A Petrobras anunciou ontem, 9, a descoberta de uma acumulação de petróleo em águas ultraprofundas da Bacia Potiguar. O poço Anhangá, situado próximo à divisa entre os estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, a 2.196 metros de profundidade, vai passar agora por estudos complementares para que se possa atestar, dentre outros pontos, a viabilidade econômica da exploração.
O poço 1-BRSA-1390-RNS está a cerca de 190 km de Fortaleza e 250 km de Natal e faz parte da estratégia da estatal de explorar a Margem Equatorial brasileira.
Esta é a segunda descoberta na Bacia Potiguar em 2024 e foi precedida pela comprovação da presença de hidrocarboneto no Poço Pitu Oeste, localizado na Concessão BM-POT-17, a cerca de 24 km de Anhangá, que também é explorado pela estatal.
"As atividades exploratórias na Margem Equatorial representam mais um passo no compromisso da Petrobras em buscar a reposição de reservas e o desenvolvimento de novas fronteiras exploratórias que assegurem o atendimento à demanda global de energia durante a transição energética", informou a companhia.
Os trabalhos foram iniciados ainda no ano passado e municípios cearenses, como Fortaleza, Icapuí e Fortim, foram usados como apoio logístico da operação.
Em nota, a Petrobras ressalta ainda que a perfuração em Anhangá ocorreu sem qualquer incidente.
"A companhia possui um histórico de quase 3 mil poços perfurados em ambiente de águas profundas e ultraprofundas, sem qualquer tipo de intercorrência ou impacto ao meio ambiente, o que, associado à capacidade técnica e experiência acumulada em quase 70 anos, habilitam a companhia a abrir novas fronteiras e lidar com total segurança suas operações na Margem Equatorial" afirmou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
A exploração de petróleo na Margem Equatorial desperta preocupações de grupos ambientalistas, que veem risco de impactos à biodiversidade. Os poços Anhangá e Pitu Oeste, no entanto, estão distante da foz do Rio Amazonas, considerada a localidade mais sensível.
Para obter a licença de perfuração desse poço, a Petrobras realizou uma avaliação pré-operacional (APO).
"A constatação de reservatórios turbidíticos de idade Albiana portador de petróleo é inédita na Bacia Potiguar e foi realizada através de perfis elétricos e amostras de óleo, que serão posteriormente caracterizados por meio de análises de laboratório", informou o comunicado.
O próximo passo agora é avaliar a qualidade dos reservatórios, as características do óleo e a viabilidade técnico-comercial da acumulação.
Para avaliar essas descobertas, a estatal reforça que aplica soluções tecnológicas de geologia e geofísica, somadas à expertise do corpo técnico da companhia.
"Com o avanço da pesquisa exploratória da Margem Equatorial brasileira, aumentamos o conhecimento desta região, considerada como uma nova e promissora fronteira em águas ultraprofundas, que será fundamental para o futuro da companhia, garantindo a oferta de petróleo necessária para o desenvolvimento do país", afirma o diretor de Exploração e Produção Joelson Mendes.
A Margem Equatorial se estende pelo litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Amapá, englobando as bacias hidrográficas da foz do Rio Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. É uma região geográfica considerada de grande potencial pelo setor de óleo e gás.
No seu Plano Estratégico 2024-2028, a Petrobras previu o investimento de US$ 3,1 bilhões para pesquisas na Margem Equatorial. A expectativa é perfurar 16 poços ao longo desses quatro anos.
Além das atividades na Margem Equatorial brasileira, a companhia adquiriu, em 2023, novos blocos na Bacia de Pelotas, no Sul do Brasil, e participações em três blocos exploratórios em São Tomé e Príncipe, país da costa oeste da África. (Com Agência Brasil)