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Lula revoga trecho de MP e mantém desoneração para 17 setores
Economia

Lula revoga trecho de MP e mantém desoneração para 17 setores

Um projeto de lei será publicado no Diário Oficial com conteúdo idêntico ao da MP - ainda que parlamentares tenham avisado ao governo de que não há chance de a proposta de reoneração, como está, avançar no Congresso
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Presidente Lula assinou revogação parcial de MP antes de embarque para Guiana
 (Foto: EVARISTO SÁ/AFP)
Foto: EVARISTO SÁ/AFP Presidente Lula assinou revogação parcial de MP antes de embarque para Guiana

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, ontem, a revogação de trecho de Medida Provisória (MP) 1202/23 e manteve a desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia. A decisão atende a acordo político firmado pelo governo com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A iniciativa torna sem efeito todo o trecho da MP 1202/23 que previa a reoneração dos 17 setores da economia atendidos pelo benefício.

Este trecho gerou forte reação negativa do Congresso e de representantes do setor privado, que se queixaram de o governo ter editado uma MP revertendo uma decisão dos parlamentares de estender o benefício até 2027.

Outros pontos da MP, contudo, foram mantidos por Lula, tais como a reoneração da folha das prefeituras, a manutenção da redução dos incentivos do Programa Especial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e do teto para compensação de créditos tributários. A extinção do Perse é importante para a equipe econômica porque vai produzir uma economia de R$ 6 bilhões neste ano.

O governo, também, não desistiu da reoneração. Um projeto de lei será publicado no Diário Oficial com conteúdo idêntico ao da MP - ainda que parlamentares tenham avisado ao governo de que não há chance de a proposta de reoneração, como está, avançar no Congresso. Um projeto de lei, no entanto, dá margem maior de participação ao Legislativo em relação a uma MP, ampliando a possibilidade de o Congresso mudar o texto.

A desoneração foi instituída em 2011. No auge, chegou a atender 56 setores, mas atualmente são 17 os beneficiados pelo programa. Ele permite que empresas substituam a contribuição patronal de 20% sobre a folha de pagamentos por uma tributação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. O governo não desistiu do que considera ser um desmame gradual dos setores atendidos pelo programa e pretende fazer a discussão por meio de um projeto de lei, como sugeriu Pacheco.

Uma das possibilidades de negociação que se tenta costurar é criar uma espécie de prazo de carência para o início da reoneração, transferindo esse início da mudança para 2025 ou 2026. No entanto, ainda não há acordo entre governo e parlamentares sobre isso. A Fazenda também aceitaria esticar o prazo da reoneração total por um ano - de 2028 para 2029.

Para o conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de capitais (Apimec Brasil), Ricardo Coimbra, “o que pode ser observado nesse momento é a intenção de impactar ou diminuir o impacto nos setores beneficiados no curto e no médio prazo e buscar uma solução definitiva, de médio e longo prazo”.

Ele acrescenta que “a medida foi tomada para gerar uma certa estabilidade nos 17 segmentos e discutir com o Congresso um processo de transição, onde a reoneração volta de forma gradativa. E aí os setores vão se readequando a esse novo percentual e a essa nova tributação, que vai evoluindo ao longo do tempo”. (Com Agência Estado)

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