A expectativa é continuar ampliando as oportunidades de trabalho e geração de renda para os cearenses. E o mercado imobiliário deve terminar o ano de 2023 com lançamentos de empreendimentos na ordem de R$ 3,5 bilhões e a expectativa é alcançar a marca de R$ 5 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV), em 2023.
Quando a construção civil melhora, tudo ao redor também melhora, afinal, novas obras promovem o desenvolvimento humano; mais moradias diminuem o déficit habitacional; mais saneamento básico reduz os problemas de saúde. Tudo isso promove uma melhor qualidade de vida para as pessoas.
O Sinduscon Ceará, enquanto entidade representativa de classe, seguirá atuando para que os associados acompanhem as dinâmicas urbanas e as novas necessidades do mercado, de forma que tudo o que for feito seja para impulsionar o desenvolvimento responsável de todo o Estado do Ceará.
As perspectivas para 2024 no setor imobiliário em Fortaleza são positivas. O crescimento será impulsionado por fatores como: A retomada da economia brasileira, que deve se consolidar em 2024 e os investimentos públicos, que devem continuar a crescer em setores como infraestrutura e também o de habitação, através do Programa Minha Casa Minha Vida, que traz a menor taxa de juros da história (a partir de TR + 4% a.a). O setor deve continuar a gerar empregos, com a criação de cerca de 10 mil novos postos de trabalho nos próximos 3 anos.
A expectativa é que o mercado da construção civil continue crescendo. A oferta de mais linhas de financiamento pelos bancos e a criação de novos postos de trabalho são fatores que irão impulsionar o setor. Com mais empregos e estabilidade econômica, o consumidor fica mais confiante para assumir compromissos de médio e longo prazo, no caso do financiamento de imóveis.
O momento é propício para promover novos investimentos e acesso à moradia de qualidade, com o intuito de reduzir o déficit habitacional. O setor da construção civil no Ceará estima movimentar cerca de R$ 5 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV). Os lançamentos de novos empreendimentos foram retomados no segundo semestre deste ano.
Esse movimento puxa a geração de emprego e renda numa dimensão significativa para o desenvolvimento do Ceará. Para se ter uma ideia, cada um emprego direto que a indústria da construção civil gera, são 3 indiretos. A cadeia produtiva ligada à construção civil é gigantesca. Engloba desde a indústria de materiais, à fornecedora de equipamentos de segurança e alimentação para os trabalhadores. Isso sem falar no corretor de imóveis, nas empresas de arquitetura, marcenaria e mobília.
Dentro desse panorama, um dos papéis mais importantes do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará é manter-se em constante diálogo com os Governos, buscando as melhores soluções para o bem comum; defendendo os interesses dos construtores; e apontando os caminhos para gerar mais empregos e renda, por meio de novos lançamentos.
Dentro do setor imobiliário em Fortaleza, os empreendimentos de padrão econômico do programa Minha Casa, Minha Vida se destacaram, representando 13 dos 26 lançamentos somente no terceiro trimestre de 2023. Essa categoria totalizou 5.329 unidades habitacionais verticais, contribuindo significativamente para o desempenho geral. O mercado de alto padrão também é muito forte no Ceará.
Acreditamos que a redução da taxa de juros gera um impacto positivo nas empresas, reduzindo os custos de financiamento e estimulando o consumo. Estamos otimistas com a expectativa de redução da taxa selic.
O Banco Central divulgou a Ata do Copom da última reunião que reduziu a Selic em meio ponto percentual, de 12,25%, para 11,75%, na semana passada.
Esse é o menor patamar de juros desde março de 2022. Foi a quarta redução consecutiva da Selic, que começou a cair do nível de 13,75% ao ano a partir da reunião de agosto.
O Banco Central já anunciou ao mercado financeiro que os juros vão cair em mais meio ponto nas próximas reuniões, o que indica pelo menos mais dois cortes nessa intensidade, nos encontros de janeiro e março.
Considerando o bom comportamento da inflação, a projeção do mercado financeiro é de que a taxa de juros continue recuando ao longo de 2024, e que termine o próximo ano em 9,25% ao ano.
A redução da taxa de juros é um fator positivo para o setor, pois torna o crédito imobiliário mais acessível, estimulando a demanda por imóveis. Além disso, a retomada da economia brasileira, os investimentos públicos e a demanda por habitação devem continuar a impulsionar o setor.
Desafios comuns para a construção civil incluem questões como a flutuação econômica e mudanças nas políticas governamentais podem afetar significativamente o setor. Além disso, a busca por inovação e sustentabilidade, a necessidade de mão de obra qualificada, entre outros.
Patriolino Dias
Presidente do Sindicato da Indústria da Construção no Ceará
Renegociação do FNE e aposta em hidrogênio verde
À medida que 2024 se aproxima, o Complexo do Pecém, no Ceará, destaca-se como um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável e inovador do Brasil. Se apresenta como um modelo de integração entre tecnologia avançada, sustentabilidade e crescimento econômico, impulsionado por projetos de investimentos significativos.
O ano de 2024 promete ser marcante para o Complexo, principalmente no avanço do setor de hidrogênio verde, que é impulsionado por fontes renováveis, como a energia solar e eólica.
A renegociação do FNE e de políticas correlatas são vitais para o desenvolvimento econômico e social do Ceará e do Nordeste como um todo. A expectativa de melhoria nas condições de crédito oferecidas pelo FNE é vista como um passo positivo tanto para o setor empresarial quanto para a sociedade em geral, criando um ambiente propício para novos negócios, aumento do emprego e melhoria da renda.
Com a aprovação do marco legal do hidrogênio verde, registramos avanços significativos, mas os desafios persistem. A desburocratização e o aprimoramento da infraestrutura são fundamentais para a eficiência dos negócios e para a competitividade global. O Complexo do Pecém, com seu foco em inovação e sustentabilidade, exemplifica o potencial do Ceará para se adaptar e prosperar em um cenário econômico em constante mudança.
Os esforços devem se intensificar no apoio aos investimentos em infraestrutura industrial, em especial as necessidades do Setor de Energia. O Complexo do Pecém tem expectativas de receber bilhões em investimentos em áreas como Energia, Saneamento e Logística, e a sociedade deve estar atenta às necessidades desses projetos.
2024 promete ser um ano de realizações significativas e de progresso contínuo para o estado do Ceará, se esses compromissos forem atendidos.
Bases para retomada do Turismo estão prontas
A gente vem no caminho como destino melhorando cada vez mais. Fortaleza tem muita coisa nova e está se destacando em várias pesquisas como sendo um grande destino na procura do mercado brasileiro. Então, acho que isso são coisas positivas e que se pronunciam como um 2024 positivo. Saímos até em uma pesquisa como destino de luxo, onde estavam Fernandes Noronha, Gramado e Fortaleza. Foi, para mim, uma surpresa.
O pacote de estímulo aos voos nacionais lançado em dezembro é fundamental para o turismo do nosso País. O preço é muito interessante. Em todos os eventos que nós da ABIH fizemos em 2023, uma coisa é unânime para todos é a preocupação dos agentes de viagens ou reclamação no que tange os assentos de avião, voos e preços. Uma família padrão de dois adultos e dois filhos parte de um valor já bem elevado. Isso é uma questão importante e é uma trava para o turismo brasileiro.
Se manter do jeito que está, a gente já tem uma base positiva. Mas vem melhorando as condições, mais ofertas de voo, mais aviões, mais companhias, tarifas mais competitivas. Isso nos ajuda a vislumbrar até momentos melhores ainda e o crescimento do turismo doméstico brasileiro que tem tudo para dar certo e para crescer em 2024.
O nosso gargalo é o voo doméstico. Não é o internacional. Como os trechos para o exterior são regidos pelo ICMS por conta dos combustíveis, muitas vezes são mais baratos que os nacionais. O turismo internacional é como o Brasil se vende. Envolve outras questões ainda como sustentabilidade. É muito mais complexo e um grande fator é a segurança. O turista lê o que acontece aqui e é decisão dele vir ou não, e a segurança é importante nesse sentido.
Localmente, a gente tem uma luta diuturna por captações de voos, novas companhias áreas nacionais e internacionais, promoção e as infraestruturas como se já trabalha bem de estradas. As duas coisas mais importantes são promoção, infraestrutura e manutenção e captação de frequências aéreas para cá.
Também estamos sendo reconhecidos como destino de eventos, isso é uma construção que vem se fazendo e a gente vem sendo, repito, reconhecido como um destino de eventos. Continuando o nosso trabalho, a gente deve continuar assim crescendo. Esse eixo Rio-São Paulo-Brasília, de uma certa maneira, está "cansado" de tanto evento. Quando um evento migra para um intestino como Fortaleza - tendo infraestrutura, porque tem aeroporto, tem centro de eventos, tem hotel, tem produtora audiovisual e tudo que precisa -, tem um diferencial porque é Fortaleza. As pessoas se animam e existe uma vontade das operadoras de tirar os eventos desse eixo.
As questões tributárias, agora, se colocam como desafio. A reforma tributária para o setor de serviço não foi de uma maneira correta. Foi um tiro na cabeça porque nós não nos creditamos de nada. Diferente da Indústria, que se credita e debita, a exemplo de ICMS. Então, a gente tem muito medo dessas mudanças. Temos que estar de olho nisso o tempo todo para não sacrificar o setor.
O turismo é a porta de entrada para muitos outros setores. O turista é um habitante a mais na nossa cidade, mas que gasta muito mais em um período mais curto. Consome restaurante, supermercado, farmácia... Injeta um dinheiro novo na nossa sociedade, oxigena outros setores na economia.
Reforma
A reforma tributária é encarada com principal indutora de impactos positivos na economia no próximo ano e nos seguintes