Logo O POVO+
Banco Central reduz Selic a 10,75% e sinaliza que pode diminuir ritmo de novos cortes
Economia

Banco Central reduz Selic a 10,75% e sinaliza que pode diminuir ritmo de novos cortes

| 'Superquarta' | Cenário internacional desafiador e processo de desinflacionário mais lento foram apontados como justificativa para a decisão do Copom
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Estimativa do Banco Central leva em conta projeções de aproximadamente 100 instituições do mercado (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil Estimativa do Banco Central leva em conta projeções de aproximadamente 100 instituições do mercado

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu ontem, 20, pela sexta vez seguida, a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual, desta vez de 11,25% para 10,75% ao ano. A mudança de tom veio no comunicado divulgado depois da reunião do colegiado, que abriu caminho para uma troca no ritmo dos novos cortes.

No texto, o Copom afirma que, "em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária", antevê redução "de mesma magnitude (ou seja, 0,5 ponto)" apenas "na próxima reunião" - e não mais "nas próximas reuniões", no plural, como apareceu nos comunicados anteriores. O próximo encontro do comitê está marcado para 7 e 8 de maio.

"O comitê avalia que essa é a condução apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", diz o texto. A mudança de tom já era esperada por parte dos analistas de mercado, em função dos indicadores mostrando que a atividade econômica está mais forte do que o previsto inicialmente, com eventuais impactos para a inflação.

Conjunturas

Segundo o comunicado do Copom, "a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária". A seguir, fala em reforçar "a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas".

Ontem, o dia foi também de decisão nos Estados Unidos, completando a chamada "Superquarta" dos juros - como o mercado se refere às reuniões do Copom e do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no mesmo dia. Só que, nos EUA, o resultado foi diferente. Os integrantes do Fed não só decidiram manter as taxas entre 5,25% e 5,50% ao ano, como não deram pistas sobre quando devem iniciar um ciclo de queda dos juros.

Juntamente com a conjuntura doméstica, a internacional também apontada como justificativa para a decisão pelo Copom. "O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional estão mais incertas, exigindo cautela na condução da política monetária", disse, no comunicado.

Riscos

Apesar da menor previsibilidade, o Copom não alterou o balanço de riscos para a inflação. O BC continuou a avaliar que o balanço de riscos é simétrico, com fatores para ambas as direções. Os riscos no cenário também foram mantidos.

Entre os riscos de alta, o BC citou uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Para baixo, as ameaças são uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

Sem incluir as dúvidas sobre o fiscal doméstico no balanço de riscos, o comitê repetiu que é importante o governo buscar as metas já estabelecidas.

"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas." (Agência Estado)

Mais notícias de Economia

Dólar abaixo dos R$ 5 e B3 acima dos 129 mil pontos

O dólar desceu mais um degrau e passou a ser negociado na casa de R$ 4,98, em sintonia com o movimento global da moeda americana na esteira do anúncio da decisão de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Também sob influência externa, o Ibovespa avançou mais de 1% e retomou o nível de 129 mil pontos.

Como esperado, o Banco Central nos EUA manteve a taxa básica na faixa entre 5,25% e 5,50%. No comunicado, o Fed repetiu que não será apropriado reduzir os juros até que haja mais confiança de que a inflação ruma de forma sustentável para a meta de 2%.

Houve um aprofundamento maior ainda das perdas do dólar, que renovou mínima a R$ 4,9719, durante declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista coletiva, fechando o dia a R$ 4,9744.

Esses fatores fortaleceram o Ibovespa, que abandonou a linha dos 128 mil pontos e subiu continuamente até os 129 mil. No fim do dia, havia avançado 1,25%, aos 129.124,83 pontos - acima dos 129 mil no fechamento pela primeira vez desde o último dia 1º. (Agência Estado)

Setor produtivo pede cortes maiores na Taxa Básica

A redução da Taxa Básica de Juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual recebeu críticas do setor produtivo. Entidades da indústria e o Sebrae pediram mais ousadia do Banco Central (BC) na hora de cortar os juros.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que o corte de 0,5 ponto é insuficiente. Segundo a entidade, a inflação controlada permite reduções maiores que barateariam o crédito para investimentos e impulsionariam a política de reindustrialização.

"É importante que o Banco Central compreenda a realidade brasileira e dê a sua contribuição para a tão necessária redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores. Sem essa mudança urgente de postura, fica mais difícil avançar na agenda de neoindustrialização", destacou em nota o presidente da CNI, Ricardo Alban.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) pediu que o BC não mexa no ritmo dos cortes e mantenha a redução de 0,5 ponto nas próximas reuniões. Em comunicado emitido logo após a reunião, o Copom informou que pretende fazer apenas um corte adicional de 0,5 ponto em maio, indicando que deve interromper o ciclo de reduções dos juros em junho.

"Essa queda de 0,5 ponto percentual precisa ser mantida nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária, haja vista que a economia e, sobretudo, a indústria seguem sofrendo os efeitos da taxa ainda elevada. O resultado negativo da produção industrial em janeiro reflete bem esse cenário", destacou a entidade.

Já o Sebrae disse que "a medida é reflexo do cenário positivo econômico, mas ainda não é o suficiente para garantir melhores condições de crédito para os pequenos negócios".

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) disse ter recebido com otimismo a decisão. A entidade falou entender que, diante da atual tendência da inflação, o Banco Central possui a margem necessária para persistir na redução das taxas de juros, o que cria condições mais favoráveis para o desenvolvimento econômico do país.

"Essas medidas não só beneficiam o setor, tornando os financiamentos habitacionais mais acessíveis, mas também impulsionam o progresso econômico e social do Brasil", disse o presidente da entidade, Luiz França. (Com Agência Brasil)

O que você achou desse conteúdo?