O andamento das obras da Transnordestina no Ceará avança 1,6 km por dia, revelou o ministro dos Transportes, Renan Filho. Atualmente, 3,8 mil empregos são gerados na obra.
A afirmação foi feita durante visita às obras, em Iguatu (Região Centro-Sul), com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do governador do Ceará, Elmano de Freitas.
De acordo com o ministro, nos próximos meses o Governo vai anunciar a contratação dos trechos restantes da ferrovia e até o fim de 2024 o número de trabalhadores envolvidos deve dobrar.
"O presidente (Lula) voltou ao governo para entregar a Transnordestina. Maior obra linear que esse país realiza, (coisa que) poucos países comportariam, uma ferrovia de 1,2 mil km. Vamos terminar essa obra juntos", afirma.
Em discurso após visitar as obras da Transnordestina, em Iguatu, Lula garantiu que a obra é uma prioridade de seu governo e que, após conversa com a empresa, estima que a obra seja entregue entre o fim de 2026 e início de 2027.
E complementou afirmando que continuará visitando a obra para saber seu andamento: "Se depender do governo, a gente vai terminar porque vai cumprir todos os acordos firmados. Precisamos ter um sistema intermodal de transporte para transportar gente, cargas e deixar as coisas mais baratas para esse povo".
O diretor-presidente da Transnordestina Logística (TLSA), Tufi Daher Filho, disse que a garantia de repasse de recursos é boa notícia para o andamento da obra. Segundo ele, até 2027 a operação comercial deve iniciar.
A obra, atrasada em 14 anos, ainda carece da garantia de bilhões em repasses para que seja concluída. Atualmente, está em andamento o trecho entre Acopiara e Quixeramobim.
Estão sendo feitas obras de infraestrutura, como terraplanagem e drenagem, para, posteriormente, iniciar os trabalhos de superestrutura, de instalação de trilhos e dormentes.
A perspectiva é de que o número de trabalhadores na obra salte para 23,2 mil em 2025.
Em 2023, foram investidos cerca de R$ 269 milhões nas obras, que hoje contam com uma evolução de 61% de avanço físico.
No início da semana, a coluna da jornalista Beatriz Cavalcante no O POVO publicou entrevista com o Daher em que ele destacava a expectativa de que o presidente anunciasse um aditivo de R$ 3,6 bilhões para continuidade da obra até seu ponto final, no Porto do Pecém.
O valor se somaria ao empréstimo já tomado de R$ 3,8 bilhões pelo Grupo Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), responsável pelas obras, que teve a última parcela de R$ 811 milhões liberada em outubro pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
O anúncio do presidente, porém, não veio. O que houve foi a afirmação do ministro da Integração Nacional, Waldez Góes, de que o termo aditivo está em discussão no governo Lula e que está na mesa do ministro Rui Costa (Casa Civil).
"A expectativa era justamente que o presidente anunciasse que não vai faltar recursos e ele foi explícito nisso. Falou com seus ministros, não só no palco, mas também lá dentro ele pode cobrar", contou. (Com informações do repórter Armando de Oliveira Lima, direto de Iguatu-CE)
Durante discurso em Iguatu, o presidente Lula afirmou que tem "obsessão" pela obra, que teria sido solicitada a ele décadas atrás pelo ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes.
"Eu imaginava realizar essa obra muito mais rápido. Essa obra foi um pedido do governador Miguel Arraes. Quando eu saí do Crato na campanha de 1989, eu dei uma carona de avião para o Arraes e o Arraes pediu para mim: 'Lula, se você ganhar as eleições, faça a Transnordestina'. Então eu tinha e tenho uma obsessão de fazer essa ferrovia", declarou ele.
O presidente também disse para os apoiadores o cobrarem caso ele não entregue a ferrovia pronta, e que a empresa responsável pelas obras já o enrolou muito no passado.