A revogação da cobrança de taxas adicionais de 103,4% pelos Estados Unidos sobre a importação dos tubos soldados de aço não-ligado de seção circular vindos do Brasil terá impacto reduzido sobre o mercado siderúrgico nacional, conforme avalia entidade que representa o segmento.
A prática ocorria desde 1992, uma vez que as autoridades norte-americanas consideravam que a produção de aço no Brasil era feita abaixo do preço de custo, o que constituiria dumping.
Assim, o governo de Washington aplicava a taxa alegando exercício do direito antidumping, permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
No total, o Brasil exportou em 2023, pouco mais de US$$ 24,2 milhões desse produto, dos quais aproximadamente US$ 500 mil foram destinados ao mercado norte-americano. Por meio de nota, o Instituto Aço Brasil, entidade que representa algumas das principais empresas que atuam com siderurgia no País, “o item não faz parte do portfólio de suas associadas”.
“Por outro lado, as associadas fornecem aço para fabricação desses tubos, e, neste caso, o Aço Brasil considera positiva a possibilidade de ampliação das exportações, ainda que sigam em vigor, nos Estados Unidos, as limitações ao ingresso de produtos siderúrgicos brasileiros impostas pelas cotas da Seção 232”, acrescenta o comunicado do instituto.
Manifestação semelhante foi feita por empresas com atuação no Ceará ouvidas por O POVO. Por meio de sua assessoria, a Gerdau Brasil disse não trabalhar com o produto específico, alvo da redução da taxação norte-americana. Já o Grupo Aço Cearense afirmou que tem produção voltada para o mercado nacional.
Aliás, o próprio peso que esse tipo de produto possui na balança exportadora estadual é modesto. Para se ter uma ideia, no ano passado o Ceará exportou pouco mais de US$ 2 bilhões, e de apenas US$ 15,7 mil do produto acima citado. O Estado aparece, contudo, como o décimo maior exportador do País e o maior do Nordeste.
O estado de Santa Catarina lidera com folga a balança exportadora dos tubos soldados de aço não-ligado de seção circular, com volume exportado em 2023 de US$ 16,5 milhões, ou aproximadamente 68% do que o Brasil comercializa para o Exterior.