A realização do leilão de transmissão e a confirmação de que o Ceará deve receber uma importante ampliação da atual infraestrutura de linhas de transmissão de energia elétrica animou e pode gerar investimentos do grupo Enel no Estado.
A afirmação foi dada ao O POVO pelo diretor-presidente da Enel Ceará e ex-diretor da Enel Brasil, José Nunes de Almeida Neto.
O executivo respondeu ainda sobre a preferência dada pelo grupo Enel ao Piauí, onde foi instalado projeto de energia renovável, enquanto no Ceará - estado em que a empresa é responsável pela distribuição de energia - não contava com nenhum investimento do tipo.
Por muitos anos, a Enel manteve no Estado investimento em energia fóssil, por meio de uma usina termelétrica movida a gás natural. O projeto foi encerrado em 2022, quando a Enel Brasil confirmou a venda da Central Geradora Térmica Fortaleza (TermoFortaleza) para a Eneva por mais de R$ 430 milhões.
Nunes destaca que era propósito da Enel desde o início investir em geração de energia nos estados em que possui contratos para distribuição, assim como o Ceará, mas que por limitações de linhas de transmissão optou pela térmica e aguarda o momento para entrar em energias renováveis no Estado.
"Em função das limitações de transmissão no Ceará e havendo a disponibilidade de linhões de transmissão no Piauí, nós acabamos começando com uma planta lá", explica.
Agora, com o novo leilão de transmissão, com investimentos previstos de R$ 6,3 bilhões no Ceará, há a expectativa de ampliação de extensão de 2.385 quilômetros na infraestrutura de transmissão, com geração de cerca de 11,9 mil empregos no processo.
A Eletrobras arrematou três lotes no leilão, realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os lotes 1, 3 e 5 foram arrematados pela empresa no Ceará.
A Energisa foi outra empresa que arrematou linhas de transmissão que passam pelo Ceará, no lote 12. A empresa deve realizar obras nos estados do Maranhão e Piauí, mas com conexão direta com o Ceará, via lote 1.
Do total de investimentos projetados, a Eletrobras deve aportar em torno de R$ 5,3 bilhões, enquanto a Energisa deve realizar quase R$ 1 bilhão no projeto.
"O Ceará foi bastante contemplado neste último leilão com uma estrutura de transmissão. Então temos aí alguns projetos que estão sendo prospectados", ressalta.