De acordo com a Serasa, a inadimplência de pessoas adultas com bancos e cartões de crédito no Ceará era de 26,34% em novembro, em dado mais recente divulgado ao O POVO. O percentual fica atrás apenas do segmento de "utilities", que envolve os serviços de utilidade pública, com contas de água, luz e gás, com 32,71% de inadimplência no período.
Em outros dados do Banco Central, o endividamento de famílias relacionado ao sistema financeiro no Brasil fechou o mês de outubro em 47,6%. Além disso, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi de 27,2% no mesmo mês.
A artesã Rita Marques, de 60 anos, já foi uma dentre as inúmeras pessoas endividadas com o cartão de crédito. Ela teve uma "péssima surpresa", como diz, ao se deparar com os altos juros. Em 2018, pouco depois de sua mãe falecer, Rita atrasou a fatura do cartão em decorrência do velório. "Com o aperreio do velório, eu esqueci de pagar a fatura de R$ 500. Quando lembrei, só tinha uma parte do dinheiro. Então paguei R$ 400 e ficou faltando R$ 100, que, com os juros e as compras do mês, ficou R$ 1.500. Só que eu não comprei tudo isso, comprei pouco", explicou a artesã.
Rita contou ao O POVO que o seu banco parcelou automaticamente o valor devido com juros de 337,63% ao ano. "Quase que eu surtava, não conseguia pagar. Tive que pedir dinheiro emprestado para conseguir", relembrou.
A artesã, desde então, não deixou de lado o uso do cartão de crédito, mas tem tomado mais cuidado. "Sempre pago tudo sem parcelar, com toda a cautela. As vezes que tive que atrasar, me arrependi, porque foram juros exorbitantes, virou uma bola de neve". (Com Agência Estado)